Trinta e Dois - O despertar

9 2 5
                                    

O Sapo e o Escorpião

Certa vez, um escorpião aproximou-se de um sapo que estava na beira de um rio.
O escorpião vinha fazer um pedido:

"Sapinho, você poderia me carregar até a outra margem deste rio tão largo?"

O sapo respondeu: "Só se eu fosse tolo! Você vai me picar, eu vou ficar paralisado e vou afundar."
Disse o escorpião: "Isso é ridículo! Se eu o picasse, ambos afundaríamos."
Confiando na lógica do escorpião, o sapo concordou e levou o escorpião nas costas, enquanto nadava para atravessar o rio.
No meio do rio, o escorpião cravou seu ferrão no sapo.
Atingido pelo veneno, e já começando a afundar, o sapo voltou-se para o escorpião e perguntou: "Por quê? Por quê?"
E o escorpião respondeu: "Por que sou um escorpião e essa é a minha natureza."





- Maria? Que nome bonito. Ultimamente tenho escutado bastante esse nome.

- A cidade é pequena. Deve ser por isso. Possa ser que não seja a mesma Maria.

- A Maria que eu escutei falar é a ex de Daniel, nem sei se você o conhece.

Maria corou um pouco. O seu mais recente passado a estava atormentando. Ainda não entendia por que agira daquele jeito. A raiva, dizia ela, poderia ser o estopim de muitas coisas. Saíra espalhando mentiras sobre Daniel para a cidade toda. Deve ter sido daí que ela escutara falar dela.

- Oh, sim, conheço e essa Maria sou eu. Só quero dizer que tudo de mal que você ouviu falar dele é mentira. Eu ainda vou tentar me desculpar direito com ele. Em uma hora mais apropriada – olhou para as suas roupas, tinha que se arrumar em algum lugar. Ainda não sabia o que iria fazer. A polícia. Teria que ir pra lá o mais rápido possível. Aquela menina que surgira do nada a estava ajudando. Sua sorte finalmente estava mudando. Terminou de falar com um sorriso no rosto.

- Maria... Maria... Maria... Maria... Ah! – Gritou Jenny, sua cabeça doía muito. Seu coração parecia mais acelerado. Algo estava errado. Já sentira isso antes e quando voltava a abrir os olhos uma parte de sua vida era tirada, ela depois só via medo. As pessoas tinham medo dela, depois disso. O que acontecia? Não conseguia mais, foi levada pela escuridão e começou a dormir.

- Jenny, você está bem? – Maria se aproximou da menina, estava com medo que algo acontecera a ela. Afinal, ela tinha sido uma pessoa tão boa para com ela. Ela parou de gritar. Ficou ereta e fitando Maria com o mesmo rosto de antes, o que lhe trouxera desconfiança – Vamos sair logo daqui, você tem que ver o que é isso.

- Sabe, Maria, você por algum acaso se perguntou o que uma menina estaria fazendo sozinha nesse horário? Sabe muitas coisas acontecem. A sorte vem e a sorte vai. Nesse caso a sorte veio para mim, eu estava procurando uma certa pessoa. – Maria não estava entendendo nada, começou a dar pequenos passos para trás. – Jenny sempre tão descuidada com suas coisas, sempre tão amorosa, sempre deixando o trabalho sujo pra mim. Vamos dizer o seguinte, ela não sabe cuidar das suas coisas e eu tenho que conseguir pra ela, um mundo meio injusto, não acha? Mas ela tem que ficar feliz, eu existo para conseguir as coisas para ela. Pare de andar pra trás. Você sabia que é uma coisa muito rude deixar a pessoa falando sozinha? Eu lhe trouxe até aqui. Por favor, ouça um pouco. Isso mesmo. Sente-se. Continuando.

"E agora, ela estava tão triste, por que ela achava que finalmente ia ter alguém correspondendo ela, mas acho que não era bem isso o que estava acontecendo, por que você meio que interferiu. E aqui estou eu de novo – disse abrindo os braços - Não deveria explicar muita coisa, gosto de agir, na verdade minha mão está coçando aqui, só quero falar mais uma coisa – seu sorriso estava ficando cada vez maior, seus olhos perdiam a expressão, mas ela sentia o prazer chegando, anunciar era melhor parte, os olhos da outra pessoa se enchendo de medo. Fazia muito tempo desde que experimentara essa situação pela última vez – Sabe o que eu disse sobre a sorte ir e vir? Pronto no momento em que eu a encontrei, Maria – disse saboreando cada letra, cada som que saia de sua boca – a minha sorte apareceu e a sua sorte se foi. Meu nome é Lyla e eu vou matar você. Se eu fosse você, começaria a correr agora."

Não estava acreditando no que estava acontecendo. As pessoas estavam todas loucas naquele dia? O que ela tinha feito de tão mal para aquela menina? Saiu correndo como fizera algumas horas atrás. A sua sorte realmente a estava deixando de uma maneira mortalmente assustadora. Estava correndo, mas o seu joelho ainda estava doendo. Pela segunda vez em menos de 24hrs estava em uma caçada mortal, onde ela era a caça.

