Depois de 14 anos distantes um do outro, sem saber noticias, se estava bem ou se tinha acontecido o pior meu pai aparece. Nunca imaginaria que ele nos encontrasse, depois de tanto tempo assim. Queria entender o motivo daquilo, por que só agora ele deu as caras, se mostra preocupado comigo. Minha mãe havia escondido isso de mim a tanto tempo, tinha que haver alguma explicação, um motivo qualquer que fosse.
Matei a saudade que me consumia a anos, o abracei de uma forma como se nunca houvéssemos nos visto na vida. Meu irmão não estava tão feliz assim, pra ele era normal toda aquela situação, mais pra mim não, eu estava revendo a pessoa que me inspirava quando criança, que me protegia quando mais eu precisava, aquele que sempre estava do meu lado independe da circunstancia.
Fomos ao Café, nos divertimos como três crianças, minha mãe não fez questão de ir conosco, eu entendia sua situação. Conversa vai conversa vem, falamos de tudo um pouco, rimos e choramos nos lembrando do passado, de como era bom nossos momentos juntos. Perguntei onde estava hospedo passando os dias, me disse que era na casa de um filho que veio estudar. Não fiquei surpreso pois sabia que ele tinha outra família, só nunca tive a oportunidade de saber quem eram. Minha curiosidade veio a tona.
- Quantos filhos tem?
- Três.
- Nossa! Tantos assim?
- Não. – Ele sorriu meio sem graça. – Não dessa maneira. O meu primeiro casamento com sua mãe, tive você e Kleiton. Com o outro casamento tive só um filho, que dão no total de três.
- Esse filho mora aqui?
- Sim.Fiquei surpreso com a noticia, já que meu irmão morava na mesma cidade, por que eu nuca o vi, nunca fomos a presentados. Se ele morava aqui, então papai vinha aqui com frequência. Mais por que não queria nos ver, não nos procurava nem mantinha contato?
- Você vem sempre aqui.
- Não muito filho. Ando cheio de trabalho, quando venho passo apenas uma noite e logo vou embora, tenho que pagar a escola de Nicolas.Nicolas, aquele nome, era o mesmo que o meu ex-namorado tinha, coincidência.
- Nicolas. Quantos anos ele tem? – Perguntei querendo saber sobre meu irmão que não conhecia.
- Vai fazer 22.Tinham a mesma idade.
- Em que escola estuda? - Perguntei já com indiferença, mais estava muito cedo pra alardear alguma coisa, nada haver, uma coisa não tem nada haver com a outra.
- No Windcow. Ele termina os estudos esse ano.O improvável acontece. As coincidências eram de mais. Tinha a idade de Nicolas, o mesmo nome, estudavam na mesma escola e faziam o mesmo ano. Não poderia ser o Nicolas Bernatt, não. Mas se fosse ele, a minha mãe saberia teria me falado, agora entendo por que ela defendeu tanto Glória, por que me esconderiam isso, principalmente minha própria mãe. Mais só tinha uma forma de saber.
- Por que você não aproveita e nos apresenta seu filho.
Pronto, ele o ligava, mais não havia retorno. Tentou umas duas vezes.
- Nicolas, filho. Estou aqui no Hollity Café, venha para cá, tenho uma surpresa pra você.
Torcia pra que nada do que estava pensando fosse verdade, tudo menos o que eu pensava.
- Ele já está vindo. – Me falou sorrindo como se estivesse satisfeito. Eu não estava nem um pouco feliz com aquilo, só me tranquilizaria quando tudo se explicasse.
Passaram-se 20 minutos, até que ouço a porta de um carro bater. Poderia ser qualquer outra pessoa, mais era difícil dizer isso pros meus pensamentos. Meus sentidos diziam que coisas diversas, suposições, achamentos e nada de certezas. Queria que acontecesse tudo, que o mundo explodisse para que não presenciasse nada do que estava para acontecer ali.
- Ele está vindo, meu grande homem.Evitei olhar, permaneci de cabeça baixa, abrir olhos nunca foi tão difícil antes. Até que levantei.
- Nicolas?
Não queria acreditar em nada, fiquei em estádio de choque. Entendia por que glória nunca havia me contado, agora estava tudo mais claro na minha mente, só não queria que tivesse acontecido dessa maneira. Minha mãe foi a culpada de tudo, e Glória foi sua cúmplice até o fim.
Era injusto aquilo está acontecendo comigo, logo comigo. Nunca me senti tão perdido na minha vida, tinha vontade de sumir, fazer uma besteira comigo mesmo. Que importância tinha naquele momento, ninguém ia sentir falta de mim, nem se quer derramariam uma lágrima. Meus pais tinham tudo, minha mãe tinha meu irmão, e eu não tinha mais ninguém. A minha vida ficou sem graça, o ano pra mim já tinha acabado, estava aprovado, não tinha mais nada pra mim ali. Minha amiga me traio, minha mãe mentiu pra mim o tempo todo. Meu pai, que eu pensava esta longe, estava mais perto de mim do que eu imaginava, e ele nem se quer fez o favor de me procurar. As coisas não poderiam ser piores, aquilo pra mim já era o fim de tudo. O que mais me dói, é saber que do que eu fiz, me entreguei, amei uma pessoa loucamente, passei por cima da minha família e dos meus amigos pra lutar por um amor fingido, uma coisa tramada, cheia de incertezas e dúvidas, para quando eu fosse cair em mim mesmo, descobrir que simplesmente tinha me apaixonado pelo meu próprio irmão.