Capítulo 5

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            Hoje Elisa ia embora. Estávamos tristes, pois quase não podíamos nos ver. Ela já estava com as malas na sala, perto da porta.

- Nos vemos no casamento de Emily.

Meus ombros desabam. – Mas é daqui a três anos...

Ela dá de ombros. – Tenho que estudar, Elliot. E você também. Seu curso não é fácil. E o meu tem muitas coisas pequenas para saber e decorar...

- Eu ainda não sei por que escolheu Nutrição.

Ela ri. – Porque gosto.

Minha mãe vem chorando e abraça ela. – Oh, espero que tudo dê certo. Se cuide, ok? Ligue pra gente de vez em quando. Tente vir visitar a gente mais vezes.

- Vou tentar, tia. Amo você.

- Também, Elisa.

Ela solta Elisa e meu pai dá um rápido abraço. – Juízo. Tome cuidado com os caras lá na faculdade. Se eles tentarem alguma coisa, use aquele golpe que ensinei pra vocês quando vocês eram menores, lembra? É só erguer o joelho e...

- Ok! Eu lembro! – ela fica vermelha.

Emily vem correndo e a abraça forte. – Vai ser minha madrinha, junto com Eleonora.

Ela ri. – Claro que serei. Pode contar comigo!

- Você se importa de ser o par de Elliot? A não ser que já tenha algo em mente e terei que juntar ele com Eleonora...

Ela cora mais uma vez. Ela lança para mim um rápido olhar antes de voltar para Emily. – Ainda não tenho ninguém...

- Ótimo! Só falta arrumar alguém para Eleonora. Pode ser um de seus colegas...

Eleonora fica vermelha. – Não tenho nenhum colega tão legal ao ponto de levar ele pro casamento de minha irmã. Acorda Em...

Ela sorri. – Mas temos tempo! Três anos ainda, mas já estou louca correndo atrás das coisas.

- Vai ser perfeito...

- Elisa. – chamo. – Temos que ir. Seu ônibus logo vai passar.

Ela assente. Eleonora pula do sofá e a abraça. – Eu te levo lá embaixo. Temos que conversar ainda.

- Eu também vou! – grita Emily.

- Mas... – eu fico confuso. Que porra tava acontecendo? Reunião das calcinhas? – Eu levo! Eu sou amigo dela e...

Sou interrompido pelo olhar mortal da minha mãe e irmãs. Às vezes eu sonho com esse olhar. Já pensou aparecer esse olhar no escuro? Eu barraria tudo nas cuecas...

- Deixe elas conversarem em paz, Elliot.

- Conversa de garotas, filho... – meu pai revira os olhos.

Relutante eu concordo.

- Tá!

Eu puxo ela para um grande abraço. – Não deixe de mandar mensagens.

- Ok! – sua voz estava abafada contra minha roupa. – Você também.

- Juro. – beijo o topo de sua cabeça.

Ela sorri timidamente antes de beijar minha bochecha. – Se cuide Elliot.

- Você também...

As três saem e recebo um monte de olhares fuziladores. – O que foi? – pergunto pra minha mãe quando elas fecharam a porta.

- Você é igual seu pai... – ela estava com a voz chorosa e melancólica.

- Como assim, pai? – ele suspira.

- Você é cego igual a mim.

- PORQUE NÃO DISSE PARA ELA? – explode minha mãe. Wool.

- Dizer o que?!

Ela pula e pega minha cabeça e me dá um monte de tapas nela.

- MÃAE!!

- Burro! Cego! AAAARH!

Ela grita e vai para o quarto deles.

- O que ta acontecendo?

Meu pai me abraça rapidamente. – Ela só lamenta o fato de você deixar Elisa ir embora...

- Mas ela precisa ir... – digo confuso.

Meu pai bate na sua testa. – Deus, Elliot. É tão difícil ver o quanto ela te adora?

- Elisa? – digo incrédulo. – Ela não gosta de mim. Somos amigos e nada mais. Nunca seremos mais que isso.

- Elliot... – escuto a voz de Emily atrás de mim. Fico estático ao ver Elisa na entrada. Eleonora nega com a cabeça um monte de vezes.

Engulo algumas vezes antes de encontrar minha voz. – Elisa eu...

Ela acena com a cabeça. – Só esqueci minha bolsa... – rapidamente ela apanha sua bolsa no sofá e fecha a porta com um clique.

- Tsc tsc tsc... – meu pai cruza os braços contra seu peito. – Ela agora te odeia...

- Eu não quis soar desse jeito. – digo nervoso. – Ela me entendeu errado. Eu...

Meu pai para na minha frente. – Se você não percebeu o quanto doeu ela escutar isso de você, meu filho... Então somos mais parecidos do que imaginávamos...

Ele caminho em direção ao corredor. Fico ali até escutar a porta do apartamento se abrir novamente.

Eleonora passa por mim e me dá um soco no braço. – Idiota.

Emily fecha a porta e caminha até mim. – Ela gosta de você mais do que pode imaginar...

E com isso ela sai junto com Eleonora para seus quartos.

Elisa nunca mais foi a mesma comigo depois disso. Ela parecia mais próxima de minhas irmãs do que nunca. Ela me mandava poucas mensagens. Meses se passaram. Estava preocupado, mas as provas e trabalhos não deixavam pensar com calma.

Um dia, Eleonora estava na sala e gritou. Viemos ver o que estava acontecendo e ela mostrou uma notificação no Facebook. Era da Elisa. 

Em um relacionamento sério.

Meu coração aperta. Do mesmo jeito que eu fiquei quando eu a encontrei depois de tanto tempo e do mesmo jeito que eu fiquei quando eu encontrei com o Colírio perto dela.

Ciúmes? Não podia ser.

Emily toma o celular dela e grita feliz. Minha mãe faz a mesma coisa.

Seria tarde para fazer alguma coisa?

Gêmeos - Nada IguaisOnde histórias criam vida. Descubra agora