Capítulo 60

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Eu andava a horas de um lado ao outro do quarto, angustiada e frustrada.
A dor queimava meu peito, o ar parecia pesado.
Se já não bastasse toda aquela dor que sentirá, a raiva por ter sido traída, tristeza por ter sido enganada e culpada pela morte de meus pais, agora meu único confidente e apoio Gadriel, havia sumido.
Eu tinha que encontrar Gadriel, mas isso passava do limite estabelecido por mim para garantir minha sanidade, eu precisava dele faria isso para o encontrar.
Me sentia fraca e esgotada, mas tinha que pelo menos tentar.
Fechei meus olhos, respirei fundo e me concentrando em Gadriel, em sua face.
Com um flash de luz imagens começaram a se formar.
Em meio a enorme escuridão lá estava iluminado pela luz fraca da lua, Gadriel.
Ele estava em um buraco, uma armadilha que ficava abaixo do chão.
Os pelos brancos de Gadriel agora tinham um tom de marrom e um tom forte de vermelho, sangue.
Ele parecia imóvel, deitado no chão.
"- Tola." A voz de meu outro lado ecoou em minha mente.
Fazendo a imagem de Gadriel sumir, me deparando ao abrir os olhos com a torre.
- Me deixe. Disse impaciente.
"- Como pode ser tão fraca, se importar com um animal igual a esse." Ela me provocava.
- Eu vou encontrar Gadriel, quer você queira ou não.
Ela então se silenciou.
Apanhei um casaco do armário, uma calça justa, uma camiseta branca e botas de cano alto, me vesti.
Abri a porta e me deparei com os olhos azuis escuros e intensos que  evidentemente estavam fixados nos meus.
Ele se levantou rápido.
- Aonde está indo? Indagou ele olhando para a capa.
- O que faz aqui? Indaguei com a voz fria.
- Eu queria ficar perto de você, garantir a sua...
- Segurança? Pois se é isso pode esquecer, como já percebi, me cuido muito melhor sozinha, não torne a me incomodar e saia da porta de meu quarto imediatamente. Ordei a ele com tom autoritário.
- Eu não vou sair daqui, a não ser que você saia pois aí eu vou sair e ir atrás de você. Ele me olhou com um sorriso no rosto.
- Ah você não vai. Gritei.
Ele começou se levantar, ergui minha mão e raízes brotaram do chão prendendo o corpo de Dastan.
- Luna, você não vai sem mim, me solte, não vou te deixar ir sozinha. Ele tentava sair.
- Nossa conversa já acabou. Disse enquanto ia em direção às escadas.
Segundos depois uma mão envolveu meu punho e assim me impedindo de continuar descendo as  escadas.
Era Dastan, seus olhos azuis escuros encarando os meus.
- Você não vai sozinha. Disse ele ainda me segurando.
Ele estava um degrau acima de mim, sua feição era indecifrável, mas havia um certo ressentimento em seu olhar.
- Não ouse tocar em mim. Bufei puxando meu braço de sua mão.
- Ou você me deixa ir junto ou eu não te deixo sair daqui, isso é sério eu não estou brincando Luna. Sua voz soou preocupada.
Respirei fundo e voltei meu olhar para Dastan.
- Depois que acharmos Gadriel você me deixa em paz. Falei baixo o encarando.
- Tudo bem. Disse ele calmamente.
- Vamos até a sala de armas. Disse a ele que ainda mantinha seus olhos fixos em mim.
Nos olhamos por alguns segundos, mas enfim fomos em direção a sala de armas.
O castelo estava em total silêncio os únicos barulhos que eram ouvidos por nós eram apenas de nossos próprios passos.
Dastan abriu a sala e eu fui em direção às espadas, apanhei um suporte para a espada colocando em meu ombro, Dastan me alcançou uma espada leve e eu a coloquei no suporte.
Dastan pegou uma espada e apanhou algumas adagas e um casaco.
Peguei duas adagas colocando uma em cada bota.
- Está pronta? Indagou Dastan enquanto fechava o casaco.
