Capítulo XVIII - Elizabeth - "Insanidade é uma máscara?"

12 2 0
                                    



Apertei as teclas duras do telefone grudado na parede branca. Era loucura gastar a minha ligação do dia para Melissa, considerando que ela havia me visitado de manhã, e que seus pais poderiam simplesmente atender e desligar. Mas sua vinda tinha sido tão... Intensa e rápida. Eu não poderia dormir sem saber se ela estava... Razoavelmente bem.

"Diga seu nome após o sinal." – a voz eletrônica me alertou do outro lado da linha.

Minha respiração quase parou ao saber que realmente tinham atendido. Esperei alguns segundos, observando a tecla do número oito já quase invisível á minha frente.

- Elizabeth Taylor. – disse após ouvir um sinal agudo.

Como não houve interação do outro lado da linha, eu continuei:

- Melissa. Melissa, é você?

Nenhuma resposta. Olhei para a grade de ferro trançado ao meu lado e encostei meus dedos de leve nela. Eu não sonhava, eu acho. Podia ouvir uma respiração ao outro lado.

- Alô? – chamei novamente.

- Por que está ligando pra cá? – não era a voz de Melissa, parecia a mãe dela, embora eu não pudesse ter muita certeza, com a qualidade que o som chegava á mim.

- Eu só... Eu... – era como se eu acabasse de ter perdido o objetivo da missão. Game Over pra mim - Não sei. – respondi.

- Então não ligue mais. – agora, eu podia perceber traços de uma voz embargada pelo choro. Tudo bem, eu era uma louca que ligava para a filha dela, mas acho que isso criaria medo, e não tristeza.

- Sra. Thompson, o que aconteceu? – reuni toda minha coragem para falar aquilo.

- Melissa foi até aí. – ela disse, mas eu não soube se era uma pergunta ou uma ameaça.

- Ela... – eu comecei, mas fui interrompida.

- Foi como uma amiga, Elizabeth. Sem a minha permissão, sem o meu consentimento. – sua voz estava pior agora – E, se quer saber por mim, eu não me importo se você está aí por justa causa ou não! – aquilo me assustou – Porque, seja lá o que você tenha dito para minha filha fazer o que ela fez, vai se arrepender muito! – a voz dela, sempre tão carinhosa comigo, agora tinha apenas o mais puro ressentimento.

"Fazer o que ela fez"?

Resolvi esperar alguns segundos, enquanto o silêncio pairava.

- Melissa "admitiu" ter matado Nathanyel, caso você não tenha notícias nessa espelunca. – o telefone tremeu em minhas mãos quando eu escutei o que ela disse – E agora, ela está em uma cela! E espero realmente que se culpe por isso, porque está certa em fazê-lo! – a voz dela estava agora tão mal, que eu quase podia ouvir suas lágrimas pelo telefone.

E ela estava certa. Era minha culpa. A visão de Melissa com algemas nos pulsos me deu uma sensação congelante no estômago.

- Obrigada por atender. – não sei o porquê, mas aquilo me pareceu o certo a dizer, embora eu soubesse que eu provavelmente havia assinado meu relato de culpa e aumentado seu ódio por mim – Tenha uma boa tarde.

E coloquei o telefone no gancho.

Era isso. Game Over mesmo. Melissa estava na cadeia. Agora, tudo pelo que eu realmente importava estava... Morto. Cerrei meus punhos e bati na parede ao meu lado com força. Levei um tempo para assemelhar as coisas e voltar a respirar com tranquilidade, e então tentei me recompor. Afinal, Melissa estava bem melhor na cadeia... Do que num hospício. Bethany ajudaria ela, como me ajudou – se ela ainda tivesse seu emprego depois do que havia feito. Por um momento, quase tive vontade de comemorar. Será que eu poderia fazer um bolo?

Faces Sob MáscarasOnde histórias criam vida. Descubra agora