Eu vou para Nova York

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Olá o meu nome é Sofia e tenho 26 anos, tenho o cabelo aos caracóis cor de mel e olhos verdes. Vivo em Portugal e acabei agora o curso de marketing mas neste momento estou à procura de trabalho. Gostava de viajar, conhecer pessoas novas, sítios novos, abrir os meus horizontes...

Hoje era a noite em que tinha combinado sair com as minhas amigas, mas a minha mãe tem o dom de mudar os planos dos outros em seu proveito...

- Sofia, hoje preciso de ti em casa, vamos ter um jantar com uns amigos do pai.

Revirei os olhos e pensei: bolas vai ser um jantar daqueles (mas na verdade seria o inicio de uma nova vida), logo hoje que a noite prometia. Eu não sou simples, gosto de roupa sofisticada; maquilhagem; relógios e saltos altos. Sou de uma família modesta mas agarro todos os trabalhos que aparecem para me sustentar. Gosto de um bom decote mas não uso saias ou vestidos acima do joelho, quando digo que não sou simples quero dizer que não sou de andar de ténis, calções e tshirt mas não ligo a marcas até porque a minha carteira não me permite grandes gastos. Acabo de tomar banho vou maquilhar-me faço um coque no cabelo visto umas calças de fato prata com uma blusa branca sem costas. Quando chego á sala encontro um casal com os seus 50 anos, têm um ar muito simpático e falam-me como se fôssemos família.

- Sofia, não te lembras do Vítor e da Cristina? - Pergunta a minha mãe.

- Não estou recordada. - todos se riram e meu pai explicou.

- Sabes aquele relógio de pulso em forma de diamante lilás que não tiravas nem para dormir?

- Claro que sim, adorava aquele relógio!

- Foi o Vítor que te ofereceu! - as recordações surgiram subitamente - Não largava aquele relógio para nada (exceto no banho, claro!) quando se partiu guardei-o numa caixinha que tinha até hoje.

- Vamos passar para a mesa? - A minha mãe chama.

O jantar foi divertido ao contrário do que estava á espera e a melhor parte chegou na sobremesa.

- Então e tu miúda que fazes? Trabalhas? - Vítor pergunta curioso.

- Neste momento não, infelizmente. Tenho feito alguns trabalhos mas já estou parada a 4 meses.

- Porque não vens passar uns tempos connosco em Nova Iorque? Podes estar o tempo que quiseres és bem-vinda e assim sempre pensas o que vais fazer para futuro - Pergunta a Cristina com o seu caloroso sorriso.

Claro que adorei a ideia e os meus pais apoiaram, dizer que estou radiante é pouco, quem diria que vou para Nova Iorque. A sério! Eu numa grande metrópole? O meu inglês até é bom e certamente que vai enriquecer o meu currículo.

Parto dentro de 1 semana.

Enquanto a Cristina e o Vítor aproveitam o resto das férias em Portugal, como fazem todos os anos, eu preparo-me para a grande viagem. Os meus pais ofereceram a passagem de avião de modo a ficar com as minhas poupanças para gastar pelos EUA. Aproveito para me despedir da minha melhor amiga, vou morrer de saudades dela, passamos os dias juntas nas compras, no café, nas caminhadas... ela é extrovertida alegre e louca e eu adoro-a. No entanto; neste momento preciso disto, preciso de evoluir, talvez esta seja a oportunidade que eu merecia e ela apoia-me a 100%. A semana passa a correr, levo 2 malas cheias ao máximo com as minhas coisas (roupas, bijutaria, sapatos...e livros claro!) não se sabe quanto tempo ficarei por lá, por isso decido levar tudo o que posso.

O voo estava agendado para as 10:30 de sábado como combinado o meu irmão mais velho e os meus pais levaram-me ao aeroporto onde já me esperavam a Cristina e o Vítor. As despedidas foram rápidas, eu e a minha família nunca fomos muito próximos, nunca houve muito carinho, preocupamo-nos uns com os outros mas vivemos cada um por sí. Sabem aquelas famílias que se apoiam, que partilham tudo, essas coisas normais para todos, pois eu não sei o que isso é! O meu irmão passa a maior parte do tempo desaparecido, está sempre com os amigos a viajar tal como os meus pais que passam mais tempo a conhecer outros países do que a dar atenção aos filhos. Tive de aprender a crescer sozinha e não depender de ninguém.

Acreditem a viagem foi uma tortura de 12 horas a contar com a escala, o meu rabo já estava quadrado de tanto tantas horas sentadas mas quando se iniciou a aterragem a vista era maravilhosa, luzes por todo lado e arranha-céus a perder de vista, a chegada não foi como imaginei... Foi melhor!

A Cristina era um amor e durante a longa viagem ela disse - me algo que nunca esqueci - Sofia infelizmente não teremos muito tempo para te dar atenção durante a semana; como sabes o Vítor é responsável pelo departamento de design da grande empresa de relógios que te falámos e eu passo o dia correr de um lado para o outro lá na minha empresa de organização de eventos mas prometo que compensaremos aos fins-de-semana "sobrinha". A Cristina é uma pessoa que tem amor para dar e vender, ela é meiga, alegre, humilde, está sempre a sorrir; só sei que me faz sentir acarinhada e o Vítor também, vejo sinceridade nos olhos deles o que faz com que me sinta como sendo da família e não uma intrusa ou um fardo nas suas vidas.

Nota Autor: Este é o meu primeiro livro.

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