Capítulo 12.

652 56 19
                                    

Pov's Dulce María.

Fazia três semanas que eu havia voltado à minha prisão domiciliar e tinha uma novidade a respeito: Eu agora possuía uma espécie de babá, ou chamem de cão de guarda. O fato era que, eu estava ferrada! E a liberdade? Era um sonho, um sonho distante.

--- hora de almoçar, Saviñón.

--- não estou com fome --- virei o rosto para o lado oposto que se encontrava Zoraida, minha carcereira.

--- até quando vai continuar com isso?

--- tenho certeza que Fernando não te paga para questionar minha vida. --- eu odiava quando os empregados se intrometiam a onde não deviam.

--- que criança mimada. --- bufou. --- quando sentir fome, me avise que eu esquento sua papinha. --- foi rumo a porta.

Como ela ousava falar comigo assim? Eu definitivamente odiava meu pai.

--- ei, quem você pensa que é? Se ponha em seu lugar! Agora sai, anda, sai. --- levantei e a expulsei do meu quarto.

Assim que ela saiu bati a porta com o máximo de força que pude.

--- como assim eu não posso entrar?Você me conhece? Sabe com quem está falando? Chegou quando? Eu estou aqui à anos. ANOS!

Me espantei com uma voz em um tom, um tanto alto. Nem me lembrava de ter adormecido.

E isso? Consequência do cárcere. Sem celular, tablet, computador, notebook ou qualquer tipo de eletrônico. Nem ao menos uma carta.

Nesse momento eu estava cheia de inveja de cada marginal, eles tinham direito a visita, e eu, nem isso. E as que eu tinha, nem preciso destacar: Fernando, Zoraida e Lúcia.

Levantei e fui checar de onde a voz exaltada vinha.

Me deparei com Christian, meu melhor amigo. Sua mão esquerda estava fixa na cintura e outra... Pera. A outra tinha o dedo indicador bem perto do rosto de Zoraida.

Eu ri no mesmo instante.

Conhecendo Christian soube que a situação ia de mau a pior então resolvi intervir.

--- ei, ei, ei! O que está acontecendo aqui? Pensam que é a casa da mãe Joana?

--- não, da mãe Blanca. --- retrucou Christian com um enorme bico.

--- andem, me expliquem! --- o ignorei.

--- esse projeto fracassado de capitão Nascimento não quer me deixar entrar. --- a acusou.

--- projeto de que? Oi? Se controla sua mariposa! --- ela retrucou.

Juntei o máximo de paciência que me restava antes de perguntar.

--- por que não o deixou entrar?

--- seu pai me deu ordens específicas para que você não receba visitas. --- sustentou sem perder a pose.

--- até um preso tem direito a visita sabia? E tem mais, eu posso denúncia-los por cárcere privado.

--- como? Por sinal de fumaça? --- E mais uma vez ela ousava me desafiar.

Eu estava perdendo o controle, ela tinha a coragem de me afrontar e na frente de outra pessoa.

--- Christian? - o chamei pronta para atacar.

--- eu?

--- pode ser minha testemunha, não? --- ela me lançou um olhar receoso, mas logo entendeu.

--- claro. Eu ia amar fazer barraco em uma delegacia, chorar no colo de um policial bombado... Ai aquelas algemas. --- abanou-se entrando no meu jogo com seu melhor sorriso e o lhar fixo em Zoraida.

--- o que acha senhorita, Gomez? Ficaria ótimo em seu currículo "experiência em cárcere privado" --- Ergui a sobrancelha a desafiando e segurei o riso ao ver a expressão assustada em seu rosto.

--- eu não posso.Tenho ordens. --- suplicou.

--- esse será o nosso segredo, o que acha? --- estendi a mão em forma de uma trégua.

--- mas e os outros empregados? Seu amigo é bem chamativo.

Christian revirou os olhos antes de mostrar-lhe o dedo do meio.

--- eu sei como calá-los. --- garanti.

Bem simples, se contentavam com míseros cinqüenta reais.

--- está bem. --- de cabeça baixa ela confirmou.

Christian estava radiante. O peito estufado, o rosto erguido o mais alto que podia demonstrava.

Senti uma ponta de pena de Zoraida, mas ela merecia. Então logo tratei de afastar da minha mente esse tipo de pensamento. Por que eu devia ter consideração com alguém que não tinha comigo?

--- você é maluca? O que deu na sua cabeça? Some e não avisa nada. Se eu fosse seu pai, no mínimo te exilaria em uma ilha deserta sem comida e água.

Foram as primeiras palavras da minha mariposa assim que eu tranquei a porta do quarto.

--- eu não quero sua opinião e se veio pra dar sermão, a porta fica bem aqui. Devo destrancá-la? --- sem tirar a mão da maçaneta o encarei.

Christian e Alfonso aparentemente pensavam que eram meu pai, era a única explicação. E o pior, eles pareciam mais pais do que Fernando e Blanca.

--- você devia tentar ser mais dócil, essa sua hostilidade só tem te feito mal. --- passou a mão em cada ombro que se retirasse poeira dali. Em seguida se jogou sobre a cama e a mola quase o fez voltar ao lugar de antes arrancando uma risada escandalosa dele.

--- você não sabe da minha vida. E chega desse assunto! Perdi uma amiga na Espanha, não estou com vontade de perder um no Brasil, mas se você assim quiser... Sem problema algum. --- o ameacei.

--- eu gostaria de ler a sua mente, sabe. Que nem o professor Xavier ou a Jim Grey, é, pareço mais a Jim. --- balançou a cabeça erguendo o queixo. --- . Só para saber como funciona essas suas ideias, porque, entender não teria como.

--- para! Eu já cansei. C-A-N-S-E-I! vocês me tarjam sempre de a problemática.

--- por que será, hein?! --- resmungou.

E eu senti meu sangue ferver. Por que ele não esquecia o assunto? Já tinha passado e eu estava bem... Pelo menos fisicamente, não era apenas isso que importava a todos?

--- vai embora, Já! Some da minha frente!

--- okay, okay. Chega de agressividade. Paz e amor, que tal?

Bufei ainda irritada.

Eu não tinha mais ninguém. Com tudo, Christian era o único que estava ali por mim.

--- está bem. --- cedi. --- Me conta, o que aconteceu por aqui e ainda continua acontecendo? --- reverei os olhos ao lembrar do castigo.

Que saudades de sair na rua, disputar um racha, encher a cara, até mesmo ver o rosto de pessoas --- não importando o quão irritantes são.

--- vem aqui.--- me chamou para seu colo e eu deitei e repousei minha cabeça em sua coxa. --- vou te contar tudinho! - falou animado.

Las quiero

Quédate - VONDY.Onde histórias criam vida. Descubra agora