Dezenove - Reviravoltas

13 3 1
                                    


"No início, os filhos amam os pais. Depois de um certo tempo, passam a julgá-los. Raramente ou quase nunca os perdoam." - Oscar Wilde

Fazia quase meia hora que Jenny tinha acordado. Pensou no início de seu dia. Todos sempre iguais. Se arrumar, e descer para comer com a sua mãe. Agora as duas estavam empolgadas com a volta de seu pai, ele iria chegar depois de dois dias. Ela tinha certeza disso. Contou os dias, recontou. Estava tudo certo. O tempo não parecia ajudar com nada, mas ela estava lá disposta a tudo. Ainda estava cambaleando quando foi abrir a janela. A luz do sol queimava os seus olhos. Colocou a mão na frente. Ela tinha que se acostumar. Teve um susto quando viu uma pessoa deitada em cima de seu canteiro de rosas. O sangue subiu-lhe a cabeça. Não pensou muito se estava de pijama ou não, ela iria tirar aquele bêbado ou o que fosse de cima de suas rosas.

- Mãe!!

- Sim, querida – a voz da senhora Waltson vinha de dentro do banheiro.

- Estou lá fora.

Jenny desceu as escadas como se estivesse em uma missão. Mas, não em uma missão qualquer, ela era a caçadora. Sua raiva dissipou-se quando reconheceu a pessoa que antes ela julgara como sendo um bêbado. Daniel ainda estava usando as mesmas roupas que ele usara no outro dia. Bermuda Jens desbotada, um sapato da Nike branco e preto, e uma Blusa Branca três quartos. Ela não poderia deixá-lo ali jogado, quantas pessoas não deveriam ter passado por ali e apontado para ele?

- Daniel? – começou a balançar seu corpo.

- Hmmm... – Era tudo o que ele conseguia dizer.

Tentou pensar em algo que o fizesse acordar logo de uma vez, para que ele saísse daquele estado lastimável em que estava, as pessoas estavam olhando. - Daniel você está pelado no meio da rua, as pessoas estão achando isso uma falta de respeito – ela tinha que tentar alguma coisa, pelo visto tinha dado certo, Daniel se levantou de um pulo e olhou para suas roupas.

Percebendo que fora uma brincadeira de Jenny perguntou.

- Onde eu estou?

- Você está dormindo nas minhas rosas! – Jenny olhou para Daniel de cima a baixo, sua blusa não parecia mais branca, agora ela estava cheia de folhas e areia. Mesmo que ele tentasse tirar a blusa ainda ficaria branco/marrom claro.

- Ahh, é mesmo, devo ter dormido aqui sem querer – As pessoas em uma cidade pequena podem se meter muito na vida dos outros, foi o que Daniel notou quando as pessoas passavam e olhavam para eles. Jenny notou também.

- Acho melhor você entrar – disse abrindo a porta.

~

- Dean? Você acha que o Dan faria isso? – disse Rudy. Ele olhava constantemente para o seu relógio em forma de dinossauro. – A mamãe deve ter falado aquilo sem querer, não é? As palavras devem ter ficado confusas.

- Rudy, pare de se preocupar com isso, vá fazer algo para matar o tempo.

- Por que você é sempre tão frio com o Dan? Ele ainda não voltou pra casa, e se alguma coisa aconteceu com ele? – Rudy não queria mais saber de esperar, ele iria procurar por Daniel pela cidade, ele teria que encontrar o seu irmão em algum lugar.

- Ei – chamou Dean – aonde é que você vai?

- Vou procurar o Dan.

~

- Daniel, acho que, como donas da casa, você nos deve explicações - disse a senhora Waltson.

- Sim, sim... - Daniel puxou uma das cadeiras da cozinha e sentou-se, a xícara de café estava fumegante quando ele a pegou, teve sorte de não ter segurado-a pra valer, se não ele teria derrubado tudo com a dor - eu discuti com a minha mãe, acabei vindo parar aqui, queria pensar um pouco, esfriar a cabeça sabe?

Encontre-me no LagoOnde histórias criam vida. Descubra agora