Capítulo 26.

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Pov's  Christopher Von Uckermann.

--- posso falar com você? --- perguntei sério.

--- não. --- respondeu sem me olhar e seguindo direto.

--- Dul, já faz uma semana que você me evita.

--- meu nome é Dulce, D-U-L-C-E.  E vou continuar a evitar. Não sou obrigada a falar com quem não quero. --- forçou um sorriso sem mostrar os dentes.

--- então ao menos me ouça. --- pedi e ela parou e colocou as mãos sobre a cintura esperando que eu começasse. --- Eu estava errado. --- a muito custo admiti.

--- o quê? Repete. --- sim, ela se aproveitaria disso.

--- eu estava errado. --- falei um pouco mais alto, mesmo contrariado.

--- pode continuar. --- parecia satisfeita em me ouvir dizer aquilo.

--- sem querer acabei ouvindo uma conversa entre minha tia e o seu pai...

--- hm...

--- sua atitude foi muito legal. --- falei com sinceridade e admiração.

--- do que está falando? --- sem entender.

--- sobre a Zoraida.

--- você é um fofoqueiro. --- bateu em meu braço e saiu com a cara fechada.

--- espera! --- corri em sua direção e parei em sua frente.

--- o que foi dessa vez? ---  Dulce perguntou sem paciência. --- nem pense que fiz isso por aquilo que você me disse, porque não foi!

--- eu sei, algo dentro de mim diz que você é bem melhor do que tenta aparentar e me pede pra não desistir.

--- desistir? Acho que você está muito ligado em conto de fadas e essas coisas. Aqui é a vida real e eu não preciso de ninguém no meu pé, sei me virar muito bem sozinha. Não vê? Sobrevivi a dois pais que são uma catástrofe.

--- isso não é verdade. Você é a pessoa mais importante que existe para o Fernando, todos podemos ver o quanto ele te adora.

--- e minha mãe? Vai defender como?

Dulce sempre tinha a arma perfeita e estava pronta para atirar.

--- não posso. Não a conheci, mas deveria ter seus problemas e achou que essa era a melhor solução.

Pelo menos era o que eu pensava a respeito.

--- tem razão. Não a conheceu, não sabe o que me fez passar, o quanto me fez sofrer. --- falou entredentes e eu podia ver a mágoa estampada em seu rosto.

--- nem todos tem a sorte de ter os melhores pais.

--- pra você é fácil falar, não é? Tem a família perfeita! É o filho exemplar, o orgulho da titia.

Falava com desdém.

--- sabe qual a diferença entre nós dois? --- não esperei uma resposta. --- não me coloco como vítima. Tento superar minhas dificuldades e esquecê-las. --- desabafei. ---  Esses sentimentos só vão te corromper e gerar mais sofrimento... Você não enxerga? Tem os alimentado e eles estão crescendo cada vez mais.

--- isso não é da sua conta! --- me empurrou.

--- eu queria te largar de mão, mas não consigo. --- fechei os olhos admitindo meu maior erro.

--- por que não faz isso? Já estou acostumada mesmo. --- piscou várias vezes contendo as lágrimas.

--- porque eu sou diferente.

--- é melhor em quê?

--- em te amar! Será que não percebe?

---  o quê? --- foi o que teve tempo de dizer.

A puxei para mim e a beijei com toda a vontade que eu guardava a tempos, já não podia esconder.

Minha prima estava certa, havia me apaixonado por Dulce e não conseguia ficar um minuto sequer sem tê-la em meus pensamentos, sem sentir sua falta.

--- você enlouqueceu? --- perguntou assim que nos separamos. --- alguém poderia nos ver!

--- eu não ligo!

Eu já não ligava para nada além dela.

--- mas eu sim! --- da onde tirou essa baboseira? Você é igual a todos, acha mesmo que vou cair nessa sua história? --- riu. ---  é um burro! E se isso for verdade, faz de você um tolo por achar que eu posso sentir o mesmo.

Segurei os pedaços que me restavam para tentar sair com dignidade dali.

--- tem razão. Sou um tolo por acreditar que você pode ter algo de bom, quando nem você acredita.

--- você não é homem pra mim, parece mais um marica. E esse papo de sensibilidade e essas cafonisses? É assim que pretende conquistar alguém? O máximo que vai conseguir é que sintam pena.

--- e disso você entende, não é? --- levantou a mão para me dar um tapa e eu a segurei. --- essa é a última vez que me trata assim. ---  falei entredentes.

Estava cansado de ser o tapete de Dulce.

--- ei, ei, ei, o que está acontecendo aqui? --- Maite exigiu saber.

--- nada. --- a soltei e saí furioso.

...

--- posso entrar? --- Jacqueline parecia seria.

Será que a pequena discussão tinha chegado ao seu conhecimento?

--- sim, tia. --- fechei o livro que tentava ler, e que não conseguia por não parar de pensar naquela ruiva rebelde.

--- tenho uma notícia pra você. --- notei seu esforço para continuar.

--- não me diga que a senhora ... --- fiz um círculo com o dedo na altura da barriga e ela quase caiu para trás.

--- não! Não é isso.

--- da onde tirou essa ideia? --- perguntou visivelmente nervosa.

--- seria normal... --- me interrompeu.

--- esquece. --- suspirou. --- Christopher,  sua mãe ligou para avisar que virar comemorar seu aniversário semana que vem.

--- não. --- choraminguei.

--- é sua mãe, Christopher. Eu sei que você não gosta de comemorar, até entendo seu ponto de vista... Mas faça um esforço, não é fácil para ela também.

--- vou tentar. --- prometi sem ânimo algum.

--- eu estarei aqui, suas primas estarão aqui, Fernando... E até a Dulce. Já percebi que ela se dá bem com você e a Maite.

--- esqueça isso, por favor. --- pedi sentindo novamente o peso voltar a minha cabeça.

--- aconteceu algo?

--- não, Tia. Não comenta nada com o Fernando... E com ela.

--- como quiser. --- deu um beijo no meu rosto e abriu o seu típico sorriso largo. --- te quero na sala de jantar em cinco minutos, mocinho. Ah, e melhore essa cara.

Quédate - VONDY.Onde histórias criam vida. Descubra agora