Capítulo 3

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Eu não me entendo às vezes.

Ou melhor.

Eu não me entendo.

Sei que o fato de eu ter um pouco de déficit de atenção não ajudava muito também, mas voltando. Elisa estava em tudo.

Em tudo mesmo. Eu não sei o que eu bebi ou o que eu fiz, mas eu estava extremamente consciente da existência dela.

Era estranho e me dava medo. Ia pra cozinha, ela estava lá com seu pijama amarelo extremamente recatado, mas que não ajudou muito minha ereção matinal. E quando ela me dava bom dia com sua voz rouca de sono ainda? Nananinanão.

Ia no meu quarto, e não via mais como meu quarto. ELA TINHA ARRUMADO TUDO! Não que eu fiquei triste, mas PORRA, faz uns três anos que não organizo aquilo tudo e em um dia ela faz tudo ficar lindo.

Minha mãe estava rindo de algo que ela tinha contado. Hoje de noite íamos ao cinema, até que enfim a tão espera férias. Eleonora tinha marcado de ir em algum jantar com o pai. Coisas da empresa. Emily ia encontrar as amigas e minha mãe ia nos levar lá no cinema e depois ia, sei lá, fazer alguma coisa que as mães fazem quando estão sozinhas. Me lembrei da mãe do Chris, mas tudo bem.

Coloco uma calça jeans, um tênis e uma blusa de manga branca. Elisa gritou que já estava saindo. Esperei mais 10 minutos. E ela sai. Não pude evitar arregalar um pouco os olhos.

Ela estava com um short não muito curto, uma blusinha preta de alças finas e o cabelo solto. Quando ela encontra meus olhos, ela sorri. E eu retribuo.

- Vamos?

Confirmo. Grito para minha mãe que estávamos prontos e ela vem toda alegre como sempre.

- Ah vocês estão pront... Ual Elisa! Está linda!

Ela fica vermelha. – Obrigada tia.

Minha mãe joga um braço em cima do pescoço dela e saímos em direção ao elevador.

- Espero que se divirtam. Faz um tempo que não se encontravam. Estou feliz que esteja aqui, querida. É como uma filha, sabe disso sim?

Ela sorri. – Sei, madrinha.

Minha mãe faz um estalo com a língua. Típico sinal de desagrado.

- Tia, e não "madrinha". Não gosto que me chame assim, e sabe disso.

Ela ri. – Mãe... – reviro os olhos.

- Quieto Elliot.

- Sim, mãe.

**

Eu compro as pipocas enquanto ela vai comprar as entradas, é nessas horas que você agradece por estudar. Ganhamos 50% de desconto. Adoro desconto. Não que eu saia aí gritando pela rua "ADORO DESCONTOS!", mas o fato é que não tenho grana toda hora e economizar é o meu lema.

Quando viro com uma pipoca extra grande (adoro pipoca de cinema) e um suporte com dois copos grandes de coca com muito gelo, vejo Elisa conversando com um cara.

E ELA ESTAVA RINDO. E MEXENDO NO CABELO.

O cara parecia ter saído da revista Capricho. Tinha olhos azuis, cabelo loiro e usava aquelas calças que mostram a bunda. As tatuagens eram legais, mas foco na Elisa!

Chego até eles a tempo de escutar ele dizendo que ela era linda. Sobe um nervoso vindo lá dos dedos dos pés.

- Oi Elisa, comprei a nossa pipoca. - Ignoro totalmente o imbecil aproveitador de inocentes.

- Oi Elliot. Esse é o Brian. Ele é... – consigo passar meu braço por cima do ombro dela. O cara acompanha o movimento. Semicerro os olhos e o encaro sem expressão. Ela dá uma travada e depois de uma tossidela ela continua. – ele é modelo.

- Modelo? – ele afirma com a cabeça.

- Hm... Vamos? Tchau Bruno.

- É Brian.

- Foi o que eu disse Bruno... – carrego Elisa e entramos na sala em busca de nossos acentos.

Ela me dá uma cotovelada. – Porque fez isso?

Reviro os olhos. – Ele provavelmente queria se aproveitar de você Elisa.

- E se eu quisesse que ele se aproveitasse?

Eu a encaro. Woool. Onde estava a Elisa insegura de si, que tinha uma auto estima lá embaixo?

- Wol. Ok. Quer que voltamos lá pro Colírio?

Ele revira os olhos e senta em seu lugar. – Pare de comparar ele com os meninos da Capricho. E como sabe tanto disso?

- Olha! O filme vai começar! – enfio o máximo de pipoca possível na minha boca. Entrego seu copo e dobro uma perna para apoiar em cima do outro joelho.

Ela ri e começamos a assistir um lançamento.

Gêmeos - Nada IguaisOnde histórias criam vida. Descubra agora