— Olá! — James disse caminhando até mim, todo sorriso (de mim, é claro) e beleza.
O garoto estava mais bonito do que da última e primeira vez que eu o havia visto. Ele vestia uma calça, que parecia couro legítimo, azul-marinho, combinando com suas sobrancelhas. Sua camisa sem mangas era de um azul tão claro que poderia ser confundido com branco. Ele calçava um sapato fechado (que era similar ao All Star, mas um design mais bonito) da cor azul e roxo.
Não consegui deixar de admirá-lo... Cada detalhe dele. Enfim eu conseguia ver bem seu cabelo meio bagunçado, meio rebelde, daquele tom lindo de azul. Seus olhos brilhavam, seu sorriso era largo, seus braços fortes eram ambos fechados por tatuagens coloridas.
— Oi. — respondi pateticamente.
— Querida, acho que você deveria, sei lá, levantar? — Merry avisou, rindo.
Droga! Eu estava ali, praticamente deitada no chão, enquanto James continuava perfeitamente em pé.
Assim que fiquei em pé Merry riu mais e James soltou uma leve gargalhada. Eu sabia que era algo em meu rosto, só podia ser, mas não tinha ideia do que era e eles pareciam estar descontrolados de tanto dar risada que não me avisavam nada, nem um "Claire, tem um pouco de tinta em seu rosto!". Tinta! A maldita tinta que Merry fez o favor de jogar em meu rosto quando estávamos no closet!
Comecei a tentar limpar meu rosto com uma das mãos (continuava com a outra com o frasco, tinha derramado um pouco, mas nada demais), James e Merry caíram em sincronia na gargalhada do ano, sendo eu a palhaça da vez.
— Ei! — resmunguei pegando ambos desprevenidos e jogando a tinta roxa no cabelo rosa de Merry e azul de James. — Bem feito! — joguei a tinta vazia em um cesto de lixo e cruzei meus braços com olhar sério.
—Não vale! Estávamos com a guarda baixa! — Merry disse o lugar que eu tinha atingindo seu cabelo, sem querer espalhando ainda mais a tinta. James acabou fazendo o mesmo e eu pude rir dos dois.
James parou de tentar limpar primeiro e veio andando até mim, parando bem na minha frente com um sorriso lindo no rosto. Seu piercing no lábio chamava mais atenção hoje, deixando-me momentaneamente abalada com sua proximidade, boca e sorriso. Ele tocou minha bochecha e me senti corar, mas então ele começou a esfregar e rir enquanto tirava a tinta da mesma.
— Tudo bem? — a voz de James era baixa, quase como se me contasse um segredo que Merry, a poucos metros de nós, não poderia saber. — A Merry não está te deixando louca?
Ri antes de dizer:
— Eu já me sinto louca...
— Eu posso ouvir vocês! — Merry avisou, fazendo eu e James rirmos mais.
— Vim te chamar para jantar no refeitório. — James não tirava seus olhos azuis dos meus.
— Eu... não sei.
— Vamos, Claire! — Merry disse, parando ao meu lado e James tirou sua mão de minha bochecha. Senti-me levemente abandonada.
— Eu...
— Eu sei — Merry cortou-me —, você está com vergonha, mas é normal ter. Não há milhões de Renascidos por Marte, contudo, você precisará eventualmente sair.
— Precisa ser hoje? — perguntei cabisbaixa.
— Não — James respondeu —, mas poderia ser.
Sim, eles tinham razão. Eventualmente eu precisaria sair, por que não ser logo hoje?
— São que horas? — tentei adivinhar olhando pela janela, mas as manhãs e as noites eram quase a mesma coisa.
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A Estranha
Science FictionClarice Jones. Esse era meu nome. Claire Blue. Esse tornou-se meu nome quando James Sky, um Rastreador, disse-me que eu era uma Renascida. Metade terráquea, metade marciana. Eu era uma Estranha em meu país, em Marte eu tornei-me ainda mais Estranha...