Vinte e Oito - Entendimentos

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"Não precisamos do sofrimento, quando temos a compreensão e o entendimento."

Gasparetto


Daniel estava quase em casa. Ainda não sabia o que iria fazer.

Mulheres, por que complicam tanto a minha vida. Pensou.

As mulheres de sua vida sempre lhe deixavam nas piores situações. Sua mãe, que o culpava de tudo. Lisa, uma amiga que, pelo visto, era apaixonada por ele e ainda tinha as duas que estavam deixando o seu coração em pedaços. Maria e Jenny ou Jenny e Maria. Ainda não estava pensando direito. Ainda não sabia qual deveria ser o próximo passo. Não poderia magoar Jenny, mesmo tendo conhecido ela há pouco tempo. Ele ainda se importava com ela.

Ela era uma pessoa doce, meiga, calma, ela não poderia fazer mal a nada. Ele não poderia fazer algo de ruim com uma criatura tão pacífica que nem ela.

Maria, Maria... Esse nome o estava rondando durante todo esse tempo. Quem sabe tinha sido ele que não tinha deixado ela ir. Quem sabe ele mesmo que não queria seguir em frente. Por isso sempre que dava tocava no nome dela, lembrava-se dela. Sempre arranjava um meio dela permanecer em sua vida.

Diferentemente de Jenny, Maria era uma pessoa decidida, ela sabia o que queria e não media esforços para conseguir o que queria. Sempre sagaz, ela poderia magoar alguém e não se importar com isso, se achasse que esse era o certo a ser feito. Tinha sempre um sorriso no rosto e não era nada ingênua.

Não tinha dormido nada, estava começando a ceder ao sono. Tudo o que queria era chegar em casa e apagar. Suas forças iriam abandoná-lo a qualquer instante. Deu graças à Deus por morar na mesma rua que Jenny, e depois praguejou, por conta disso. Seria muito mais difícil não olhar para ela, ou então, não esbarrar com ela. Eles já estavam em uma cidade pequena o bastante, e ainda por cima morando na mesma rua.

Uma faca de dois gumes. Pensou.

A luz da sala de sua casa ainda estava acesa. Já era para todos estarem dormindo. Já era outro dia, há muito tempo.

Entrou na casa.

- O que esse homem está fazendo aqui? – Perguntou à sua mãe que estava sentada em uma das cadeiras da mesa de jantar. O homem ao qual ele se referia, seu pai, estava no sofá. Sua mãe parecia estar chorando, mas não dava para saber se era de tristeza ou raiva, ele nunca conseguiu decifrar isso. Seu pai estava com o rosto afundado nas suas duas mãos. – O que está acontecendo aqui? Vamos me respondam!

- Não era para você chegar agora, Daniel – Disse-lhe Tedy. Ainda tinha muitas coisas para comversar com a sua mãe. Muitas coisas que estavam pendentes nesses dois anos. Eu sei que muita coisa mudou, sei quanto mal eu causei. Sei também que o tempo é um inimigo para aqueles que se ésvardam. Mas, eu vim. Eu vim ter aquela conversa que eu sei que você tanto queria, meu filho. Eu vim para acertar tudo. Não quero mais ser um covarde, não quero mais deixar as coisas do jeito que étão. Eu sinto saudades suas, de seus irmãos. E eu não deveria ter feito o que eu fiz, Judith, mas agora já é tarde para tentar reparar alguma coisa. Esses foram erros muito grandes e feios. Do qual eu sinto vergonha. Uma decisão minha acabou transformando o futuro de todos dessa casa. E eu vou falar mais uma vez, desculpe-me. – falando isso ele olhou para Daniel. Por um longo tempo ninguém falou. Por um longo tempo, ele saiu olhando para os rostos que estavam naquela sala.

- Nós lhe desculpamos, papai. – Aquela voz era de Rudy. Só podia ser ele. Os dois saíram de seu esconderijo e se dirigiram para o seu pai. Não aguentavam mais o que estavam acontecendo. Eles eram novos demais para continuarem amargados por conta de um passado tão doloroso, tão idiota. – Sabemos que o que o senhor fez não foi bom, sabemos que a sua escolha não foi a certa, mas o senhor é o nosso papai.

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