Parte XVI/Glória

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Estava tudo indo bem. Tinha conseguido fazer com que Nicolas mudasse de opinião, agora esperava que durasse por muito tempo. O ano estava acabando, faltava um mês apenas, mais tinha sido válido esforço, Gabriel estava feliz e Nicolas estava desempenhando bem seu papel de bom moço. Andavam juntos mais de forma que não dava tanto nas vista das pessoas, aparecia nas horas mais inconvenientes e poderia botar por fim tudo o que já tinha feito.

Para que Gabriel pensasse que Nicolas estava tão ligado a ele, proporcionava os melhores encontros, acasos e coincidências que podia. Fazia isso pra ajudar, me sentia no direito para que fizesse, eu o deixava feliz, dava pra em seus olhos, na sua feição, aquilo me fazia bem.

O meu maior medo era que Gabriel descobrisse tudo, eu sempre pensava que era o último dia de toda a farsa. Nicolas não amava Gabriel tanto assim, ele só fazia aquilo por que nunca havia Gostado de um garoto antes. Tinha me interessado por ele sim, ele era atraente, mais não fazia muito meu tipo. Confesso que as vezes tinha vontade de me dar para ele, fazer com que ele se desligasse de Gabriel e ficasse comigo mesmo não sendo o que eu procurava, era tarde de mais, tudo já estava feito e não tinha como voltar a trás.

No dia em que Gabriel me convidava para sairmos juntos, aliás, todas as outras vezes, eu sempre ligava para Nicolas, dizia o local onde íamos, a hora e com que roupa estaríamos, assim ficava mais fácil nos reconhecer. Sempre pedia cautela de sua parte, que ficasse por longe fingindo não nos ver e, se chegasse a cruzar nosso caminho que não falasse apenas sorrir já era o bastante, a sala de música que Gabriel tanto gostava de está quando queria ficar sozinho, o Café que ficava perto de sua casa, todos esses fatos que vinham a ser importantes que Nicolas deveria saber.

Assim como pedia, ele fazia. O tempo passava e só depois de muito tempo foi que Gabriel veio me contar o que estava acontecendo. Tive que fazer um teatro com todas as outras vezes, fingir que estava chateado por ser a última a saber de suas coisas, mais eu sabia de tudo. Me dava dor ouvir suas explicações, seus pedidos de desculpa e eu sempre o desculpava, dizia que não era nada, pra que não se preocupasse com isso e que estava feliz com tudo.

Para parecer mais verdadeiro o teatrinho, me fiz de desligada de tudo, que não me importava. Brendow existia, mais como uma pessoa qualquer que nunca havia falado antes, ele fazia o segundo ano de fato e era gato também, isso foi mais uma desculpa para que não ficasse chato meu encontros com Gabriel e que Nicolas não fosse nosso assunto principal. Me dediquei aos estudos, pedia a ajuda dele para isso, pois ele era inteligente, isso não posso negar.

Eu já estava me cansando de tudo, o plano já tinha dado certo, o que eu queria mais? "Tava" a procura de outras coisas, saber de mais detalhes da vida de Nicolas, o que eu sabia já não era mais tão eficiente, como era sua amiga tinha essa curiosidade de perguntar, me fazer presente na vida dele, ir mais fundo e ajuda-lo, não só no fato de Gabriel e nem de outro. Uma coisa que me chamava atenção era que ele nunca havia falado de sua família e que sempre cortava o assunto quando partia para ele. Não sei se era medo de falar, ou vergonha de alguma coisa que aconteceu no passado.

Como sempre eu curiosa, queria ir a fundo. Bolei um jogo que fizesse com que as pessoas se abrissem e contasse de sua vida. Meu alvo era Nicolas, não ia perder tempo e perguntaria sobre o que mais me deixava curiosa no momento, queria apenas saber entender, ajudar caso precisasse e quem sabe descobrir alguma coisa que eu não sabia ou que precisasse saber, não que eu estivesse interessada, nada haver, apenas tinha curiosidade, só isso. Convidei todos da nossa roda de amizade para fazerem parte do jogo, Nicolas logo disse que não gostava daquele tipo de coisa, pois sua vida não seria exposta. Mais como sou convincente, consegui. O que de tão ruim tinha a vida de Nicolas? O que de tão grave poderia ter acontecido?

Convencida de mim mesma, usando todas as minhas armas, saberia como descobrir o que tanto Nicolas escondia sobre ele. Meus sentidos me diziam que não era tão grave assim, poderia ser só uma maneira dele não deixar sua vida a exposição das pessoas, outro no seu lugar faria a mesma coisa. Diria a Gabriel qualquer coisa que fosse de seu interesse e esse não fosse não diria, guardaria pra mim, ficaria em segredo.

No final da aula chamei todos, e nos dirigimos para uma sala meio distante de tudo, onde poderíamos ficar mais a vontade.

GabrielWhere stories live. Discover now