Capítulo 76-"Ele é um colírio."

3.3K 248 1
                                    

Já havia se passado uma semana desde que eu havia começado a trabalhar. Era uma segunda-feira, o restaurante estava lotado como sempre, o barulho de conversas ecoava por todo o ambiente e mesmo após terminarem de comer, as que tinham mais tempo livre em sua agenda permaneciam sentadas em suas mesas colocando o papo em dia com amigos ou apenas meditando sozinho em um canto. Quando o horário de pico passou e o restaurante estava mais tranquilo, sobrando apenas os retardatários que almoçavam quase na hora do lanche, eu estava encostada perto do balcão de pagamento, com meu bloco de pedidos em mãos.
- Eu estou tediosa - disse minha gerente, parando ao meu lado.
- Sorte sua, pois eu já tive que atendi muita gente hoje - falei - estou tendo meu merecido descanso.
- Sua primeira semana e está cansada? Não acredito - ela riu e me cutucou - como foi seu dia?
- Não tenho do que reclamar - deu de ombros e sorri para ela - eu realmente senti muita falta disso.
- E está cada vez melhor - Marília apontou discretamente para a porta e eu me virei para ver quem entrava. Na verdade, não era apenas uma pessoas, mas três homens passavam pela porta e caminhavam até uma mesa no meio do restaurante. Um deles era baixo e rechonchudo, por volta dos cinquenta anos, cabelos encaracolados e castanhos-avermelhados; o que estava ao seu lado era um pouco mais alto, os cabelos negros como ébano e a pele bronzeada por muito sol. Entretanto, era o terceiro que mais chamava a atenção e devia ser a ele que a mulher ao meu lado estava se referindo anteriormente; virei a cabeça para encará-la e ela estava praticamente babando e se abanando em cima do cara. Ele era bem alto, de modo que destacava dos outros e da metade da população da cidade, sua pele era branca, seus cabelos castanhos e era o que eu podia notar da distância em que eu estava. Caramba, será que eu precisava usar óculos? Minha visão não parecia estar cem por cento nem aqui nem na China.
- Ei, uma mulher precisa ser discreta - sussurrei, rindo.
- O que eu posso dizer? Não é sempre que vemos homens como esses hoje em dia - ela me cutucou - ele é um colírio.
- Um colírio? Em que época nós estamos mesmo? - sorri em sua direção antes de caminhar até a mesa dos recém-chegados - boa tarde, posso ajudá-los?

Conquistando Um SullivanOnde histórias criam vida. Descubra agora