"As palavras verdadeiras não são agradáveis e as agradáveis não são verdadeiras."
Lao-Tsé
(Preparados?)
Como sempre as imagens voltavam à sua cabeça; seu braço direito ainda doía. Não podia mais pensar nisso, mas também não poderia deixar o que aconteceu de lado...
- Maria?
- Estou aqui – sua voz saiu um pouco trêmula, mas mesmo assim foi ao encontro de seu pai.
- Eu acho que você não entendeu as regras, por um bom tempo havia ficado feliz achando que tinha sido compreendido, mas você consegue me decepcionar.
- Eu não sei do que você está falando. Boa noite, amanhã eu vou ter um dia agitado... – dizendo isso foi se retirando, só não esperava a reação de seu pai.
- Como você não sabe do que eu estou falando, mocinha?
- Ahhh! – Gritou Maria – Meu braço!!
- O que é? Acha que isso dói? Pare de choramingar por conta de um braço. Tivemos essa conversa há muito tempo atrás se eu não estou enganado. Eu achei que você tinha entendido. Você é minha.
- Não sou sua, seu velho nojento – as lágrimas escorriam de seu rosto, mas ela não fazia cara de dor. Seu rosto estava tenso e transmitia raiva.
- Eu tenho cuidado de você desde pequena, mesmo antes de sua mãe a ter. Eu que estava ao lado dela. Quando você nasceu eu disse a mim mesmo que não iria deixar nenhum imundo colocar as mãos em você – instintivamente ele foi afrouxando o seu aperto no braço de Maria, sua face que antes estava marcada pela ira foi tomada por uma compaixão doentia que fazia Maria ter vontade de vomitar, sua mão antes agressiva agora afagava os cabelos e enxugava as lágrimas de Maria, que elas mesmas haviam causado – Eu vinha lhe protegendo muito bem. Até que aquele desgraçado apareceu e mudou você, minha filhinha. Olhe pra mim, não vê que eu lhe amo? Que eu só quero o seu bem?
"O meu amor para você é mais do que suficiente. Eu nunca vou fazer com que você sofra por amor. Por que o meu já basta para você. Venha, fique aqui comigo. Não faça com que eu lhe machuque de novo. Saiba que isso dói mais em mim do que em você. Tive que passar e fazer muitas coisas para ter você de volta aqui comigo. Não quero usar os mesmos métodos que eu tive que usar da última vez. Até no hospital o meu anjinho foi parar".
- Métodos? – Seu estômago ainda estava revirado com aquelas mãos tocando o seu rosto, mas não sabia que métodos eram esses que ele estava falando. Só lembrava-se desse, ao qual ela estava passando naquele exato momento.
- Achava que você tinha ligado os fatos.
- Não sei do que você está falando. A única coisa que posso pensar foi no que você me pediu para fazer. Para terminar com Daniel de uma maneira que ele nunca mais olhasse na minha cara. Eu fiz o que você pediu! Ele me odiou esse tempo todo. Todo esse tempo em que achava que eu iria matar Rudy!
- Eu não podia perder você para aquele pivete. Eu lhe pedi para fazer isso no momento certo. Eu estava adiando tudo. Mas, quando eu soube que você iria fugir com ele, eu já sabia. Tinha que agir. Eu sei que lhe obriguei a isso, mas foi para o bem de todos.
- Como você soube disso? – Maria não sabia como, mas ele descobria muitas coisas de sua vida.
- Tenho que ser cuidadoso com você sempre, filhinha. Onde mais que você poderia guardar os seus segredos de mim? No seu quarto. Instalei uma pequena escuta nele. Fiquei sabendo de muita coisa que você não me dizia, mas fiquei muito triste por saber que você não confiava mais em mim como antes.
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Encontre-me no Lago
قصص عامةDaniel tem a sua vida completamente mudada depois da separação de seus pais e do seu término com Maria. A chegada de Jenny, sua nova vizinha, termina por desencadear eventos que Daniel nunca poderia imaginar. Quantos segredos uma pessoa pode guardar...