Apertei as teclas duras do telefone grudado na parede branca. Era loucura gastar a minha ligação do dia para Melissa, considerando que ela havia me visitado de manhã, e que seus pais poderiam simplesmente atender e desligar. Mas sua vinda tinha sido tão... Intensa e rápida. Eu não poderia dormir sem saber se ela estava... Razoavelmente bem.
"Diga seu nome após o sinal." – a voz eletrônica me alertou do outro lado da linha.
Minha respiração quase parou ao saber que realmente tinham atendido. Esperei alguns segundos, observando a tecla do número oito já quase invisível á minha frente.
- Elizabeth Taylor. – disse após ouvir um sinal agudo.
Como não houve interação do outro lado da linha, eu continuei:
- Melissa. Melissa, é você?
Nenhuma resposta. Olhei para a grade de ferro trançado ao meu lado e encostei meus dedos de leve nela. Eu não sonhava, eu acho. Podia ouvir uma respiração ao outro lado.
- Alô? – chamei novamente.
- Por que está ligando pra cá? – não era a voz de Melissa, parecia a mãe dela, embora eu não pudesse ter muita certeza, com a qualidade que o som chegava á mim.
- Eu só... Eu... – era como se eu acabasse de ter perdido o objetivo da missão. Game Over pra mim - Não sei. – respondi.
- Então não ligue mais. – agora, eu podia perceber traços de uma voz embargada pelo choro. Tudo bem, eu era uma louca que ligava para a filha dela, mas acho que isso criaria medo, e não tristeza.
- Sra. Thompson, o que aconteceu? – reuni toda minha coragem para falar aquilo.
- Melissa foi até aí. – ela disse, mas eu não soube se era uma pergunta ou uma ameaça.
- Ela... – eu comecei, mas fui interrompida.
- Foi como uma amiga, Elizabeth. Sem a minha permissão, sem o meu consentimento. – sua voz estava pior agora – E, se quer saber por mim, eu não me importo se você está aí por justa causa ou não! – aquilo me assustou – Porque, seja lá o que você tenha dito para minha filha fazer o que ela fez, vai se arrepender muito! – a voz dela, sempre tão carinhosa comigo, agora tinha apenas o mais puro ressentimento.
"Fazer o que ela fez"?
Resolvi esperar alguns segundos, enquanto o silêncio pairava.
- Melissa "admitiu" ter matado Nathanyel, caso você não tenha notícias nessa espelunca. – o telefone tremeu em minhas mãos quando eu escutei o que ela disse – E agora, ela está em uma cela! E espero realmente que se culpe por isso, porque está certa em fazê-lo! – a voz dela estava agora tão mal, que eu quase podia ouvir suas lágrimas pelo telefone.
E ela estava certa. Era minha culpa. A visão de Melissa com algemas nos pulsos me deu uma sensação congelante no estômago.
- Obrigada por atender. – não sei o porquê, mas aquilo me pareceu o certo a dizer, embora eu soubesse que eu provavelmente havia assinado meu relato de culpa e aumentado seu ódio por mim – Tenha uma boa tarde.
E coloquei o telefone no gancho.
Era isso. Game Over mesmo. Melissa estava na cadeia. Agora, tudo pelo que eu realmente importava estava... Morto. Cerrei meus punhos e bati na parede ao meu lado com força. Levei um tempo para assemelhar as coisas e voltar a respirar com tranquilidade, e então tentei me recompor. Afinal, Melissa estava bem melhor na cadeia... Do que num hospício. Bethany ajudaria ela, como me ajudou – se ela ainda tivesse seu emprego depois do que havia feito. Por um momento, quase tive vontade de comemorar. Será que eu poderia fazer um bolo?
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Faces Sob Máscaras
Fanfiction"Você nunca realmente conhece uma pessoa antes de descobrir, da pior maneira, o que sua máscara esconde." Elizabeth Taylor é a famosa "valentona" de Royal's College. Após a separação de seus pais, sua única regra é a de que nunca veriam suas lágrim...