Encontre-me no Lago

Dezoito - Maria

"Eu gosto muito da parte deste capítulo em diante. Tudo vai ser mais rápido e a história começa a tomar um rumo muito diferente, afinal, nem tudo é o que parece"

                                   "Nem tudo o que reluz é ouro." - Willian Shakespeare

- Isso é verdade, Dan?

Dessa vez quem falava era Dean.

- Lógico que não é verdade – disse Daniel. Indo ao encontro dos dois irmãos.

- Mentiroso – disse a senhora Hepburg.

- Você não tem coração, são crianças, eles não merecem saber dessas histórias. Deixe-os em paz, fale comigo – Daniel tentava falar de um jeito que não assustasse ainda mais os seus irmãos.

- Eles merecem saber a verdade assim como todo mundo. Você não sentiu a falta dela depois desse dia? Ela não aparecia mais no colégio ou nas ruas. Você acha que ela estava deprimida por sua culpa? Não! Ela estava em repouso, chorando a morte do filho.

A senhora Hepburg foi mais rápida do que Daniel e ficou ao lado dos dois meninos que não sabiam em quem acreditar. Era uma escolha difícil de fazer, acreditar na mãe ou então no irmão. Daniel não queria ficar discutindo aquilo na frente de seus irmãos e ele sabia que se continuasse ali, iria continuar com o sofrimento deles. Foi difícil fazer essa escolha. Deixar Rudy e Dean sendo envenenados por parte de sua mãe, enquanto ele dava as costas e saia daquela casa.

Se o ar lá dentro estava difícil de respirar o lado de fora não ajudou muito. Estava frio. Cada vento que batia em Daniel era como lâminas afiadas prontas para cravar agonia e desespero em sua mente. Ele tinha que se lembrar do que ocorrera naquela noite, ele não poderia ter se esquecido do que aconteceu naquele dia. Ele sabia que iria ter que falar com Maria. Ele queria que ela lhe dissesse que aquilo que sua mãe falara era mentira.

Sabia onde ela morava, mas mesmo com toda a sua vontade de descobrir a verdade não era nada conveniente ele chegar naquela hora perguntando se ela havia sofrido um aborto ou não.

Aquilo tinha acontecido há pouco tempo atrás, mas Daniel estava fazendo força para tentar lembrar-se do que tinha acontecido. Suas pernas estavam ficando cansadas e fracas por conta do vento frio que batia nelas. Daniel anotou em sua cabeça que nunca mais iria sair de bermuda quando o tempo estivesse meio suspeito. Ele ainda estava em frente da sua casa, não queria ficar ali com o peso da dúvida de seus irmãos. Dirigiu-se para um lugar onde as rosas falavam.

Tudo estava apagado quando Daniel chegou. A sua mais bela preciosa rosa estaria agora dormindo, tendo bons sonhos, assim ele esperava, enquanto ele tentava fazer de tudo para acordar de um pesadelo.

O jardim estava impecável como sempre. As rosas estavam agora dormindo junto com Jenny, elas não queriam ser acordadas, assim como ela. Mas, Daniel não iria fazer mal algum se ficasse apenas olhando-as. Sentou-se. Suas memórias iriam vir logo se ele ficasse relaxado.

Começou a se lembrar dos dias antes de sua separação com Maria.

Era um dia comum, que nem outro. Rudy tinha tido um novo pesadelo. Dessa vez Daniel ia embora que nem o seu pai tinha feito com eles antes. Mais uma vez ele estava com os seus dois irmãos na cama, e ele dormindo no chão. Ele não aguentava mais ter que dividir seu quarto com seus irmãos mais novos. Tinha coisas mais importantes para fazer. Olhou-os por alguns instantes. Queria cuidar deles, mas não sabia como iria fazer isso. Passou pelo quarto de sua mãe, ela estava lá como todos os outros dias. Ele tinha que acordá-la. Ele também estava de saco cheio disso. Sua mãe só fazia reclamar depois que o seu pai tinha abandonado-os. A luz não chegava naquela casa, por mais que Daniel se esforçasse em fazer algo. Sua vontade foi minando com o passar do tempo. Ele estava começando a se acostumar com o Dean robótico que agora estava naquela casa. Saiu para o seu mundo de possibilidades. Ele encontrava-se no mesmo lugar. Só alguma coisa tinha de nova na sua vida. Só algo lhe dizia que ele ainda estava vivo: Maria.