Parte XXVI

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Fiquei indiferente com Nicolas por alguns dias, as aulas estavam perto de acabar, não havíamos saído a um bom tempo depois da minha conversa com Glória, mais a minha percepção sobre ele havia mudado, não me interessava nada do que ele sentia por mim, agora não sabia se era verdade tudo o que me falava, ou era só teatro como eu desconfiava antes. Era tudo perfeito de mais, entendia também o por que ele frequentava os mesmo lugares que eu, o Café, a sala de musica, o parque na praia. Achava aquilo tudo uma coincidência, uma coisa mágica de pessoas que nasceram uma para outra. Mais não era nada daquilo.

Agora sentia nojo dele, me arrependia de ter me dado pra ela, ter dito tudo o que disse, e ter ouvido tudo o que ouvi, queria apagar da minha memoria cada segundo que com ele passei, da nossa primeira vez na praia, daquele momento único na vida de qualquer pessoa. Eu era virgem, eu estava me guardando para quem realmente merece meu amor, meu corpo, tudo foi um erro, e eu sego que sou não havia percebido isso antes.

Urizzy me acompanhava agora, andamos juntos até que as aulas acabaram, foi ai que percebi que ele era o meu melhor amigo, era muito cedo pra dizer isso, mais com tudo o que ele havia feito por mim, não parecia prematuro assim. Ele me fazia rir, foi o único que consegui fazer isso durante muito tempo. Eu não via mais graça em nada, as cosas não tinham mais sentido, só me restava ele, simplesmente ele.

Quando cheguei em casa, mamãe me chama pra conversar, estranhei isso nela, a gente nunca conversava, a não ser pra brigar comigo, reclamar de alguma coisa. Queria ouvi-la, saber o que de tão importante queria me dizer, nada me dava mais medo.

- Ouvi sua discução com Glória, e eu acho que foi muito precipitado nas palavras.
- Agora vai querer defende-la?
- Não, eu sei que Glória é uma boa moça e que se importa coma sua felicidade.
- E o que isso tem haver com essa conversa? Você me chamou para falar dela? – Nunca havia falado assim com minha mãe antes, ela parecia saber de alguma coisa.
- Gabriel, eu sei sobre você, pra mim não há nem um problema meu filho.
- Sabe o que?
- Que aquele garoto do carro é seu namorado.

Como ela sabia disso, eu nuca falei de nada sobre mim com ela. Glória estava metida nessa.

- Quem lhe contou?
- Glória.
- Eu sabia. O que ela mais fez? Abriu o coração dela pra você, disse que estava arrependida do que tinha feito? – Certamente ela estava querendo reverter a situação pro lado dela, querendo me fazer de culpado.
- Ela me falou isso á uns dias atrás, tinha dito que você estava passando por problemas.
- Que problemas, não está acontecendo nada.

Ele tinha envenenado a cabeça da minha mãe com babaquices, nada era verdade, eu não precisava de nenhuma ajuda.

- Ela fez tudo isso pro seu bem Gabriel.
- Meu bem? Destruir minha vida é querer bem. Não mãe. Ela não quer minha felicidade.

Minha mãe e Glória pareciam a mesma pessoa, falavam da mesma forma, com a mesma frieza. Ela me escondia algo, suas palavras estavam soltas, sem sentido, nada fazia sentido, nada.

- Você vai ter que ser forte.
- Por que você tá dizendo isso?
- A vida as vezes nos prega peças, e temos que está preparados para o pior, sempre.


GabrielWhere stories live. Discover now