Grande novidade

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Depois da surra de Dulce o assunto ficou suspenso, horas Alfonso estava inquieto por Josias estar por perto, horas não se importava porque Anahí sempre demonstrava não ligar. Dois meses se passaram e a guerra estava mais fria do que nunca, Dulce e Anahí não se falavam com frequência, mas também não se ignoravam, era uma situação estranha já que se estivessem no mesmo lugar se falavam, mas evitavam estar no mesmo lugar o tempo todo.

Era sábado e estavam todos em casa, mas precisamente no grande salão quando Dulce toda sorridente pediu para conversar com Alfonso em particular. Alfonso estava confuso, mas a seguiu até o escritório. Anahí por sua vez tentou estar indiferente, mas não estava conseguindo.

Bella: Annie presta atenção - pediu segurando o papel com o desenho que Anahí bordava na toalha da menina.

Anahí: Desculpe Bella - sorriu, mas se virou para olhar a porta do escritório no andar de cima.

Enquanto Anahí se mordia de curiosidade Dulce se abraçou a Alfonso querendo ser carinhosa, coisa que ele não estava entendendo, mas ultimamente sentia que ela se esforçava e não podia reclamar da esposa querer se aproximar dele.

Dulce: tenho boas novas - sorriu, os olhos brilhando e Alfonso já sabia do que se tratava, já havia passado por isso duas vezes - Estou com minhas regras atrasadas - disparou levando as mãos a boa em uma cena particularmente boba. Alfonso sorriu, estava feliz por saber que novamente poderia ser pai.

Alfonso: Dulce que felicidades - a puxou a abraçando, Dulce o apertou no abraço - Terás que manter repouso, ainda na segunda a levarei a clinica no centro, quero faça todos os exames e que se aquiete, mandarei arrumar um dos quartos de hospedes no andar debaixo e ficará lá até o bebê nascer. Dulce, não podemos perder mais esse - ele estava radiante com a novidade e Dulce ainda mais por dois motivos, o primeiro porque realmente gostaria de ser mãe, o segundo por estar a frente de Anahí e com um trunfo precioso.

Dulce: Ficarei de repouso, mas o quero comigo durante as noites, tenho certeza que Anahí entenderá eu faria o mesmo por ela - Alfonso parou por um segundo, fazia sentido estar com ela, todas as vezes que Dulce passou mal era noite e estava só, por outro lado até doía imaginar ficar sem Anahí.

Alfonso: Está bem, falarei com ela - sorriu fraco, não sabia como ela iria reagir, mas precisava ser assim.

Alfonso deixou o escritório segurando Dulce pela cintura, os dois com um sorriso largo no rosto, Alfonso já a olhava com cuidado, ajudou que descesse a escada e ao final se virou para os que estavam na sala. Anahí, Nina, Bella, Eulália e Anelise, alguns guardas na porta também olhavam.

Alfonso: Tenho boas novas - disparou alto, sorrindo - Terei um herdeiro em breve. Aquilo foi como uma faca afiada entrando no peito de Anahí, estava tão surpresa que não teve reação, todos estavam sorrindo e parabenizando Dulce que sorria alegremente pelo feito, olhou para Anahí triunfante e abraçou o marido que a recebeu com carinho sem ao menos notar que Anahí deixou a sala. Anelise por sua vez estava como das outras vezes, quieta, não sabia o que fazer ou como se portar, mas ainda se aproximou de Dulce na maior cara de pau a desejando felicidades. A festa se prolongou, Alfonso mandou que servisse vinho a todos para comemorar assim como havia feito das outras vezes, já havia se passado mais de uma hora quando ele notou que Anahí não estava entre eles, seu sorriso morreu e veio a preocupação. - Anelise cuide de Dulce, não a quero sozinha em um minuto, peça que organizem o quarto de hospedes mais próximo a sala de jantar, a quero no andar de baixo hoje - Anelise assentiu, Alfonso se aproximou de Dulce a beijando as mãos antes de se afastar. No andar de cima seguiu direto para os aposentos de Anahí, entrou sem bater e não a encontrou, passou pelo cômodo e seguiu para o banheiro, ali estava tudo muito seco, não estira ali tão cedo, seguiu até a sacada, ela gostava daquele lugar já que agora não ia muito ao jardim, mas também não estava, quando se virou para deixar o lugar viu no andar de baixo um pedaço de um vestido de cetim verde em um canto, a copa de uma arvore lhe tampava a visão, mas tinha certeza era Anahí. As escadas foram vencidas por ele que passou por Dulce e os demais empregados e seguiu jardim a fora.

