Vinte e Sete - Um brinde ao passado. Ele faz o que nós somos hoje.

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"Se queres prever o futuro, estuda o passado."

Confúcio

- Pai, o senhor ama a mamãe? – Jenny sempre perguntava isso para seu pai. Queria ter certeza de que as coisas não iriam desmoronar a sua volta.

- Mas lógico que amo, minha filha! – Respondera-lhe Robert, seu pai.

Sua filha sempre tivera essa curiosidade de saber.

Qualquer coisa que fosse.

- Como o senhor sabe? É algo que o senhor sente?

- Eu soube que amava a sua mãe desdo primeiro dia que a vi. Sabe, ela estava fazendo o jardim de meus pais e eu tinha acabado de voltar da base. Fazia muito tempo que não voltava pra casa e quando eu cheguei me deparei com ela. Eu sinto sim. Sinto como o meu coração se aquece a cada toque, a cada palavra, ou a cada sorriso dela. Só quero fazer com que ela seja feliz. A mesma coisa com você, minha filha, eu só quero que você seja feliz. Não quero nada em troca. Só a sua felicidade e saber que você ficará bem.

Ainda estavam na cidade grande e tudo o que Jenny queria era vivenciar o seu último momento com seu pai, já que ele estaria voltando para o exército no outro dia. Era noite e ventava forte. Mesmo passando das 11horas as ruas ainda estavam a toda velocidade. Os carros ainda trafegavam enlouquecidamente por uma estrada estreita demais para que houvesse mão dupla. Alguns carros davam freadas bruscas e se escutava algum xingamento ali por perto. A vista era cheia de prédios que pareciam competir entre si para ver qual iria ser o mais alto. Nada de céu, nada de nuvens, nada de estrelas e daqui a pouco, nada de pai e filha.

Tinham combinado que ainda ficariam morando lá por mais seis meses, para que Jenny pudesse terminar o ano e depois iriam se mudar. Seu pai achara uma excelente proposta. Não queria que as suas decisões, principalmente de trabalho, afetassem tanto assim a vida de sua filha. Não era o que estava procurando nesse exato momento, mas fora chamado e dessa vez, disseram, que não poderia recusar. Servira por muitos anos, mas se precisavam dele agora, teria que ir.

Os cabelos de Robert, antes enchendo a cabeça e com pequenas entradas já não existiam mais. Só uma penugem deles. Seu corpo ainda estava em forma. Sempre fora muito cuidadoso com a sua saúde e com o condicionamento físico. Tentava também ficar em paz com o seu interior, fazendo algumas horas de meditação toda semana. Isso fazia com que ele conseguisse balancear a sua família, sua vida. Seus olhos cor de chocolate, dizia ele, fora o que conseguira fisgar Clair.

- Sabe eu ainda quero ter a mesma sorte que vocês tiveram. Acho que se algum dia eu encontrar a minha alma gêmea eu vou me agarrar a ela e nunca a soltarei.

- Não é assim tão fácil. Tenha a certeza de que o outro também te ama.

- Como eu posso ter a certeza que a outra pessoa me ama?

- Você simplesmente sente. Um amor de verdade você sempre sente. Um amor de verdade não faz mal, não deixa triste, não é egoísta. Um amor de verdade faz com que você se sinta bem em todas as maneiras, que faz com que enfrentem dificuldades juntos, faz com que compartilhem todas as experiências. Nunca tente realmente descrever um amor de verdade. Pois um amor de verdade não precisa explicar, não precisa enxergar você só precisa sentir.

"Eu sinto, pela primeira vez na vida, eu sinto o amor de verdade, mas não sinto o dele por mim" Jenny ainda tentava dormir, depois do breve rompimento que tivera com Daniel. Ainda não acreditava que ele tinha ido para a sua casa tão tarde da noite só para falar sobre isso. Ele deveria ser um menino muito malvado para fazer isso com ela.

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