Trinta - Encontro

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"Os fatos marcantes do dia-a-dia são os encontros com gente esquisita."Thimer


Corria, corria. Era só o que poderia fazer nesse instante. Algo estava acontecendo. Não parou para entender o que a senhora Waltson falava a partir do momento em que ela dissera que aquela não era Jenny.

"Ora, bolas, me mandam encontrar com Jenny e Jenny não é Jenny. Isso deve ser alguma loucura da cabeça dessa mulher. Quando isso acabar vou ficar o mais longe possível dessas mulheres. Ainda não encontrei uma que fosse um pouco sã. Depois ficam com tanta raiva quando a carapuça serve".

Parou um pouco. Já podia ver muito bem agora. Já começava a sentir o calor aquecendo as pontas de seus dedos. Tivera que pegar a primeira roupa que avistara. Estava um trapo. Mal tinha conseguido dormir direito. Mal tivera um dia de verdade. Agora estava no meio da rua só com uma bermuda vermelha e uma blusa azul claro com gola em V. Estava era sentindo muita raiva, isso sim!

O que ele iria fazer se encontrasse com Jenny?

Estava começando a achar que a covardia era uma coisa hereditária.

Tinha acabado de dizer a Jenny que não conseguia decidir entre ela e Maria e agora estava indo ao seu encontro, ou não pelo que disse Clair, e iria falar o que com ela?

Oi, Jenny, tudo bom? Sua mãe pediu pra que eu viesse buscar você. Sem ressentimentos, ok?

Isso era idiotice. Mas não podia fazer nada. Mas decerto sabia.

Não iria mais correr.

~

E se ele tivesse morrido? Tinha sido uma pancada feia. Será que iriam prender ela? Mesmo se contasse toda a verdade? Achava que sim. Legítima defesa. Todas as provas apontavam a isso. Sua mãe, mesmo que uma inútil durante todo esse tempo poderia falar que se passava. Ela não precisaria ter mais medo. Mas não tinha tempo de ficar pensando nessas coisas, não ficara tempo suficiente para ver o que realmente tinha acontecido aquele homem, nem olhara para trás. Não tinha nada precioso lá atrás. Continuou correndo.

~

As pessoas não deveriam estar acordadas àquela hora da manhã. Sabia disso. Estava ali para passar o tempo. Ainda não sabia o que iria fazer. Ainda queria encontrar a dona daquele grito, ainda queria saber o motivo do tiro. Estava curiosa. Queria muito saber se aquela amável cidadezinha teria algum monstro.

Tirou suas pernas do lago e levantou-se. Seus cabelos ondulados dançavam com o vento, seu vestido preto, antes que se aderia à noite agora fazia contraste com o dia claro. Foi seguindo por onde a sua intuição a levava. Nunca tinha adentrado na mata que se via ao redor do lago. Sempre andava só da ponte para o lago, do lago pra ponte e ia embora pra casa.

Casa... Achava engraçado isso. Por que sempre que ela voltava, sempre que ela aparecia, era recebida como se fosse um monstro. Ela tinha suas razões para fazer isso. Todos têm. Ela era a parte forte daquela menina ridícula que ria até com a mais infantis das piadas.

Deparou-se com uma cena um tanto cômica para ela. O homem, pelo que presumiu que dera o tiro, agora estava inconsciente, sua blusa agora a maior parte coberta de vermelho. E a sua "presa" havia escapado. Estava ficando cada vez mais curiosa.

- Só mais um imprestável – falou.

Saiu correndo, a dona do grito deveria estar ali em algum lugar. Sozinha e com medo. Daria tudo para encontrar algo que lhe parecesse seguro.

Encontre-me no LagoOnde histórias criam vida. Descubra agora