Capítulo 4

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- Você... – como ia dizer isso a ela? Poxa, estávamos na calçada esperando minha mãe vir me buscar. Já tenho a provisória, minha mãe não queria que eu fizesse nenhuma merda e ter de começar do zero, então pedia pra ela me levar em alguns lugares. Hoje ela não ficaria de plantão e aceitou de boas carregar a gente pra cima e pra baixo. Mas eu tenho uma leve suspeita de que era por causa da linda mulher ao meu lado. – Está bonita Elisa.

Ela cora ligeiramente. – É tão estranho crescer escutando que você é o contrário que chega a ser constrangedor escutar um adjetivo positivo.

Franzo a testa. Ela estava mudada com certeza, mas nunca foi feia. Bom, era o que eu achava.

- Deveria ter dito isso nos anos passados então... – enfio minhas mãos em meus bolsos da calça e dando de ombros.

Ela ri. – Eu te daria um soco com certeza.

Sorrio. – Ia. Com certeza ia.

Ela me encara e eu viro meu rosto para olhar para ela também. Ela estava com as mãos unidas na frente do seu corpo. O vento bagunçava ligeiramente seu lindo cabelo claro.

Involuntariamente chego perto dela. Seus olhos sobem para alcançar os meus. Eles estavam arregalados. Minha mãe buzina.

Afasto.

- Vamos. Mamãe deve ter preparado algo horroroso pro jantar.

- ELLIOT JAMES SINCLAIR! Eu escutei isso! Preparei aquele sorvete que você e Elisa adoram. Não vou deixar você repetir! – minha mãe grita descontrolada de dentro do carro.

- Mãe! – jogo os braços pra cima. – Qual é? Jura mesmo? – ela abre a porta e me encaminho pra ela.

- ENTRE! Elisa vai na frente!

Reviro os olhos e entro no banco de trás.

- Como foi o filme? – ela coloca uma de suas músicas. Por mais que ela tivesse um gosto musical diferente para uma mãe, as vezes não era legal.

- Adoro a Sia. – comenta Elisa. Logo ela começa a cantar uma parte da música e minha mãe A COM PA NHA!!!!

- PAREM AS DUAS, PELO O AMOR DE DEUS! Vão quebrar os vidros do carro! – as duas riem e minha mãe acelera.

*

- Oi pra todo mundo! – meu pai grita da sala.

Meu pai chega com Eleonora. Ela estava com um vestido preto que ia até os joelhos. Era comportado, mas marcava todo o corpo dela.

- Você foi assim no jantar com o papai? – minha voz sai incrédula, mesmo me esforçando para que saísse séria.

Ela me lança um olhar de desprezo. – Eu sei qual tipo de roupa eu devo usar e qual não, querido irmão. – ela beija minha testa. – Não precisa se preocupar. Elisa! Se prepara porque ele vai ser muito mandão quando vocês se casarem...

Elisa fica da cor de um tomate. – Hm... ÃN... Nós não...

- Eleonora! – minha mãe grita.

- Pare de falar asneiras para ela, Eleonora! – ela observa o rosto de Elisa e seu rosto é marcado pelo arrependimento.

- Ah! Elisa, me desculpa, por favor, eu...

Elisa faz um gesto com as mãos. – Não tem problema.

- Deixa eu me desculpar com você contando como foi minha noite. – ela pega Elisa pela mão e a arrasta pra seu quarto. – Você não vai acreditar...

A voz dela sumia pelo corredor.

Meu pai dá uma tossida para diminuir o climão que ainda estava no ar da cozinha. Estávamos comendo pizza. Elisa ia embora amanhã e eu já estava mal.

- Porque Eleonora fez isso com ela?

Minha mãe bebe um pouco da sua coca. – Eu não sei...

Conhecia aquele olhar. Ela escondia alguma coisa.

- Pai... – tento fazer ele me explicar.

Ele retira sua gravata e o casaco. – Eu não sei também, mas eu demorei também para perceber que sua mãe me amava...

Ele dá um pequeno selinho em minha mãe. Ela sorri e me olha em expectativa. Os dois na verdade.

Eu franzo a testa. – Hmm, vocês estão um pouco loucos.

Desço do banquinho da ilha da cozinha e ando até meu quarto.

- O que eu falei foi errado, me desculpa.

- Não tem nada.

- Não queria brincar com seus sentimentos. Sei que...

- Olha Eleonora, eu já superei. Já deixei tudo para trás e vou seguir em frente. Já estou seguindo.

Não queria ter invadido a privacidade delas, mas foi impossível não ouvir.

- Eu sei e ainda não posso acreditar...

Entro em meu quarto e vou direto para o banheiro. No caminho noto algumas fotos novas que provavelmente foi Elisa que trouxe. Era de nós pequenos brincando na lama, da gente se formando no ensino médio. Ela estava com seus óculos ainda e uma mais recente. Aqui em casa mesmo. Eu estava no sofá mexendo em meu celular e ela bem na frente da sua câmera frontal com uma careta engraçada.

Sorrio.

De repente a porta da sala bate.

- MÃAAE!! PAAAAAI!!!

- Emily! – grito. Todos da casa se reúnem na sala. Emily pulava segurando uma de suas mãos e com muitas lágrimas nos olhos.

- Meu Deus, filha! O que está acontecendo. Se acalme!

- Mãe! – ela estende a mão que estava segurando e daqui da entrada do corredor deu pra ver o brilho de um diamante solitário.

Eleonora me empurra para o lado quase me derrubando. Logo Elisa passa correndo ao meu lado. As quatro estavam dando gritinhos alegres e se abraçando.

- Estou noiva! Ele me pediu em casamento!

Minha ficha cai. – NOIVA?! – eu e meu pai gritamos ao mesmo tempo de maneira incrédula.

- Eu vou me casar! – grita Emily feliz. As outras gritam em comemoração. 

Gêmeos - Nada IguaisOnde histórias criam vida. Descubra agora