Cap. 114-"Nos duas no mesmo teto, não vai rolar."

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- Se conseguir tira-la daqui, você não me deve mais nada.
- Eu vou ver o que posso fazer, mas...
Nesse momento, o interfone tocou novamente e eu fiz careta na direção dos meus convidados, que riram da minha cara; minha mãe atendeu e não demorou para que o assunto de nossa conversa surgisse pela porta, com Kátia atrás dela.
- Oh, bom dia, queridos - ela disse, dando um apertado abraço em Nick e outro em Anne. Ela virou-se para mim e não escondeu seu costumeiro desdém; tive que fazer um grande esforço para não revirar os olhos. A partir daquele momento, o meu dia foi tão bom quanto o anterior. Nick até tentou levá-la para sua casa, mas a velha bateu o pé com seus sapatos de saltinhos e disse que teriam que leva-la morta.
Contei tudo resumidamente para minha gerente na segunda-feira.
- Por que não dá um basta? Ela nem é a mãe dele - falou Marília.
- Porque Arthur é educado demais para expulsar a tia que ele não vê há anos - revirei os olhos - mas se as coisas não melhorarem, ele terá que escolher entre mim e a velha. Nós duas no mesmo teto? Não vai rolar, não tenho sangue de barata e não quero ser presa por agredir uma idosa.
Estávamos em uma parte mais afastada, então, voltei para o restaurante para fazer meu serviço. Quando o relógio na parede marcou as 13:00 p.m., a porta se abriu e dois homens entraram; o primeiro eu não conhecia, mas sorri para o segundo. Eles se sentaram na mesa indicada por um dos garçons e percebi que não haviam pedido nada, pois meu colega de trabalho apenas acenou com a cabeça e se afastou. Quando terminei de limpar a mesa, peguei meu bloco e caminhei até eles.
- Boa tarde - cumprimentei com meu melhor sorriso.
- Boa tarde - ambos disseram em uníssono. O homem desconhecido me encarou de cima a baixo e soltou um breve assovio de apreciação.
- Que linda - ele comentou.
- Obrigada - agradeci e virei meu olhar para Cal - como posso ajuda-los?
Puxei o bloco e a caneta do meu bolso, anotei seus pedidos e no final, com um sorriso genuíno e perfeito, Cal murmurou:
- E para a sobremesa, eu vou cobrar aquele café que alguém está me devendo.
- Bem, eu vou pensar no seu caso - falei, devolvendo o sorriso.
- Estarei esperando de qualquer modo - respondeu - e se não aceitar, acredite, eu posso ser bem persuasivo.
Eu ainda não havia me acostumado a tê-lo por perto depois de tantos anos e depois de tudo que passamos, e eu não sabia se eu me sentia feliz ou ofendida por sua proposta não ter soado como um flerte, apenas como um convite amigável.

Conquistando Um SullivanOnde histórias criam vida. Descubra agora