Capítulo 16.

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Pov's Dulce María.

Acordei com um barulho irritante e em seguida um clarão. Abri os olhos de leve e Droga! Aquela luz mirou certa sobre eles.

--- bom dia, bela adormecida... --- Zoraída cantarolou. --- se bem que você tá a cara da fera --- completou e riu.

--- são contos diferentes, sua idiota --- resmunguei baixo.

Minha cabeça pesava, doía e girava ao mesmo tempo. Eu odiava ressacas, mas era preciso lidar com algumas quase sempre.

--- fecha essa janela e essas cortinas e faz o favor de sumir daqui! --- virei-me para o outro lado tentando fugir do sol.

--- e vai perder um lindo dia? Você é muito tonta mesmo.

Levantei em um impulso e em seguida me arrependi por isso. Minha cabeça pesava mais do que as das super poderosas.

--- maldito whisky. --- praguejei baixo e voltei minha atenção para Zoraida --- não me chame de tonta.

--- se ofendeu? --- ergueu a sobrancelha.

--- não é da sua conta. --- retruquei com raiva.

--- bom, sendo ou não, você tem meia hora para descer arrumada, tomar seu café e recolher suas malas. --- ela informou como se tivesse decorado a ordem perfeitamente.

--- o quê? Do que você tá falando? --- qual poderia ser o joguinho da vez?

--- ordens do seu Fernando...

--- posso saber o por que disso? E como assim recolher minhas malas? Está louca? Não pretendo ir a lugar algum.

--- eu tenho a leve certeza que você já sabe o real motivo. - deduziu pela minha expressão.

--- significa então que...

--- sim, estamos de mudança, princesa.

--- estamos? Plural? Você também faltou as aulas de língua portuguesa?

--- sim, estamos. --- ignorou-me. --- a melhor parte eu não te contei e adivinha? --- não esperou uma resposta. --- eu vou junto! --- levantou os braços animada.

Ou pelo menos fingiu para se divertir com minha desgraça.

--- isso é um pesadelo, não é? Por favor diz que sim...

--- não. --- falou lentamente.

Zoraida estava se divertindo com aquilo, e fazia questão de deixar nítido.

--- trinta minutos, não se preocupe que suas malas já estão a sua espera... Bom dia! --- piscou e saiu.

Bufei e voltei a me jogar na cama.

Xinguei todos os ancestrais possíveis da família Saviñón e levantei por fim.

Tomei meu banho e em poucos minutos já estava pronta, só me faltava coragem para descer e encarar minha realidade. Fui dispersa de meus pensamentos com duas batidas na porta.

--- o motorista recebeu ordens para irmos agora mesmo --- Zoraida colocou metade do rosto dentro do quarto.

--- eu nem tomei café. --- reclamei.

--- sinto muito, ordens são ordens.

--- mas que porra! Eu tenho alguma outra alternativa? --- ela negou. --- então vamos até a forca. --- falei desanimada e segui para fora com a maior "animação" que pude.

Ao chegarmos na tal casa fomos recebidas por minha "querida madrasta".

Para variar tinha um sorriso largo no rosto. --- e quando não tinha? --- algumas vezes me passava pela cabeça a ideia de que ela tenha algum contrato com uma marca de pasta de dentes e essas coisas.

--- olá, querida --- acenou e veio em minha direção para me abraçar.

--- oi. --- fiz uma careta e me afastei antes que ela pudesse se aproximar.

Zoraida me repreendeu com o olhar.

Dane-se.

--- você deve ser a Zoraida, estou certa? --- Jacqueline deduziu.

--- sim... Prazer dona...

--- Jacqueline, e nada de dona , por favor...

Revirei os olhos, isso era só uma amostra do que eu teria que enfrentar em meu novo "lar".

--- bem, vamos entrar... Mostrarei seus quartos...

Resumindo: um blá, blá, blá sem fim.

--- agora que estão instaladas o que acham de conhecer a casa? --- falou empolgada.

--- claro. --- Zoraida respondeu animada.

--- tô dispensando. --- joguei meu corpo sobre a parede continuei a mascar o ciclete.

--- vamos Dulce...

--- eu não quero, você é surda? Tenho que fazer mímica ou o quê?

--- acho melhor deixá-la, deve estar cansada. --- Zoraida tentou amenizar.

--- sim estou cansada. Cansada desse circo todo. --- dei um sorriso cínico.

Não fazia a mínima ideia de quantas horas estava presa naquele quarto. Me recusei a descer ou sair dali. Não queria olhar para a cara de ninguém, muito menos daquela loira sem graça. Sabia que se a encontrasse terminaria o que comecei na noite anterior.

Meu estômago já estava me matando, eu estava com fome e sede, mas não daria o braço a torcer. Quando por fim constatei que era madrugada, que todos estavam em seus quartos e a casa em o mais puro silêncio decidi descer, pois não aguentava mais.

Vasculhei o que poderia ter na geladeira e nos armários, encontrei o suficiente para me manter. Eu precisava ao menos de quatro sanduíches e dois copos de suco, talvez um pouco de sorvete como sobremesa.

Assim que terminei de preparar meus sanduíches, coloquei o suco em um copo grande o suficiente e peguei o pote de sorvete junto a uma colher. Me equilibrei como pude e na hora que ia saindo da cozinha sem deixar rastro algum imbecil bateu de frente comigo.

Quédate - VONDY.Onde histórias criam vida. Descubra agora