Capítulo 2

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Fico enlouquecida por ele fazer isso até aqui em minha festa.
- Sério? Seduzir minhas amigas é um fetiche pra você?
Ele apóia sua mãe em minhas costas, guiando-me por entre as pessoas até nossa mesa. Escuto uma risada baixa. - Não estava seduzindo elas, só sendo educado.
Reviro meus olhos e o encaro. - Ah, ok então. Fazer sua voz ficar um pouco mais grossa e encará-las como se fossem as mulheres mais lindas não foi um método de atração não é mesmo. Isso é tortura na verdade.
Ele sorri. - Porque está tão brava?
- Porque da última vez que tentei formar uma amizade, você veio e estragou tudo.
Ele ergue as sobrancelhas. - Wou. É por causa daquilo ainda? Eu a beijei porque ela me dava presentes em todos os meus aniversários.
Ofego. Tento segurar minha expressão. - Ta aí. Você agradeceu a pessoa errada...
Sorrio falsamente e caminho decidida até um grupo de colegas. Todos rindo e me dando ois entusiasmados. Era a nossa formatura!
Fico de costas para ele propositalmente e fico do lado de Rodrigo, um cara da minha sala que tentava ficar comigo algum tempo. Sem sucesso. Rimos, arrisquei alguns flertes com ele... Não me julguem. Minha cabeça estava uma baderna. Ele aproxima sua boca em meu ouvido e sussurra.
- Vamos dar uma volta?
Sorrio e ele me guia por entre as pessoas, me levando a uma parte desconhecida para mim. Tento não me sentir incomoda, mas alguma coisa me dizia que tinha algo errado no ar.
Estávamos atrás da cozinha do salão pelo que entendi. A iluminação estava fraca, mas seus olhos escuros despontavam como faróis. Uma vertigem corre pelo meu corpo.
- Ah! Achei que você não sentia nada, mas todo esse tempo e você só estava brincando comigo, não é?
Fico na defensiva. - Brincando?
- Oh, vamos lá. Prometo que será bom.
Seu hálito indicava que já tinha bebido alguma coisa. Não queria mais um bêbado em minha lista. Ele ultrapassa minha zona de conforto. Estico minhas mãos.
- Não.
Ele parece ficar incrédulo. - NÃO?! Como assim não?
Ele prende meus braços com força acima de minha cabeça. Me debato, mas era inútil.
- Me solta!
Ele empurra meu corpo até minhas costas baterem na parede.
- Você ta tão sexy nesse vestido... Pena que falta alguma coisa aqui...
Ele alisa meus seios e ofego de repulsa.
- Me larga! - tento chutar suas bolas, mas ele desvia.
- Não, não, não...
Piso em seu pé e meu salto colaborou para doer mais. Isso é física: quanto menor a é área de contato, mais dolorido será.
Corro o mais rápido que posso com os saltos e ergo meu vestido para não correr o risco de cair.
Vejo John sai pela porta por onde viemos, e ele olha dos dois lados, até virar sua cabeça e me ver.
- Não fuja de mim! - sinto Rodrigo apertar meu braço e o encaro. Seu rosto estava transformado pela fúria. - Sua cadelazinha...
- Eleonora.
Quase ofego de alívio. Minha respiração estava acelerada. Tento soltar meu braço novamente e não consigo.
- John... - minha voz quebra. Não ia chorar. Não podia demonstrar fraqueza na frente dele.
John caminha calmamente em nossa direção, mas seus olhos demonstravam outra coisa.
- Largue-a.
- E quem é você? A babá dela? - ele ri de sua piada. Eu continuo a encarar John. Seu aperto era tão forte que sinto meus dedos formigarem por falta de circulação.
- Vou pedir mais uma vez... Solte-a agora! - sua voz estava fria como gelo. Senti medo dele.
- Pelo amor de Deus... Não sou egoísta cara. Se quiser podemos dividi-la...
Meu rosto se contorce em descrença. - Não...
- Claro. - horrorizada, tento esconder minhas lágrimas. Segure firme, não chore.
Escuto Rodrigo rir. Johnathan não demonstrava nada em seu rosto, até chegou a sorrir para ele. Sua mão prende o meu outro braço, mas ao invés de sentir o mesmo aperto que Rodrigo fazia, senti que alisava minha pele.
Rodrigo vendo que eu estava presa, ele solta meu braço. De repente vejo um vulto passar rente ao meu rosto e o ofego de Rodrigo ao sentir o soco de John em seu olho.
- Idiota...
Ofego aliviada e sem pensar, busco refúgio nos braços dele. E quando sinto seus braços me envolverem. Meu corpo tremia. Era uma mistura de raiva, alívio e mais uma dose de alguma emoção desconhecida.
Sinto ele alisar minha cabeça e sussurrar palavras tranqüilizadoras.
Escuto uma porta se abrir. John pergunta para alguém se podemos usar o banheiro dos funcionários. A pessoa responde e indica onde deveríamos ir. John me guia, já que não conseguia erguer meu rosto de seu peito.
Entramos em um pequeno banheiro, tendo só uma pia e um vaso sanitário. Ele tranca a porta e me encara.
- Você está bem?
Hesito um pouco antes de respondê-lo. Confiro todas as minhas emoções antes de ter certeza. - Sim, obrigada.
Vejo a mancha de maquiagem em sua roupa. - Oh, sinto muito. Sinto muito mesmo...
Ele se dá conta agora da existência dela. - Não tem problema.
Olho no espelho e noto que parte de minha maquiagem se destacou por minha palidez. - Oh, droga...
- Você tem alguma coisa em sua bolsa?
Tento lembrar se coloquei alguma maquiagem nela. Lembro de minha mãe pegar alguns itens.
- Sim, pode pegar para mim?
- Já volto, não saia ok?
Confirmo e enquanto espero sua volta, pego um pedaço de papel e molho com água. Tento limpar o rastro do lápis debaixo dos olhos.
Em menos de cinco minutos ele retorna. Pego minha bolsa e procuro meu pó. Passo um pouco em meu rosto.
- Vai me dizer o que aconteceu?
Pego meu lápis e aplico.
- Brinquei com algo que nunca serei capaz de lidar.
- Você se ofereceu pra ele?
Quase ri. - Estava brava com você e decidi flertar um pouco, o que deu um pouco errado.
Ele esfrega sua nuca. - Bom... Pelo menos ele sairá nas fotos com um olho roxo.
Não consigo evitar rir e ele me acompanha. Ele respira fundo.
- Prometa que...
- Não farei mais isso. Garanto.
Ele analisa meu rosto novamente, buscando algumas verdades. Ele sorri. - Pronta?
Fecho minha bolsa e saímos, rumo a nossa mesa.

Gêmeos - Nada IguaisOnde histórias criam vida. Descubra agora