Capítulo 23.

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Pov's Dulce María.

Eu estava me adaptando a prisão domiciliar. até que não era tão ruim quanto a antiga. Talvez fosse o fato de Blanca não estar ali. Isso era tão estranho, --- já fazia seis meses desde que ela havia ido embora, eu devia estar feliz, afinal ela nunca se importou comigo, mas eu sentia sua falta. Isso me deixava extremamente raivosa.

--- dia difícil também?

Tomei um susto, não esperava que alguém fosse aparecer ali.

Eu me sentia frustada.

Quando finalmente achava ter encontrado um lugar só para mim, alguém o encontra, ME encontra.

--- não --- sequei a lágrima rebelde que me acusava. --- eu sou alérgica ao... Ao vento.

Christopher riu alto.

--- confesso que eu esperava mais de você. --- ainda rindo. --- tudo bem, eu não vi nada. --- piscou e sentou-se ao meu lado sobre a grama.

--- se não reparou gosto de curtir minhas crises alérgicas sozinha.

--- sem problema. --- Christopher ignorou  meu comentário sútil e continuou ali.

Ficamos em silêncio por um longo tempo.

--- como me achou aqui? --- perguntei curiosa.

--- eu não estava a sua procura. --- riu da minha expressão e continuou --- é de costume eu vir aqui quando preciso me distrair.

--- desde quando? --- ele não podia tomar meu espaço.

--- sei lá... Acho que desde quando viemos conhecer a casa em que viveríamos. Enquanto minhas primas se encantavam com o tamanho e a quantidade de quartos, essa pequena árvore me chamou atenção. --- tocou na árvore acima de nós que não tinha nada de pequena --- Sombra, brisa e esse lago. Senti que havia encontrado meu lugar.

--- foi amor a primeira vista. --- eu entendia o que ele dizia.

--- exato. --- abriu um sorriso --- Talvez tinha sido isso o que me fez adaptar rápido a esse lugar imenso. Saber que há simplicidade em tanto luxo.

--- estou surpresa, vejo que seu intelecto não é de fato totalmente perdido.

--- vou aceitar como um elogio.

--- já fez o seu discurso de bom moço e eu a minha boa ação e ouvi. Agora pode ir embora.

--- você não é nem um pouco sensível, não é? --- encarou-me como se quisesse ler o que havia em mim.

--- se isso significa não ser molenga igual a você, sim. --- ergui a cabeça.

--- eu tenho uma teoria a seu respeito, Dulce.

--- eu não quero saber. --- era mentira.  Claro que eu queria saber. E muito.

--- e eu quero falar. --- insistiu.

--- ai, ai. O que eu fiz? --- revirei os olhos. --- tem um minuto para falar e em seguida sumir.

--- é o tempo que eu preciso. --- continuou com um ar de felicidade. --- Sabe, eu também moro aqui. Então, se me der vontade de ficar, tenho o direito.

--- dane-se! Vai falar ou não? Seu tempo está passando. --- na verdade, eu nem tinha começado a contar.

--- na minha opinião --- iniciou mirando o lago a sua frente. --- você é muito frágil e tenta esconder através das suas atitudes grosseiras e arrogantes.

Fechei a cara.

--- No fundo você tem medo que percebam e te machuquem de uma forma que você não consiga levantar.

Eu desviava o olhar para o lago a nossa frente na esperança de Christopher não notar as malditas lágrimas que se formavam.

Desde quando eu havia me tornado uma garota idiota e emotiva?

--- eu te entendo, de verdade, mas... Acho que deveria colocar esse seu escudo e sua máscara de lado, afinal você está perdendo os melhores anos de sua vida por tolice e medo.

Dito isso ele se calou.

Eu adoraria responder a altura, mas não podia. Christopher fora certeiro, pegou no ponto certo, naquilo que mais me doía.

--- meu tempo acabou, eu preciso ir. --- levantou-se e limpou a calça.

--- espera! --- segurei sua mão.

Ele não podia fazer isso comigo, falar o que falou ir embora em seguida.

--- você está completamente errado! --- me defendi.

--- não, não estou. E posso confirmar ao te olhar. --- falou sem tirar os olhos dos meus.

--- escuta aqui, se acha muito esperto, não é? --- levantei e fui em sua direção enfurecida --- A verdade é que você não me conhece, Christopher. Não sabe parte do que eu passei. Não pode falar assim comigo!

--- está certa, posso não saber nem metade da sua vida, --- aproximou-se de mim e parecia estar aborrecido. --- mas sou capaz de enxergar mais do que aqueles que estão a anos a seu lado. Vejo aquilo que você insiste em não ver.

- cala a boca, idiota! Quer minha mão para ler, adorável cigana?

--- pode fazer piada. Outro mecanismo de fuga. Comigo não funciona, Dulce.

--- Por que tinha que vir aqui? Me deixa em paz! Não pode me ignorar como o resto das pessoas ao meu redor faz?

--- não, eu não posso! --- disse segurando-me pelos braços.

Sua respiração estava acelerada e eu conseguia ver algumas veias em seu rosto.

--- essa é a hora em que você me beija. --- ele me olhou confuso.

Até isso eu teria que fazer.

Colei nossos lábios e dei início a um beijo. --- Eu já havia lhe beijado outra vez e tinha que confessar, não era nada ruim. --- pouco a pouco Christopher me correspondeu. Segurou em minha nuca e me puxou para mais próximo de si. Minhas mãos se perdiam por seus leves cachos.

Ao nos separar permanecemos com nossas testas coladas e Christopher acariciava meu rosto com delicadeza.

--- um lapso, nada mais. --- adverti antes que ele dissesse algo.

--- sim, talvez os hormônios. --- falou ainda sem fôlego.

--- sim, sim... - buscamos ar e em seguida recomeçamos.

...

--- é normal, não é? Afinal, os hormônios estão gritando.

--- sim, apenas os obedecemos... --- Christopher concordou. --- Podíamos obedecer outras vezes.

--- ninguém poderá nos culpar, somos jovens. --- completei.

--- talvez nem precisem saber.

--- sim. adultos não ligam para as instabilidades dos hormônios alheios. --- falava como uma verdadeira dominadora do assunto. --- Além do mais, devem ter outras ocupações mais importantes.

--- amanhã no mesmo ao horário! --- levantando.

--- e no mesmo lugar. --- falei ansiosa.

Christopher assentiu com a cabeça e seguiu na direção oposta a minha, após alguns passos voltou correndo e me carregou pela cintura beijando-me novamente. --- eu sorri por não esperar.

--- é melhor você ir. --- disse assim que nossos lábios desgrudaram-se.

--- tem razão. Tchau. --- falou ainda me segurando firme.

--- Tchau, Christopher.

Quédate - VONDY.Onde histórias criam vida. Descubra agora