- Estou. Respondi secamente.
- Como vamos encontrar Gadriel? Ele se aproximou me olhando nos olhos.
- Eu tenho que encontrar Gadriel novamente, tive uma visão dele em uma armadilha, tinha sangue.
Meu estômago embrulhou ao me lembrar daquilo e meus olhos arderam pela vontade de chorar.
Talvez vendo meu desespero Dastan se aproximou.
- Ela vai ficar bem Luna, Gadriel é forte.
Segurei o choro e me sentei em uma poltrona no canto da sala, fechei meus olhos e me concentrei em Gadriel, imagens se misturaram e eu pude ver Gadriel ainda dentro daquele buraco.
Eu pude ouvir um barulho e som de vozes.
- Acho que pegamos ele. Disse uma voz grave.
- Sim é ele, o lobo branco daquela maldita bruxa. Disse outra voz masculina.
Senti a mão de Dastan segurar a minha.
- Vamos pegar ele.
Pude ver com a fraca luz os rostos daqueles homens um deles tinha uma barba longa, o rosto meio redondo o outro homem era extremamente  magro e tinha cabelos pretos caindo sobre seu olhos os dois tinham por volta de 30 anos.
- Luna, você sabe onde ele está? Disse Dastan em meu ouvido.
- Eu não consigo encontrar ele, não posso ir até ele, me sinto fraca.
Gadriel não se movia, um dos homens desceu por uma escada que ele acabara de colocar, ele chutou Gadriel me fazendo dar um pulo, a mão de Dastan apertou ainda mais a minha.
Gadriel continuou parado, sem nenhum movimento, o homem então se aproximou de Gadriel.
- Desca a corda. Gritou ele e em seguida um lado da corda caiu, o homem apanhou e a prendeu em Gadriel.
"- Vão matar ele" Sua voz e sua risada ecoou por minha mente.
O homem subiu novamente a escada e os dois começaram a puxar Gadriel pela corda, o corpo dele estava mole e sua cabeça caída para o lado.
Me mantive olhando para ele, um dos homens o tirou do buraco e o jogou no chão.
Apertei a mão de Dastan.
Gadriel estava em uma floresta, mas algo me chamou a atenção, havia perto dali uma pequena queda d'água, porém, o que mais chamava atenção era quatro pedras distintas uma ao lado da outra, uma era verde, outra vermelha, uma branca e a última azul.
As imagens voltaram para a sala e encontrei os olhos de Dastan.
- O lugar onde Gadriel está tem algumas pedras, p quatro pedras, verde, vermelha, branca e azul. Falei com elevado desespero na voz.
- Às pedras dos elementos, eles só podem estar lá. Dastan disse se levantando.
- Me leve até lá. Ordenei.
Dastan abriu o portal e eu o segui.
Atravessamos e pude ver a floresta, nos escondemos atrás de uma enorme árvore.
O ar estava frio e para todos lado tinha escuridão, a única luz era emitida fracamente pela lua, a queda d'água estava metros a frente.
O aroma de grama se espalhava pelo ar o ar gélido congelava minhas bochechas.
- Vamos levar ele para Dalila. Pueril ouvir um dos homens dizer, me estiquei e pude ver os dois homens que logo em seguida arrastaram Gadriel pelo chão até a uma caminhonete azul escura.
Corri até eles, minha fúria tomou conta.
"- Vão matar seu querido Gadriel, ninguém sobrevive perto de você, você mata todos ao seu redor, quem será o próximo?" A voz de meu outro lado eu ecoou amargurada em minha mente, mas eu a ignorei.
Dastan já estava ao meu lado.
- Agora. Gritou um dos homens e então em meio a escuridão outros homens empunhando facões e espadas nos cercaram, aquilo era uma armadilha, todos eles saíram de trás de árvores e podia ver a raiva que sentiam de mim.
- Sabíamos que viria, não podia ficar sem o seu lobo. Gritou um dos homens.
- Luna, fique perto de mim. Disse Dastan já empunhando a espada.
