A noite resolvemos andar na beira da praia e torcer pra encontrar algum quiosque aberto. André segurava minha mão o tempo todo.
-Por que você ficou tanto tempo com um cara igual ao Pedro?
-Porque ele não era dessa forma que ele mostrou esses dias. Ele sempre foi atencioso, carinhoso, educado. Eu não sei o que aconteceu com ele.
-Você acha que ele vai continuar te enchendo o saco? Indo atrás de você igual ele fez na chácara?
-Eu espero que não! Aquilo foi assustador demais.
-Eu queria matar ele!
-Eu sei....
-Como ele foi capaz daquilo? Olhe pra você! Você é pequena, atrapalhada, indefesa e olhe o tamanho dele! O dobro de você! Ele é um covarde!
-Você é maior que ele!
-Sou é? - ele perguntou com seu sorriso travesso.
-De altura besta! E o resto também!
André começou a gargalhar e sentou na areia me puxando para seu lado. Passou o braço ao redor do meu pescoço e me deu um beijo na bochecha. Ficamos um tempo olhando o mar e não aguentei de curiosidade.
-Por que você não responde nenhuma das mnhas perguntas?
-Porque são coisas que não tem a necessidade de você saber.
-E quem disse isso?
-Eu!
-Eu você dá a última palavra?
-Sim!
-Você é ridículo!
Tirei seu braço de cima do meu ombro.
-Por quê?
-Por quê? Porque eu respondo todas suas perguntas e você não responde nenhuma minha? Porque você sabe toda ainda vida e eu não sei nem se seu nome é mesmo André?
Ele fez uma cara estranha.
-Ai Meu Deus! Seu não nome não é André! !
-Ná...
-Eu não quero conversar com você agora!
-Mas vamos conversar sim! O que você quer de mim? Você me contratou esqueceu?
-Não! Não esqueci! Só achei que as coisas estavam diferentes agora! Mas tem esse detalhe! Eu te contratei! Você está aqui somente por esse motivo!
-Diferente como? O que você quer de mim? Você sabe que não é nada disso!
-Quer saber de uma coisa? Não quero nada de você! Você não consegue ser sincero! Não consegue responder perguntas simples. Então não quero nada de você!
Me levantei comecei a fazer o caminho de volta para a casa dele.
-Ná! Espera!
Parei onde eu estava. Sem virar pra ele.
-Isso é muito assustador pra mim!
-O que? Você responder as minhas perguntas? - olhei para André.
-Não! Isso! - ele apontou pra mim e depois pra ele - Nós! Eu não sei o que pensar!
-Que bom! Porque eu também não sei mais! Eu só quero dormir pode ser?
-Mas..
-Obrigada!
Voltamos em passos largos para a casa. Assim que André abriu a porta fui direto para o banheiro tomar um banho. A água quente relaxou meus músculos e minha mente também. Me sequei e coloquei minha camiseta. Assim que abri a porta do banheiro, vi André sentado na beira da cama olhando para mim.
-Desculpa pelo meu surto.- falei baixo.
-Está tudo bem.. - ele falou sussurrando.
-Ótimo.
-Ná..
-O quê?
-Eu não sei o que você quer de mim! Eu não sei o que estou fazendo de errado!
-Nada.
-Nada?
-Sim! Uma única palavra responde as suas perguntas.
-E agora?
-Agora? Amanhã você me leva de volta pra minha casa e depois me fala quanto te devo pelo algo a mais que não estava no combinado!
Peguei o travesseiro e um cobertor que estava sobrando na cama e levei para a sala. Os coloquei no tapete fofinho e deitei logo em seguida.
Fiquei me revirando a noite toda sem conseguir dormir, então decidi levantar e andar um pouco. Peguei um copo de água na cozinha e me sentei na entrada da casa. Não tinha carros, não tinha vento, não tinha pessoas, somente o barulho dos grilos. Fiquei um bom tempo pensando nos dois últimos dias. O que era pra ser uma simples comemoração, um simples casamento de uma amiga se tornou em um buraco a mais em meu coração. Cheio de mágoas e ressentimentos. Eu não poderia exigir nada de André. Ele não era nada meu. Ele tinha direito de não querer compartilhar sua vida comigo. E eu teria que saber respeitar isso. Eu tinha três opções:
*Ir embora e fazer André sair da minha vida pra sempre;
*Fingir que nada aconteceu e aproveitar esses últimos dias com ele;
*Decidir que devemos ser somente amigos.
Respirei fundo e me levantei. Fui até o tapete fofinho e André estava deitado nele dormindo abraçado ao travesseiro. Me aproximei devagar e me deitei ao seu lado puxando o cobertor para nos cobrir. André abriu os olhos e me abraçou.
-Eu não quero que você vá embora!
Fiquei em silêncio. Eu não sabia o que fazer ainda. Eu não estava disposta a me magoar igual aconteceu com Pedro.
-Fala que você não vai embora!
-Eu não sei mais André! Ou qual seja o seu nome.
Ele ficou em silêncio me olhando.
-Lucas.
-O quê? - respondi sem entender o que ele queria dizer.
-Meu nome é Lucas. Eu não gosto de vir aqui porque foi onde encontraram meu irmão morto de overdose. Meus pais não falam mais comigo dizendo que a culpa foi minha. Eu nem me importo com isso. Eu namorei uma garota que me deu um pé na bunda por causa do meu trabalho. Disse que não era digno. E não é mesmo! Mas é o que me sustenta até hoje, então funciona pra mim! Nunca tive um motivo pra largar esse trabalho. Ela não valia a pena. Você vale! Você ainda vai embora?
Suspirei e seus olhos azuis me fitavam esperando uma resposta. Dei um beijo nele e respondi.
-Não! Eu não vou pra lugar nenhum!
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NAMORADO ALUGADO (DEGUSTAÇÃO) Livro 1
Romance"Há um ano atrás Nataly foi abandonada pelo seu noivo quando estavam com o casamento já marcado. Por obra do destino, uma de suas amigas irá se casar e terá como padrinho de casamento justamente seu ex-noivo. Decidida a demonstrar ter superado o a...