~

Nunca demorara tanto assim para chegar ao lago. Sabia que alguma coisa estava errada. Mas tinha que chegar logo lá. Avistou a mata. Logo, logo estaria trazendo Jenny pra casa.

~

A vida estava correndo de novo pelas suas veias. O seu coração pulsava de uma maneira viciante. Era a melhor sensação que poderia sentir. Pegou um pedaço de pedra e saiu correndo atrás de Maria. Tinha toda a vantagem, já que Maria estava com um machucado no joelho. Pessoas desastradas sempre eram alvo fácil. Pessoas fracas, que nem ela, eram mais fáceis. Depois de um tempo perseguir não era tão prazeroso quanto o medo nos olhos da pessoa.

- Você sabe que vou pegá-la. Sabe disso. Não precisa facilitar tanto, mas uma ajudinha é bem-vinda. – Começou a rir histericamente.

Tudo o que Maria estava pensando agora era em correr, fugir e se ver livre daquele local. Tinha que passar pela ponte. Era o único jeito de conseguir o que queria. Tinha que fugir. Já tinha despistado Lyla, era assim que ela se chamava agora. Tinha que dar a volta, a ponte estaria lá e era só atravessá-la. Quando chegou mais perto do lago, sua respiração poderia traí-la. Tentou ao máximo possível não respirar, agradeceu pela chuva, pois os galhos, antes secos que poderia entregá-la com um simples estalar, agora estavam encharcados, não emitindo nenhum som enquanto andava.

Lyla poderia estar na espreita, só esperando o momento em que ela aparecesse para cruzar o lago e enfim correr para um lugar mais seguro. Nada estava na sua visão. Só o lago que tanto amava. Correu, estava chegando cada vez mais perto e nada de Lyla. Alcançou a ponte, estava perto de sair desse inferno que parecia tão sádico por estar se repetindo em tão pouco tempo. Suas esperanças se dissiparam quando escutou um barulho, a ponte de madeira, tão velha quebrou-se bem quando estava no meio dela, seu corpo agora voava, junto com os pensamentos bons, eles iam embora, junto com o seu corpo. Antes de seu corpo tocar a água ela só perguntara uma coisa "Por quê?".

A água estava muito gelada e não conseguia colocar os pés no chão, engolira um pouco de água, mas iria dar conta. Era uma ótima nadadora. Só precisaria chegar à margem e sair. Seus olhos estavam um pouco embaçados, mas ainda conseguia enxergar. Uma mão na margem, só faltava a segunda e... Ela gritou, seus olhos distinguiram uma forma na sua frente que a fez quase vomitar de pavor. Lyla acabara de meter a pedra na sua mão direita. Estava quebrada. Sentia o líquido quente escorrendo pelo seu braço. Ela escutava gargalhadas nos intervalos de seus gritos.

- Por que você está fazendo isso comigo? – ela finalmente conseguira perguntar.

- Você está se referindo a ponte? Sabe eu não sabia que justamente a pessoa que iria cair dela seria você. Eu estava só passando o tempo sabe.

- NÃO! POR QUE VOCÊ QUER ME MATAR?

- Oh, isso. Desculpe. É muita excitação de uma vez. Acabo misturando tudo. – Ainda segurava a pedra ensanguentada, enquanto Maria estava segurando a margem com a mão esquerda, morrendo de medo de receber outra pedrada - Estou fazendo isso pela Jenny. Já falei. Você deveria escutar melhor as coisas. Mas tudo bem. – Sentou-se ao lado de Maria como se aquela situação fosse extremamente normal. – vou resumir tudo. Jenny seria a nova namorada de Daniel se você não tivesse aparecido e estragado tudo. Agora Jenny está arrasada e eu não quero isso, a tristeza dela é uma coisa ruim pra mim, então eu tenho que colocar as coisas de volta no lugar. Capiche?

- Por favor, não. Eu estou cansada. Por que isso está acontecendo comigo? – Maria chorava, soltou-se e nadou para longe, de forma nada normal por conta de seu joelho. Teria que alcançar a outra margem. Teria que fugir de alguma maneira.

- Não se vá. Eu tenho que terminar. O tempo passa. – Pulou na água era a mais rápida das duas. Segurou os cabelos de Maria. Estava muito difícil aquela situação, tinha que tomar cuidado de não se afogar, segurar Maria e desviar dos ataques que estava sofrendo por parte de sua mão esquerda, ainda intacta.

- Por favor, não. – disse arranhando toda a bochecha esquerda de Lyla. Que ao invés de gritar, só sorriu. – Você pode mudar, sabia? Ser uma pessoa melhor.

- Maria, minha querida, não dá pra mudar quem eu sou – dizendo isso meteu a pedra na cabeça de Maria.


Encontre-me no LagoOnde histórias criam vida. Descubra agora