"A grandeza do homem consiste em que ele é uma ponte e não um fim; o que nos pode agradar no homem é ele ser transição e queda." - Friedrich Nietzsche
- Mãe, eu estou tão feliz, tão feliz. Posso pegar alguma flor?
- Como é bom ver esse seu sorriso, eu acho que foi por causa de um sem-teto, não?
Jenny riu.
- Não, e sim. Não ele não é um sem teto, e sim é por conta dele. Posso pegar uma flor? - Repetiu Jenny.
- Pode sim, mas não vá exagerar.
Depois de se arrumar Jenny não sabia mais como gastar o tempo que lhe restava. Faltava mais de meia hora para que ele chegasse ao lago. Spook estava ocupado demais dormindo para que Jenny pudesse brincar com ele. Decidiu visitar sua mãe na floricultura. Alguns clientes ficavam a encarando com certo humor na cara, outras olhavam com medo. Jenny sabia o que estava estampado em seus rostos: Louca.
Mas não ligava.
Estava mesmo louca, e queria que todos vissem isso.
Estava louca de vontade de cair nos braços de Daniel.
Saiu olhando algumas flores. Como de praxe olhou algumas rosas vermelhas, rosas, amarelas, brancas...
Mas, hoje não era o dia para as rosas, tinha que pegar alguma coisa mais a ver com o momento, pensou muito no Lago. Chegou a pensar na fazenda que tinha visitado. Acabou olhando para umas flores bem delicadas, parecia uma mistura de várias flores para Jenny. Elas não eram de uma cor só. Elas tinham mais de uma cor em cada uma delas, e como elas eram frágeis. Jenny ficou maravilhada.
- Mãe, que flor é essa?
- Linda, ela não? - Jenny assentiu - Astromélias, Jenny.
As Astromélias são originárias do Brasil, Chile e Peru. As suas flores lembram os lírios e é por
isso que em muitos lugares elas são conhecidas como "miniatura de lírios".
- Que nome estranho para uma flor.
- Pois é. Venha cá e dê ela para mim.
Jenny entregou-lhe a sua pequena astromélia, ela era branca com pintinhas laranja. A senhora Hepburg prendeu a flor atrás de sua orelha, e deixou os cabelos ondulados de Jenny cair sobre seus ombros.
- Você tem que soltar mais esse cabelo. O que você achou, senhor Fen?
Jenny olhou para o seu lado. Reconheceu-o como sendo um dos que estavam vendo tudo àquilo como se fosse tudo engraçado. Ele era um pouco corcunda, e tinha cabelos grisalhos. Seus olhos eram mais espertos do que muitas pessoas novas. Ele tinha a cor da pele meio caramelada.
- Está linda - ele sorriu - sabe criança não ligue para algumas pessoas. Elas julgam tudo e esquecem de olhar para o próprio umbigo. - Nessa parte ele falou um pouco mais alto, o senhor Fen também tinha visto as outras pessoas, Jenny logo gostou dele. - Só não deixe a sua mãe preocupada, bem, Flor, eu estou indo. Sou velho, mas ainda tenho trabalho para cuidar, ele não vai ser feito sozinho, não é?
Falando isso ele saiu.
Clair estava fazendo alguns contatos com a floricultura, e muitos amigos também. O senhor Fen passava a maior parte do tempo na loja. Acabou acostumando-se a chamar Clair pelo nome de Flor. Ela não se importava com isso. O senhor Fen era conhecido em toda a cidade como sendo um gentil e bem-humorado velho trabalhador.
Ele não morava na cidade com sua família, ele era um homem do campo. Pelo que a senhora Waltson pôde saber de sua vida, ele perdera o filho mais novo, Henrique Fen, em um acidente quando eles estavam andando a cavalo.
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Encontre-me no Lago
General FictionDaniel tem a sua vida completamente mudada depois da separação de seus pais e do seu término com Maria. A chegada de Jenny, sua nova vizinha, termina por desencadear eventos que Daniel nunca poderia imaginar. Quantos segredos uma pessoa pode guardar...