Pov's Dulce María.
Acordei com um barulho irritante e em seguida um clarão. Abri os olhos de leve e Droga! Aquela luz mirou certa sobre eles.
--- bom dia, bela adormecida... --- Zoraída cantarolou. --- se bem que você tá a cara da fera --- completou e riu.
--- são contos diferentes, sua idiota --- resmunguei baixo.
Minha cabeça pesava, doía e girava ao mesmo tempo. Eu odiava ressacas, mas era preciso lidar com algumas quase sempre.
--- fecha essa janela e essas cortinas e faz o favor de sumir daqui! --- virei-me para o outro lado tentando fugir do sol.
--- e vai perder um lindo dia? Você é muito tonta mesmo.
Levantei em um impulso e em seguida me arrependi por isso. Minha cabeça pesava mais do que as das super poderosas.
--- maldito whisky. --- praguejei baixo e voltei minha atenção para Zoraida --- não me chame de tonta.
--- se ofendeu? --- ergueu a sobrancelha.
--- não é da sua conta. --- retruquei com raiva.
--- bom, sendo ou não, você tem meia hora para descer arrumada, tomar seu café e recolher suas malas. --- ela informou como se tivesse decorado a ordem perfeitamente.
--- o quê? Do que você tá falando? --- qual poderia ser o joguinho da vez?
--- ordens do seu Fernando...
--- posso saber o por que disso? E como assim recolher minhas malas? Está louca? Não pretendo ir a lugar algum.
--- eu tenho a leve certeza que você já sabe o real motivo. - deduziu pela minha expressão.
--- significa então que...
--- sim, estamos de mudança, princesa.
--- estamos? Plural? Você também faltou as aulas de língua portuguesa?
--- sim, estamos. --- ignorou-me. --- a melhor parte eu não te contei e adivinha? --- não esperou uma resposta. --- eu vou junto! --- levantou os braços animada.
Ou pelo menos fingiu para se divertir com minha desgraça.
--- isso é um pesadelo, não é? Por favor diz que sim...
--- não. --- falou lentamente.
Zoraida estava se divertindo com aquilo, e fazia questão de deixar nítido.
--- trinta minutos, não se preocupe que suas malas já estão a sua espera... Bom dia! --- piscou e saiu.
Bufei e voltei a me jogar na cama.
Xinguei todos os ancestrais possíveis da família Saviñón e levantei por fim.
Tomei meu banho e em poucos minutos já estava pronta, só me faltava coragem para descer e encarar minha realidade. Fui dispersa de meus pensamentos com duas batidas na porta.
--- o motorista recebeu ordens para irmos agora mesmo --- Zoraida colocou metade do rosto dentro do quarto.
--- eu nem tomei café. --- reclamei.
--- sinto muito, ordens são ordens.
--- mas que porra! Eu tenho alguma outra alternativa? --- ela negou. --- então vamos até a forca. --- falei desanimada e segui para fora com a maior "animação" que pude.
Ao chegarmos na tal casa fomos recebidas por minha "querida madrasta".
Para variar tinha um sorriso largo no rosto. --- e quando não tinha? --- algumas vezes me passava pela cabeça a ideia de que ela tenha algum contrato com uma marca de pasta de dentes e essas coisas.
--- olá, querida --- acenou e veio em minha direção para me abraçar.
--- oi. --- fiz uma careta e me afastei antes que ela pudesse se aproximar.
Zoraida me repreendeu com o olhar.
Dane-se.
--- você deve ser a Zoraida, estou certa? --- Jacqueline deduziu.
--- sim... Prazer dona...
--- Jacqueline, e nada de dona , por favor...
Revirei os olhos, isso era só uma amostra do que eu teria que enfrentar em meu novo "lar".
--- bem, vamos entrar... Mostrarei seus quartos...
Resumindo: um blá, blá, blá sem fim.
--- agora que estão instaladas o que acham de conhecer a casa? --- falou empolgada.
--- claro. --- Zoraida respondeu animada.
--- tô dispensando. --- joguei meu corpo sobre a parede continuei a mascar o ciclete.
--- vamos Dulce...
--- eu não quero, você é surda? Tenho que fazer mímica ou o quê?
--- acho melhor deixá-la, deve estar cansada. --- Zoraida tentou amenizar.
--- sim estou cansada. Cansada desse circo todo. --- dei um sorriso cínico.
Não fazia a mínima ideia de quantas horas estava presa naquele quarto. Me recusei a descer ou sair dali. Não queria olhar para a cara de ninguém, muito menos daquela loira sem graça. Sabia que se a encontrasse terminaria o que comecei na noite anterior.
Meu estômago já estava me matando, eu estava com fome e sede, mas não daria o braço a torcer. Quando por fim constatei que era madrugada, que todos estavam em seus quartos e a casa em o mais puro silêncio decidi descer, pois não aguentava mais.
Vasculhei o que poderia ter na geladeira e nos armários, encontrei o suficiente para me manter. Eu precisava ao menos de quatro sanduíches e dois copos de suco, talvez um pouco de sorvete como sobremesa.
Assim que terminei de preparar meus sanduíches, coloquei o suco em um copo grande o suficiente e peguei o pote de sorvete junto a uma colher. Me equilibrei como pude e na hora que ia saindo da cozinha sem deixar rastro algum imbecil bateu de frente comigo.
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Quédate - VONDY.
RandomUma garota rebelde, muita das vezes impulsiva, que vive o hoje sem pensar no amanhã. Um jovem responsável, que sonha em ter um futuro brilhante. O que tem em comum? Absolutamente, nada. Mas, e se o destino resolver os juntar. seria para lhe pregar u...