Quando Alfonso anunciou seu herdeiro Anahí teve vontade de sumir e assim o fez, sabia que ele a encontraria em seu quarto ou que Nina, ou até mesmo Bella estaria atrás dela em breve, mas gostaria de estar sozinha, queria se lamentar sozinha por não ser ela a carregar aquela criança, não o culpava por estar feliz, mas sabia que muita coisa mudaria e ela estaria para trás, saiu para o jardim por um momento esqueceu Josias e se abrigou embaixo de uma arvore bem longe da casa. Josias a viu passar correndo e chorando e a seguiu, assim que Anahí desabou se aproximou querendo lhe dar apoio.

Josias: Por que esta assim? - questionou sentindo.

Anahí: Deixa-me só - pediu com o rosto entre as mãos. Josias suspirou, não gostava de vê-la chorar a puxou lhe abraçando, Anahí queria o afastar, não queria seu toque, não queria sua proximidade, mas estava tão carente, estava tão sozinha que não teve forças. Após ela se acalmar Josias ficou ali ao lado conversando. Anahí desabafou, contou sobre seus sentimentos, sobre o quanto estava sentida por não ser a mãe daquela criança, por Alfonso ter outra esposa. Ele a escutou mesmo se sentindo muito mal com isso, mas ele escutou calado, quando terminou ela estava mais calma.

Josias: Se o ama logo lhe dará um herdeiro também - tentou, mas Anahí balançou a cabeça voltando a chorar.

Anahí: Se for um menino o bebê que Dulce carrega, nunca irei conseguir superar - olhou para Josias que não sabia o que dizer. Os homens daquela época davam muita importância ao primeiro filho homem e é claro que Alfonso não seria diferente.

Josias: Talvez seja uma menina e o seu seja um menino - tentou novamente - Eu adoraria ter uma menina - Anahí o olhou sem entender e acabou rindo, os dois riram - Ok, gostaria depois de um menino.

Alfonso se aproximou e mesmo ainda estando um pouco distante a viu sentada, encostada a uma arvore, o rosto vermelho, mas o que Alfonso mais enxergou foi Josias ao seu lado rindo com ela de algo que havia acabado de dizer. Em frações de segundos o homem estava sendo levantado pela camisa. Anahí gritou em desespero ao perceber o que estava prestes de acontecer, Alfonso o mataria.

Anahí: Alfonso não - gritou tentando que ele soltasse Josias.

Alfonso: Vai defendê-lo Anahí? - largou Josias e se virou para ela, o tapa que Anahí recebeu lhe doeu a alma, não chorou, com a mão sobre o rosto ela deu as costas e novamente correu, Alfonso a olhou imaginando que seguia para casa, mas não Anahí seguiu disparada para a mata, quando Alfonso percebeu o caminho que ela seguia era tarde para a alcançar. Anahí se livrou dos sapatos assim que encontrou o riu, deixou que a agua os levasse e seguiu subindo em uma árvore, ali em cima apoiada no tronco e olhando para o céu desejou morrer naquele momento.

As horas se passavam e Alfonso mesmo com reforço não conseguia encontra-la, já haviam percorrido toda a propriedade e nada de Anahí, o desespero e arrependimento lhe causava dor, gritava o nome dela pela mata, já estava escurecendo e nada. Anahí estava ali próxima a ele, mas não respondia, estava disposta a morrer, ficaria ali até ele desistir, até a cede e a fome a levar a fraqueza e por fim a morte, os olhos não paravam de derramar lagrimas, mas não voltaria, seria melhor para todos, não sentiria mais dor, Alfonso não precisaria dividir seu tempo e Dulce teria sua família perfeita.

Alfonso: Anahí pelo amor de Deus apareça - disparou para si mesmo, estava exausto, mas não pararia, não desistiria dela. Josias e os demais empregados também estavam a procura dela. A noite chegou e nada. Alfonso não queria parar as buscas, mas estava muito escuro, voltou para casa na esperança dela estar por lá, mas nada.

Dulce: Mas que infantilidade a dela - resmungou. Alfonso tinha a cabeça entre as mãos, não sabia mais o que fazer, ao escutar Dulce levantou a cabeça e a encarrou.

Alfonso: Dulce por Deus não se aproveite de seu estado... eu ainda posso perder a cabeça e lhe surrar outra vez, mesmo carregando um filho meu - Dulce arregalou os olhos saindo da frente de Alfonso, levou as mãos a barriga e Alfonso suspirou, não poderia fazer isso com seu filho, teria que manter a calma.

Naquela noite apenas Dulce e Anelise dormiram, Alfonso andou pela sala esperando que a luz do dia voltasse para se embrenhar na mata mais uma vez. Anahí desceu da arvore, puxou algumas folhas que juntando lhe serviu de cama, mas o frio lhe causou danos, não conseguia dormir, sentiu um bicho lhe percorrer a perna e se levantou as presas gritando, assim que tentou correr caiu batendo a cabeça em uma pedra, o sangue correu e perdeu a consciência.

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