- Eu vou pegar Gadriel, mantenha eles longe de você. Falei baixo para que apenas Dastan pudesse me ouvir.
- Tudo bem. Disse ele levantando a espada.
Os homens começaram a atacar Dastan, vários deles ao mesmo tempo, mas ele era rápido, seus golpes eram graciosos porém certeiros, ele atravessou o peito de um dos homens com sua espada e atirou uma adaga no olho de outro homem.
Em meio a grande confusão apanhei uma adaga e escondi na manga do casaco.
- Fique aí ou eu mato seu lobo. Gritou o homem com o cabelo que caía sobre seus olhos ele segurou uma faca sobre a garganta de Gadriel que continuava desacordado.
- Troque ele por mim, se entregar meu lobo a Dastan eu fico no lugar dele. Disse eu dando um passo em direção a ele.
- Não Luna. Gritou Dastan chutando um dos homens para longe e cortando o peito de outro que se aproximava.
Os dois homens trocaram olhares e balançaram a cabeça em sinal afirmativo.
Enquanto isso lá estava Dastan lutando sozinho contra vários homens.
- Nós concordamos, mas você tem que vir primeiro. Disse o homem que segurava a faca no pescoço de Gadriel.
- Luna, não faça isso. Gritou Dastan.
- Eu já me decidi, agora façam todos pararem de lutar. Ordenei.
- Tudo bem. Disse o homem com a barba grande com certa relutância.
- Parem. Gritou o outro e todos pararam.
- Vai ser desse jeito, vocês vão entregar meu lobo para Dastan e ao mesmo tempo eu vou me entregar para vocês, mas eu quero me despedir primeiro de Dastan.
- Ande logo. Gritou um dos homens rindo.
Me aproximei de Dastan e o abracei ele passou seus braços por minha cintura, fiquei perto de seu ouvido.
- Fique pronto para abrir o portal, eu volto com vocês. Sussurrei em seu ouvido e me afastei.
- Pronta? Gritou o homem rindo.
- Estou.
- Primeiro jogue suas armas no chão. Joguei o suporte com a espada nos pés do homem que segurava Gadriel e ele chutou ela para longe.
- Se tem mais armas é melhor jogar. Disse o outro homem me olhando.
Fui até a bota e tirei a adaga, joguei aos pés do homem de barba.
- Tire as botas.
Apertei o pulso fazendo com que a adaga que eu escondia não caísse enquanto eu tirava as botas.
Meus dedos pareciam congelados o chão era úmido e frio, olhei para aqueles homens.
- Pronto. Ergui os braços sem revelar a adaga.
- Agora você vai para a direita e o seu amigo para a esquerda.
Fiz o que ele disse e Dastan também.
O homem ficou na frente de Dastan com Gadriel em seus braços, o homem de barba se aproximou ficando a três passos de mim.
- Agora. Gritou ele me puxando pra ele e pude ver Gadriel ser entregue para Dastan.
- Agora que me tem, deixe que eles partam. Gritei.
O homem que me segurava olhou para todos os rostos ali, aqueles rostos sombrios, sedentos por dor e sangue.
- Deixe que eles fujam como ratos assustados. Gritou ele rindo e fazendo que os outros homens soltassem gargalhadas.
Dastan abriu o portal a metros de distância dos outros ali, se virou para mim.
Balancei a cabeça afirmando que era pra ele se preparar.
O homem que me segurava me puxou para trás ele me segurava pelos ombros.
Coloquei uma mão sobre a outra e pude tocar o cabo frio da adaga.
- Vá logo antes que eu mude de idéia. Gritou o outro homem para Dastan.
Puxei a adaga da manga do casaco e com um movimento preciso e rápido movi a adaga para um palmo acima da minha cabeça cravando a adaga no pescoço do homem que me segurava, arranquei de seu pescoço e sangue jorrou em minhas mãos, ele caiu no chão e os outros se aproximaram tentando me prender ou simplesmente me derrubar, me desviei, mas eles me cercaram.
- Luna? Gritou Dastan.
- Estou bem. Gritei.
