Pov's Dulce María.
Eu estava me adaptando a prisão domiciliar. até que não era tão ruim quanto a antiga. Talvez fosse o fato de Blanca não estar ali. Isso era tão estranho, --- já fazia seis meses desde que ela havia ido embora, eu devia estar feliz, afinal ela nunca se importou comigo, mas eu sentia sua falta. Isso me deixava extremamente raivosa.
--- dia difícil também?
Tomei um susto, não esperava que alguém fosse aparecer ali.
Eu me sentia frustada.
Quando finalmente achava ter encontrado um lugar só para mim, alguém o encontra, ME encontra.
--- não --- sequei a lágrima rebelde que me acusava. --- eu sou alérgica ao... Ao vento.
Christopher riu alto.
--- confesso que eu esperava mais de você. --- ainda rindo. --- tudo bem, eu não vi nada. --- piscou e sentou-se ao meu lado sobre a grama.
--- se não reparou gosto de curtir minhas crises alérgicas sozinha.
--- sem problema. --- Christopher ignorou meu comentário sútil e continuou ali.
Ficamos em silêncio por um longo tempo.
--- como me achou aqui? --- perguntei curiosa.
--- eu não estava a sua procura. --- riu da minha expressão e continuou --- é de costume eu vir aqui quando preciso me distrair.
--- desde quando? --- ele não podia tomar meu espaço.
--- sei lá... Acho que desde quando viemos conhecer a casa em que viveríamos. Enquanto minhas primas se encantavam com o tamanho e a quantidade de quartos, essa pequena árvore me chamou atenção. --- tocou na árvore acima de nós que não tinha nada de pequena --- Sombra, brisa e esse lago. Senti que havia encontrado meu lugar.
--- foi amor a primeira vista. --- eu entendia o que ele dizia.
--- exato. --- abriu um sorriso --- Talvez tinha sido isso o que me fez adaptar rápido a esse lugar imenso. Saber que há simplicidade em tanto luxo.
--- estou surpresa, vejo que seu intelecto não é de fato totalmente perdido.
--- vou aceitar como um elogio.
--- já fez o seu discurso de bom moço e eu a minha boa ação e ouvi. Agora pode ir embora.
--- você não é nem um pouco sensível, não é? --- encarou-me como se quisesse ler o que havia em mim.
--- se isso significa não ser molenga igual a você, sim. --- ergui a cabeça.
--- eu tenho uma teoria a seu respeito, Dulce.
--- eu não quero saber. --- era mentira. Claro que eu queria saber. E muito.
--- e eu quero falar. --- insistiu.
--- ai, ai. O que eu fiz? --- revirei os olhos. --- tem um minuto para falar e em seguida sumir.
--- é o tempo que eu preciso. --- continuou com um ar de felicidade. --- Sabe, eu também moro aqui. Então, se me der vontade de ficar, tenho o direito.
--- dane-se! Vai falar ou não? Seu tempo está passando. --- na verdade, eu nem tinha começado a contar.
--- na minha opinião --- iniciou mirando o lago a sua frente. --- você é muito frágil e tenta esconder através das suas atitudes grosseiras e arrogantes.
Fechei a cara.
--- No fundo você tem medo que percebam e te machuquem de uma forma que você não consiga levantar.
Eu desviava o olhar para o lago a nossa frente na esperança de Christopher não notar as malditas lágrimas que se formavam.
Desde quando eu havia me tornado uma garota idiota e emotiva?
--- eu te entendo, de verdade, mas... Acho que deveria colocar esse seu escudo e sua máscara de lado, afinal você está perdendo os melhores anos de sua vida por tolice e medo.
Dito isso ele se calou.
Eu adoraria responder a altura, mas não podia. Christopher fora certeiro, pegou no ponto certo, naquilo que mais me doía.
--- meu tempo acabou, eu preciso ir. --- levantou-se e limpou a calça.
--- espera! --- segurei sua mão.
Ele não podia fazer isso comigo, falar o que falou ir embora em seguida.
--- você está completamente errado! --- me defendi.
--- não, não estou. E posso confirmar ao te olhar. --- falou sem tirar os olhos dos meus.
--- escuta aqui, se acha muito esperto, não é? --- levantei e fui em sua direção enfurecida --- A verdade é que você não me conhece, Christopher. Não sabe parte do que eu passei. Não pode falar assim comigo!
--- está certa, posso não saber nem metade da sua vida, --- aproximou-se de mim e parecia estar aborrecido. --- mas sou capaz de enxergar mais do que aqueles que estão a anos a seu lado. Vejo aquilo que você insiste em não ver.
- cala a boca, idiota! Quer minha mão para ler, adorável cigana?
--- pode fazer piada. Outro mecanismo de fuga. Comigo não funciona, Dulce.
--- Por que tinha que vir aqui? Me deixa em paz! Não pode me ignorar como o resto das pessoas ao meu redor faz?
--- não, eu não posso! --- disse segurando-me pelos braços.
Sua respiração estava acelerada e eu conseguia ver algumas veias em seu rosto.
--- essa é a hora em que você me beija. --- ele me olhou confuso.
Até isso eu teria que fazer.
Colei nossos lábios e dei início a um beijo. --- Eu já havia lhe beijado outra vez e tinha que confessar, não era nada ruim. --- pouco a pouco Christopher me correspondeu. Segurou em minha nuca e me puxou para mais próximo de si. Minhas mãos se perdiam por seus leves cachos.
Ao nos separar permanecemos com nossas testas coladas e Christopher acariciava meu rosto com delicadeza.
--- um lapso, nada mais. --- adverti antes que ele dissesse algo.
--- sim, talvez os hormônios. --- falou ainda sem fôlego.
--- sim, sim... - buscamos ar e em seguida recomeçamos.
...
--- é normal, não é? Afinal, os hormônios estão gritando.
--- sim, apenas os obedecemos... --- Christopher concordou. --- Podíamos obedecer outras vezes.
--- ninguém poderá nos culpar, somos jovens. --- completei.
--- talvez nem precisem saber.
--- sim. adultos não ligam para as instabilidades dos hormônios alheios. --- falava como uma verdadeira dominadora do assunto. --- Além do mais, devem ter outras ocupações mais importantes.
--- amanhã no mesmo ao horário! --- levantando.
--- e no mesmo lugar. --- falei ansiosa.
Christopher assentiu com a cabeça e seguiu na direção oposta a minha, após alguns passos voltou correndo e me carregou pela cintura beijando-me novamente. --- eu sorri por não esperar.
--- é melhor você ir. --- disse assim que nossos lábios desgrudaram-se.
--- tem razão. Tchau. --- falou ainda me segurando firme.
--- Tchau, Christopher.
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Quédate - VONDY.
RastgeleUma garota rebelde, muita das vezes impulsiva, que vive o hoje sem pensar no amanhã. Um jovem responsável, que sonha em ter um futuro brilhante. O que tem em comum? Absolutamente, nada. Mas, e se o destino resolver os juntar. seria para lhe pregar u...