Capítulo 10

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Elisa

Os dias passam voando. O fim de semana com Elliot foi fantástico, como todas as vezes que ele e eu saímos juntos. Ele me dava confiança e era a coisa que eu não sabia mais precisar.

Eleonora pediu para nos encontrarmos em um café. Vejo a hora em meu pulso, ela estava atrasada 10 minutos. Não sei o motivo desse inesperado encontro na quinta feira.

Consigo vê-la através do vidro da janela principal do café onde eles expõem alguns de seus produtos.

Ela abre a porta e o tilintar da porta se ouve. Ela me procura com os olhos e ergo os braços para ela poder me encontrar. Eleonora sorri e caminha até mim. Sua barriga de dois meses ainda não estava tão visível quando se olhava de frente, mas de perfil dava para notar um leve arredondamento.

- Oi cunha! – ela me abraça e sinto um leve cheiro de flores.

- Oi, como está? E o bebê?

Ela suspira. – Só me deixa enjoada. Acredita que ainda tenho crises de vômito de manhã?

Sorrio. – Acredito. Sente aí. Quer alguma coisa?

Ela ri. – Não, se eu começar a comer eu não paro.

Termino de tomar meu suco de abacaxi e espero. – Então, o que queria falar comigo?

Ela faz uma cara incrédula. – É você que deve colocar tudo pra fora. Quero saber de todos os detalhes. Ele te levou pro seu parque preferido?

Hesito. – Elliot?

Ela revira os olhos. – Claro né.

- Sim... Ficamos um bom tempo lá e acabamos por ver o sol se por.

Ela suspira. – Não sabia que ele era romântico. E como ele fez?

Ela observa minhas mãos. – Ué? Cadê o anel?

Arregalo os olhos. – Que anel? Nunca fui de usar anéis, El. Sabe disso.

Tristeza inunda seu olhar. – Você o recusou?

- Recusei? Eleonora, você está estranha. Está se sentindo bem?

- Ele não fez o pedido?

Continuo não entendendo. – Elliot não me pediu nada.

Ela arregala os olhos e começa a cochichar pra ela mesma. – Mas eu escolhi o anel, era perfeito. Como ele pode desistir assim? Ele estava tão confiante...

- Que anel, Eleonora?

Ela me observa. A dúvida estava estampada em seu rosto. – Não sei se deveria te contar, mas ele me pediu uma ajuda semana passada.

- Ajuda? Para quê?

Ela suspira. – Pra comprar seu anel, Elisa.

A ficha cai. – Nossa! Ele não me falou nada, só veio com um papo estranho sobre...

Uma fisgada de dor abate meu coração. – Oh El... O que fiz?

*

Meu pequeno escritório era a minha cara. Não era grande, mas tinha o suficiente para caber tudo o que precisava. Tinha um pequeno banheiro adaptado, na minha sala tinha minha mesa, meu computador, minha ploter e um pequeno fax com impressão e scaner.

Além do meu frigobar, porque não sou bobo.

Na recepção ficava Denise, uma mulher com seus quase cinqüenta anos que é uma ótima pessoa. Sua mesa era até grande com confortáveis cadeiras.

Faz pouco tempo que comecei a trabalhar no que formei, mas já consegui algumas parcerias. Principalmente quando meu pai vai mexer com alguma expansão da empresa. Eleonora me ajuda bastante também lá na sua filial.

Denise me chama pelo telefone.

- Sim?

- Elisa está aqui. Posso mandar entrar?

Não hesito. – Claro, por favor. Obrigado Denise.

Algum instante ouve o clique de seu sapato no pequeno corredor com o piso de madeira e uma leve batida na minha porta.

- Entre.

Vou de encontro a ela e beijo sua boca. Ela demora alguns milésimos antes de corresponder.

- Oi.

Ela sorri. – Oi, está ocupado?

Nego com a cabeça. – Não. Aconteceu alguma coisa?

Seu rosto fica vermelho. – Elliot, preciso conversar com você.

Franzo a testa. – Hm, é algo sério?

Ela acena. Fico um pouco nervoso e ansioso. – O que é?

- Posso sentar?

- Claro! – puxo uma das macias cadeiras ao nosso lado e ela senta. Sento na cadeira a sua frente.

- Conversei com Eleonora ontem.

- Tem alguma coisa errada com a gravidez dela? – remexo em meu lugar, desconfortável com a situação.

- Não, nada de errado. Eu só... Fiz merda e só descobri isso quando conversamos.

- Está me assustando.

Ela hesita alguns instantes antes do seu olhar encontrar o meu. – Porque não me pediu em casamento, Elliot?

Meu coração para. Sinto a cor do meu rosto sumir.

Bagunço meu cabelo, antes arrumado e penteado para trás. Engulo algumas vezes antes de respondê-la. Esfrego minhas mãos em meu rosto.

- Bem, você disse que não estávamos prontos ainda.

- E você achou que eu estava negando?

Sorrio de lado. – É... – coço minha nuca.

Ela sorri triste. – Oh Elliot, eu nunca ia te negar, mas veja bem. Pra mim, casamento é algo único que se deve pensar muito antes de escolher a pessoa certa. Quero que tenha certeza antes de me pedir isso.

Beijo sua testa. – Sei que é a pessoa certa. Mas e você? Me vê como a pessoa certa para viver com você o resto de nossas vidas?

Seus olhos se enchem de carinho. – Saiba que hoje em dia não existem casamentos duradouros. Mas sim, você é sim.

Beijo seus lábios e dessa vez ela não hesita em corresponder.


Gêmeos - Nada IguaisOnde histórias criam vida. Descubra agora