Dançando para ti!

32 - Vida nova

Às 15:00 tive alta e Vítor veio buscar - me, fiquei duas semanas sem sair de casa, todos os dias recebia presentes, flores, chocolates, outros eram cartas de amor e fotos nossas, Matthew fez de tudo para que eu lhe desse uma oportunidade, cada vez que abria a porta para receber os presentes do estafeta via o Austin Martin estacionado na rua mas ignorei sempre. Camuflei a dor para poder seguir em frente, assim que tive autorização médica, comprei uma passagem e regressei ao meu país, vai ser difícil criar um filho sozinha mas eu não conseguia continuar ao lado de um homem que me traiu assim, se me perguntarem se o Amo? Sim e muito mas isso não chega.

Não correu como tinha imaginado, neste momento deveria estar Feliz junto de Matthew o homem por quem eu caí de amores, a vida dá voltas e a minha mudou radicalmente, o meu irmão e a namorada foram os meus pilares e como a casa dos meus pais ainda não tinha sido alugada; fiquei com ela. Todos os dias falava com a Jéssica e Cristina, mas deixei bem frisado que Matthew não seria assunto de conversa o que por vezes tornava o diálogo complicado porque no fundo eu sentia que elas tinham necessidade de perguntar como se sentia em relação à nossa separação. O meu irmão tratava-me como um pai e a Diana revelou-se ser uma mulher trabalhadora, amiga e com paciência de Santa para aturar o Ângelo, ela conhecia muitas pessoas e conseguiu arranjar-me alguns trabalhos de marketing, eram temporários mas tinha de aproveitar para ganhar tudo o que podia enquanto a barriga não se notava; o que não durou muito. Com 5 meses já rebolava, nas ecografias tinha sempre a companhia da Lígia, no dia em que soubemos que era uma menina ficou doida e comprou a loja quase toda, o enxoval praticamente estava feito, a minha amiga passava o dia a apaparicar-me e todas as sextas fazíamos a festa do pijama, sempre com sessões de dança, ela era como uma irmã, ambas sem pais e sem homem...

- Já escolheste o nome da minha sobrinha?

- Hum... Já! - Sempre soube qual seria.

- Então e não dizias nada? Diz lá.

- Melany.

- Que raio de nome é esse?

- Era o nome da avó de Matthew, ele adorava-a e assim podemos chama-la de Mel. (como o mel das abelhas porque é o meu docinho).

- Mel... Gosto! A minha sobrinha é docinha - gargalha.

- Isso quer dizer que lhe vais contar, para ter nome da família do pai?

- Não, isso quer dizer que não o vou excluir da vida da filha, mas neste momento ela é só minha.

-Sabes que vais ter de lhe contar um dia!

- Um dia!

A minha princesa nascia em Setembro mas eu já sonhava com o dia que a teria em meus braços, o tempo foi passando, a barriga pesava tanto que estava sempre com os tornozelos inchados, fiquei uma bolinha! A Lígia mudou-se lá para casa quando cheguei às 35 semanas para não correr o risco de estar sozinha se a Melany decidisse nascer.

Às 38 semanas acordei molhada...

-Lígia, estou molhada - ela estava a dormir comigo.

-As águas rebentaram! Meu deus, vou vesti-me e buscar o saco com as vossas coisas. - Ela parecia uma barata tonta.

- Calma Lígia, assim não vais conseguir conduzir até ao hospital. - Eu ria do seu nervosismo.

Liguei para o meu irmão a avisar, ele e a Diana são a minha única família, dava tudo para ter aqui a família que tenho do outro lado do Atlântico mas não posso desesperar, tenho de controlar a respiração; a minha e a da Lígia que está a bufar como se fosse ela a grávida. Esta minha amiga é uma comédia! Foram 4 Horas de trabalho de parto, eu só queria que o tempo passasse para ver a sua carinha e saber que ela estava bem, com quem seria parecida ou se era perfeita como sonhara e finalmente ela nasceu linda, com 3.880 kg e 50 cm.

Este é o dia mais feliz da minha vida! Depois de tudo o que passei tenho algo que é verdadeiramente meu, só meu, sei que um dia vou ter de pedir perdão por privar Matthew de viver este momento mesmo que fundo tenha sido ele a originar esta situação mas não agora.

Lutarei para lhe dar a melhor educação, amor, saúde e felicidade!