Capítulo XXIII - Brianna - O Final (Parte 1)

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Eu ainda tinha Elizabeth nos braços quando a ambulância chegou. Um carro grande e branco, com luzes vermelhas e azuis que ofuscavam minha visão temporariamente. Eu estava apavorada; por mais que eu a sacudisse, ou gritasse seu nome, Eliza não abria os olhos. Nem emitia som algum.

Vários paramédicos vestidos de branco saíram da ambulância, alguns carregavam uma maca, outros uma maleta. Ele correram na nossa direção, e ao ver do jeito que as coisas estavam, franziram a testa, como se estivessem pensando "É, não foi um trote". Dois homens se ajoelharam ao lado de Daniel, checaram seu pulso e os batimentos cardíacos. Um deles levantou sua pálpebra com certa delicadeza, passando uma lanterninha pelos seus olhos. Pupilas dilatadas. Um sinal clássico de que a pessoa já tinha ido à óbito.

Mais três médicas chegaram perto de mim e de Elizabeth, e eu me obriguei a soltá-la e ir para mais longe enquanto todos a socorriam com perspicácia e habilidade.

- E-ela vai ficar bem?- perguntei, mas ninguém me respondeu. Estavam concentradas demais para prestar atenção nas pessoas à suas voltas. Só precisavam de mais ajuda.

Enquanto isso, os outros dois cobriram o corpo de Dan com uma capa preta, o que me deu calafrios. Dei um passo para trás, balançando a cabeça negativamente, como se estivesse em um estado de negação. Não sei. Talvez estivesse mesmo. Senti algo duro embaixo da sola do meu sapato, um relevo diferenciado do chão cimentado. Puxei com destreza a saia do vestido, até ver um objeto preto, levemente arranhado... ah, claro que sim. O celular que Eliza tinha no bolso.

Me curvei e o peguei, teclando alguma coisa para ver se ainda funcionava. "Mas é óbvio que funciona. Uma relíquia da época da Lei Seca como essa? Nunca estragaria assim tão fácil." Pude imaginá-la dizendo isso casualmente, e sorri com o pensamento, enxugando as lágrimas. A essa altura, meu rosto já estaria uma mistura confusa e sórdida de maquiagem, lágrimas e sangue.

- Um, dois, três, vai!- uma médica de cabelos presos disse isso ao ajudar as demais colegas a colocarem Elizabeth na maca. A parte de cima de seu vestido, antes azul clara, estava numa cor vermelha-viva por causa do sangue que emanava de sua ferida. O tecido também tinha sido rasgado pelas paramédicas para examiná-la melhor, deixando à mostra a região de seu abdômen e de sua perna direita.

Elas correram com a maca para dentro da ambulância, tudo tão rápido, e eu estava atordoada demais... era difícil acompanhar. Mas eu iria ficar junto de Elizabeth. Entrei para dentro com elas, que tiveram que pedir ajuda aos outros paramédicos. Nesse momento, no final da rua, duas viaturas viraram a esquina com alta velocidade. Foram acionadas. Já podia imaginar o beco cercado pelas fitas amarelas, isolando o "local do crime".

As portas foram fechadas, e senti o carro dando partida. Lá dentro, tão apertado. Com o arrancão, fui lançada para o fundo da ambulância, enquanto todos ali faziam os procedimentos. Retesei meu corpo, esticando minha mão para frente. Eu só queria... Queria que ela soubesse que eu estava ali com ela. Só isso. Eu precisava. Mais um pouco... assim que meus dedos tocaram as costas de suas mãos geladas e pálidas, foi como um alívio para mim. Relaxei um pouco, mas sem soltá-la. Era como se um simples toque fosse uma fonte de energia.

- Parada respiratória!- disse uma das mulheres, pegando algumas coisas atrás dela.

A paramédica de cabelos presos introduziu um tubo branco em sua garganta e um balão azul e começou a apertá-lo várias vezes seguidas, mas as outras negaram com a cabeça, expressando desapontamento. Então a médica retirou o tubo e o balão, e uma outra passou uma substância quase líquida, de uma cor alaranjada em sua garganta. Em seguida, pegaram um bisturi e fizeram um pequeno corte vertical no mesmo lugar. Não pude deixar de sentir meus nervos à flor da pele quando vi a cena.

Faces Sob MáscarasOnde histórias criam vida. Descubra agora