Capítulo XXIV - Brianna - O Final (Parte 2)

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- Ai, meu Deus!- disse e corri até ela. Meu sorriso era tão largo que eu, por um momento, achei que alcançava minhas orelhas. Passei os braços em torno de seu pescoço, num movimento ávido.

- Ai.- ela disse, e eu me afastei.

- Desculpa, desculpa! Machuquei? Ai, Senhor!- abanei os braços, e ela deu uma risada, seguida por uma crise de tosse.

- Ui... que sexy nessa... roupa de enfermeira.- ela sorriu e eu ri baixo.- Cara, você... não sabe como... é... uma merda... estar morrendo.- ela inspirava a cada pequena frase que pronunciava. Franzi as sobrancelhas.

- E você não sabe como é uma merda ver uma pessoa morrer.

- Ai, ai, ai... lá vem... você com... esse... sentimentalismo. Bem que... você disse... que era dramática demais. Eu... concordo...- ela abriu um sorriso pequeno e se endireitou na cama, fazendo uma careta. Em seguida, ajeitou o tubo fino que ia até suas narinas e olhou para mim. Seu rosto estava sujo ainda, e um dos olhos levemente inchado.- Ah, e eu... já sabia que... você era... demente.

- Sabia que você podia ouvir o que eu falava!- disse, rindo. Eu estava maravilhada demais.- Pra ser sincera, eu... realmente estava me preparando para, sabe... passar uns meses, ou quem sabe anos, vindo até aqui no hospital te contando "as novidades do dia", ou coisa parecida. Mas você melhorou rápido demais, como isso é possível? É perfeito!

Elizabeth forçou um pequeno sorriso, mas seus lábios tremeram. Ela curvou o canto da boca e baixou o olhar, como se estivesse a ponto de chorar... muito. Estava acontecendo uma coisa ali e eu não sabia. Levei a mão ao seu ombro e passei o polegar sobre o tecido azul áspero do hospital.

- Ei... vai ficar tudo bem, o.k.? Você... quer me contar alguma coisa?- sussurrei, e ela levantou a cabeça, enxugando uma lágrima que ameaçava cair.

- Não, eu só... estou feliz. Feliz por... você estar aqui... comigo. De poder... te tocar... e te ver... feliz também.

- Eu liguei para a Melissa. Ou melhor, ela me ligou. Ou melhor, ligou pra você. É. -me atrapalhei e sorri, mas Eliza mordeu o lábio. Me senti como se fôssemos garotas de seis anos e eu tivesse acabado de xingar sua mãe- Ela já está vindo, tudo bem?

- Eu amo... tanto, tanto a Melissa...- ela murmurou, erguendo as sobrancelhas- Amo... muito mesmo. Ah, e a minha... mãe. Apesar de... ela não ser a... melhor do... mundo. E, Deus, como eu... fui me esquecer... da Nora?

- Por que está fazendo uma lista de quem ama?- perguntei, dando um sorriso de lado. Ela me olhou como se fosse óbvio.

- Porque, Brianna... Collins... eu meio que... voltei dos mortos... isso não foi... nada... divertido. Foi como se... eu estivesse... num episódio... de... The Vampire Diares...- eu ri e ela também, o que significou mais um tempo de tosse- Não, espera... isso foi divertido. Queria ter... visto o... Ian Somerhalder. E, por favor... não me faça... rir, caramba.

Sorrimos, e ela envolveu minhas mãos com os dedos trêmulos. E frios. Ela não estava tomando morfina demais? Mas não disse nada, apenas quis sentir o momento. Deus, a quanto tempo eu não podia respirar e me acalmar e relaxar, mesmo que fosse numa cadeira de hospital. Ao fundo, talvez em um ponto do corredor, havia um rádio pequeno tocando uma música melancólica. Depressiva, talvez... eu conhecia... The Sound of Silence. E era exatamente o que eu estava desfrutando agora, não? Nada melhor do que ouvir o som do silêncio quando tudo parecia estar finalmente se esfriando.

" – Ah, qual é, Barbara!- meu pai disse, entre risos quando minha mãe o puxou da cadeira de balanço. Ele largou o jornal na mesa, e os corpos dos dois ficaram colados uns nos outros. Ela sorriu e colocou as mãos em seus ombros.

Faces Sob MáscarasOnde histórias criam vida. Descubra agora