Dezesseis - Descobertos

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"Os amantes não veem as mais belas loucuras que cometem." Willian Shakespeare

- Sabe de uma coisa? Eu acho que quando chegar em casa eu nunca mais vou sair. Portanto aproveite esse momento – Jenny sorriu – minha mãe vai me estraçalhar e eu acho que o culpado vai ser você.

Jenny olhou para Daniel, mesmo sem conseguir enxergar direito, ela só conseguia ver o seu lado direito, não que o lado do rosto dele importasse, mas mostrava o quão escuro estava. Tinha tido sorte por ter se lembrado de trazer a lanterna. O lago há muito tempo não dava mais para ser visto. Foi como se a cada momento que passasse ele fosse engolido pela escuridão deixando apenas as lembranças em sua margem.

Jenny conseguiu pegá-las e as estava revivendo. Spook só era encontrado por estar deitado no colo de Jenny, a sua respiração estava normal, mas ainda dava para sentir, quando ele expirava o vento quentinho que saia do seu focinho. De todas as coisas que ela poderia ter feito, ela fez, menos avisar a sua mãe para onde iria. Como iria saber das horas? Sabia que se passavam das seis.

- Bom saber disso, pois eu digo o mesmo para você. – Retrucou Daniel.

Os dois estavam perdidos, disso eles sabiam, mas não estavam querendo voltar para casa tão cedo.

- Você ainda pode ligar para sua casa, não?

- Posso, mas minha mãe sabe como me encontrar, só que eu não sei por você. Tome – Daniel entregou seu celular para Jenny.

- Posso?

- Pode, mas vá rápido, tenho poucos créditos – brincou.

- Ah, então deixa – disse Jenny já devolvendo o celular.

- Não, eu estou brincando, fique a vontade – Daniel riu.

- Você vai escutar ela falando daí, cuidado para não ficar surdo.

Jenny discou e esperou pacientemente cada toque que o celular fazia, era mais um alívio. Isso queria dizer que só iria ter que enfrentar a sua mãe depois. Olhou para o relógio no celular, eram sete horas. Era razoável. Já estava vendo que tinha estragado o dia para a mãe. Depois de uma notícia tão boa. Agora sua mãe estava tendo que se preocupar com a filha desaparecida.

Que ingrata eu sou. Pensou.

Passou a mão pelos cabelos ondulados, mas logo se arrependeu quando seus dedos ficaram presos em um nó.

- Alô?

Sua mãe atendera.

- Mãe, é Jenny, eu sei que eu não falei para onde eu tinha ido...

- Jenny...

-... Ou melhor, para onde eu estou agora – continuou Jenny -, eu sei, a senhora pode ficar com raiva de mim eu vou entender, sei que eu estraguei o seu dia, sei que eu não deveria ter feito isso, nunca mais saio de casa sem pelo menos lhe deixar uma carta, eu juro, eu juro...

- Jenny, eu sei onde você está – disse a senhora Waltson com a voz mais calma que Jenny poderia imaginar.

- Sabe? Mas, como? Eu saí praticamente que nem uma fugitiva de casa – Jenny se imaginou com uma roupa preta tentando fugir de sua casa, mas o plano não dá certo, ele acaba com ela tropeçando e sua mãe acordando.

- Eu só gostaria que você chegasse mais cedo, está ficando tarde.

Jenny ainda não estava entendendo como a sua mãe sabia onde ela estava.

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