Capítulo 2

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3 anos depois

É. Mais um fim de semana preso no meu quarto tendo que fazer meus trabalhos e projetos. Não me arrependo de ter escolhido Engenharia Civil. Gosto de matemática e sou bom com computador.

Respiro fundo. Tive que cancelar um cinema com Elisa. Tinha prometido pra ela faz um tempo, mas expliquei o que eu estava fazendo e ela entendeu. Prometi que assistiríamos a um filme quando chegassem às férias, ou seja, daqui duas semanas.

Elisa cursa nutrição. Ela era sempre boa em biologia e química, mas péssima em física e em alguns pontos de matemática. Eu sempre ajudava com as tarefas que ela sentia dificuldade e ela me ajudava com as minhas.

Sorrio com as lembranças.

Não me lembro de nenhum momento em que eu não estive com ela ao meu lado. Ela praticamente vivia em casa e como Eleonora não brincava com a gente (ela ia sempre com o pai para a empresa, sem exceções), as duas não criaram tanta amizade, mas eram como colegas. Emily ficava mais com as colegas dela, já que era mais velha e tal. Então nós dois ficamos muito próximos. Criamos uma amizade sólida e resistente.

Preocupava-me com ela. Sempre foi tímida e sempre sofria com as brincadeiras de mau gosto que ela sofria. Só de lembrar-se da nossa apresentação de biologia uns tempos atrás, sinto a raiva daquele dia. Já fazia um tempo que eu não a encontrava. Sentia a falta dela.

*

Ok. Estava nervoso confesso. Ela ia para cá passar esse fim de semana. Não morávamos muito perto, era praticamente uma pequena viagem até a casa do outro. Eleonora há encontrou algum tempo atrás e disse que eu reconheceria. Perguntei o motivo e disse que eu veria. Respiro fundo. Não sabia o que esperar.

Tocam o interfone e atendo.

- Sim, Vladimir?

- Tem uma menina chamada Elisa pedindo para subir. Deixo?

Bato a mão na testa com força. Tinha esquecido de avisar ele para deixá-la passar sem problemas. – Claro! Tinha esquecido de te informar. Obrigado.

- Nada Elliot.

Desligo e espero. Logo a campainha do apartamento toca. Grito que atendia.

Abro sem ao menos olhar o olho mágico. – Elis...

Meu queixo cai. Pensei que era Elisa na minha frente, mas encontro um mulherão. Seus óculos se foram, ela emagreceu, seus cabelos estavam levemente ondulados. Ela trajava um vestido verde florido com uma sapatilha e um pequeno casaco que ia até seu cotovelo.

- Oi. – diz ela sorrindo. Ela se joga em meus braços e a aperto firme em meu peito. Sinto o cheiro do seu xampu. Ela ainda não trocou desde o ensino médio. Eu gostava desse cheiro e disse a ela um dia. Ela sorri e continuou fazendo seus deveres. Nunca tentei nada com ela, não por não quere, bem, mais ou menos. Quando você mistura amizade com outra coisa, você acaba pensando se é recíproco ou não. Então você pondera em perder uma grande amizade ou se declarar? Optei pelo primeiro é claro. Acho que foi um pouco de covardia da minha parte, mas ela é importante para mim. Muito mesmo. Não sei se posso dizer que a amo, mas gosto muito dela.

Aperto mais sua cintura. Ela começa a rir. – Senti sua falta, cabeção!

Reprimo um gemido interno. Não fale essas coisas quando se está na seca!!

- Senti sua falta também. Como ta?

Ela larga meu pescoço e pega sua pequena mala do chão. Detalhe. Era de zebrinha. E tinha um nécessaire combinando.

- Jura? – aponto para as coisas ridículas, mas que era a cara dela.

Ela revira os olhos. – Gosto de estampas

Aponto para seu rosto. – Seus óculos. Onde estão?

Ela ri. – Lente! Quer ver?

Ela enfia o dedo no olho e começa a mexer na sua lente. – ARGH! Pare! É nojento!

Ela ri ainda mais. – Senti sua falta. – digo mais uma vez. Ela sorri e arrasta suas malas para o corredor.

- Eu também. Onde vou ficar?

- Vão estar todos em casa esse fim de semana, então pode ficar com meu quarto que eu durmo na sala.

Ela franze o cenho. – Certeza?

Assinto. – Claro. É minha visita. Mas se encontrar alguma coisa manchada no meu lençol, ignore.

Ela fica vermelha. Explodo em risadas. – Você continua acreditando em tudo que eu digo?! Ah, Elisa! Qual é?

Recebo um tapão no braço. – Imbecil.

Continuo rindo quando seguimos pelo corredor. Nele tinha algumas fotos penduradas em quadros. Tinha muitas de nós dois. Era bom relembrar algumas coisas.

Como nessa foto do meu aniversário de 8 anos que jurei pra ela que ela seria a primeira a ser convidada. E ela foi mesmo. Estávamos com glacê azul na cara. Lembro que o tema era sobre o Poseidon. Mamãe me deu alguns livros na época sobre o filho dele, Percy. Gostei muito.

Ela entra no quarto e sorri. Estava um pouco bagunçado. Mesmo sendo um quarto bem grande, tinha várias coisas espalhadas. Em mesas, cadeiras e estantes.

- Vou tomar banho, você pede pizza?

- Sim. – aceno.

Ela me encara alguns segundos. – Então. Vou tomar banho, Elliot.

- Já me disse.

- Sai do quarto.

Arregalo os olhos. – Wou! Desculpa. To lá na sala.

- Ok.

Ai que vergonha. Fecho a porta e escuto ela rindo baixinho. Esfrego meu rosto com as mãos. Que loucura.

Gêmeos - Nada IguaisOnde histórias criam vida. Descubra agora