Algo queimou por dentro de meu corpo, me inundando de poder, fazendo uma onda de choques percorrerem por todo meu corpo.
- Dastan, não olhe pra cá. Gritei.
E uma luz laranja foi irradiada por meu corpo, a luz era brilhante, parecia um raio de sol, era tão forte que iluminou tudo ao redor, se chocando com os olhos daqueles que me olhavam fez seus olhos queimarem, aqueles mais perto de mim haviam se tornado apenas cinzas, os gritos de angústia e dor e logo em seguida um total silêncio.
Os não viraram cinzas estavam caídos já sem vida no chão com os olhos totalmente queimados, cavidades oculares totalmente carburadas.
Como pude fazer aquilo? Que espécie de monstro eu era?
"- Assassina" Sua voz ecoou fria e sombria em minha mente.
Não podia deixar ela tomar conta de mim.
A luz então se dizimou e junto com ela as minhas forças.
Me sentei no chão.
Dastan ainda carregando Gadriel em seus braços correu até mim e me manteve em pé depois de ter me ajudando a levantar, ele me carregou até o portal, atravessamos e me deparei com o interior da torre.
Meu corpo estava esgotado.
Dastan me sentou em uma cadeira e colocou Gadriel sobre a minha cama, ele veio até mim me pegando no colo e me colocando ao lado de Gadriel.
- Acorda Gadriel, eu estou aqui. Lágrimas escorreram por meu rosto.
Passei as mãos sobre os pelos dele, coberto de sangue, mas ele não se moveu.
- Gadriel? Gadriel? Gadriel? Eu soluçava.
Dastan segurou meu rosto em suas mãos.
- Luna, Gadriel vai ficar bem. Dastan falou calmamente secando minhas lágrimas.
Eu continuava com a mão sobre Gadriel.
Ele moveu um pouco o corpo, olhei para ele, seus olhos piscavam devagar.
- Luna. Ele falou baixo com a voz falha.
- Eu estou aqui, me desculpe por não estar do seu lado, por não ter te protegido. Disse chorando.
Coloquei minha testa com a dele.
- Luna...
- Não precisa dizer nada você ainda está fraco.
- Eu preciso te falar, Geneviéve e Gregório são os seus...
- Eles são meus avós. Falei baixo.
- Você sabe? Mas como? Gadriel falava baixo e com certa dificuldade.
- Foi de um jeito muito ruim, mas não importa, você está aqui. Abracei Gadriel.
Ouvi a porta batendo e notei que Dastan havia saído do quarto.
- Você está bem? Indagou ele.
- Eu estou e você também vai ficar depois que dormir um pouco.
Beijei seu focinho e o abracei.
Esperei que ele tivesse dormindo e fui até o banheiro, tirei as roupas e entrei no chuveiro, minhas mãos estavam cheias de sangue e o remorso tomou conta de meu peito, eu havia matado todos aqueles homens o sangue deles havia impregnado minhas mãos, parecia que mesmo ao lavar o sangue continuava lá.
Os gritos deles se repetiam em minha mente.
Lavei várias vezes minhas mãos, mas eu continuava a me sentir suja, esfreguei as mãos com mais força, nada adiantava.
- Ahhhh. Gritei
"-Assassina" As gargalhadas dela invadiram minha cabeça me fazendo gritar.
Os gritos dos homens se misturaram com as risadas dela.
Ela se aproveitou da minha vulnerabilidade já era tarde ela comandava agora meu corpo...

Oi meus Amores, tudo bem com vocês? Espero que sim!
Me desculpem pela demora, está sendo corrido pra mim, a faculdade está me tomando muito tempo, mas vou tentar postar o quanto antes possível.
Espero que compreendam.
Muito obrigado pelos votos, comentários ou por simplesmente estarem lendo.
estamos perto dos 100 K.
Muito obrigado, eu amo vocês!!!
Espero que estejam gostando, beijos. ♡♡






A Maldição da Lua Vol: 2 Entre a Lua e o SolOnde histórias criam vida. Descubra agora