Capítulo 82

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Já estava amanhecendo, o sol fazia cócegas em minha pele. Fechei meus olhos e senti o doce cheiro de flores em meio a brisa quente, árvores balançavam lentamente fazendo ruídos, os sons dos passarinhos e animais ao fundo pareciam deixar a floresta ainda mais convidativa.
Uma mão quente tocou meu ombro me fazendo dar um pulo, os olhos alaranjados de Sol me encararam.
- Visita? Indagou ele irônico.
- Não vim para brincar, quero ter uma conversa seria com você, quero propor um plano, um plano que fará com que a nossa vitória contra Lua esteja garantida.
Sol pareceu interessado, ele me olhou e fez sinal para que eu continuasse.
- Eu vou trair a Lua, vou fazer com que ela me ensine tudo que ela sabe, vou fingir ter mudado de lado e quando estivermos na batalha vou estar ao seu lado lutando contra minha mãe.
Sol ficou pensativo, andou de um lado ao outro, mas depois se virou para mim.
- E como fará isso? Enfim indagou ele depois de minutos em silêncio.
- Temos um ciclo da lua até a batalha e eu vou dividir ele, entre vocês dois, nos próximos quinze dias você me ensina tudo o que você sabe, nos últimos quinze dias, vou até Lua, vou dizer que você me enlouqueceu e que é fraco dizer que vou me unir a ela contra você.
Sol parecia estar pensando na proposta, ele se afastou um pouco e eu o segui floresta dentro, ele andava mais rápido do que eu, mas conseguia me manter razoavelmente perto dele.
Sol se virou bruscamente e apertou meu rosto com força.
- Se me trair, não irá sobrar nada de você, garotinha. Dizendo isso seus olhos pareciam queimar como fogo, ele gargalhou e soltou meu rosto, sumido no segundo seguinte, deixando apenas um forte brilho que sumiu pouco a pouco.
Ele não sabia dos meu planos e só saberia no momento final.
Olhei para a floresta que estava e comecei a correr, correr do mesmo jeito que corria antes de saber de tudo o que eu sou, antes de tudo me levar até ali, até aquela floresta.
Me senti tão viva, o vento passando pelo meu corpo, bagunçando meu cabelo, o meus pés batendo contra o chão, a floresta ficando atrás de mim, meu coração batendo rápido, minha respiração acelerada, aquilo era uma sensação tão boa, tão familiar.
Depois de um tempo correndo, me deparei com uma cachoeira abaixo de mim, lá em baixo pude ver a água batendo contra as pedras, eu senti algo, uma presença atrás de mim e logo em seguida uma mão me empurrou, mas eu não caí, pois a mesma mão que havia me empurrado segura meu pulso e me encarava. Eu podia ter me esquivado ou até mesmo me virar antes que ele me empurrasse, mas eu queria que ele achasse que eu precisava dele e que ao me ameaçar eu tinha sentido medo.
- Sol, mais uma brincadeira? Indaguei sarcasticamente.
Ele me segurava como se eu não pesasse nada, água batia contra o meu rosto e 30 metros me separavam das pedras.
- Fique atenta!
- Não me deixe cair!
Ele me puxou de volta, meus pés tocaram o chão enquanto ele se virou e começou a caminhar pela floresta, meus olhos o perderam de vista, mas sua voz ecoou perto de mim.
- Sua mãe é mais inteligente do que pensa. Sua voz parecia vir de um lugar, mas ele não estava lá.
Olhei por todos os lados, mas não vi nenhum sinal deles.
- Sol? Indaguei.
- Ela vai fazer você acreditar que está aqui, quando ela está lá.
Ele surgiu em minha frente e desapareceu no mesmo segundo surgindo ao meu lado.
- O que devo fazer?
- Ficar calada, comece por isso e depois ouça cada som que se passa, não acredite nos seus olhos, pois sua mãe vai mexer com sua cabeça, fará você ver coisas que não são reias e você deve usar os outros sentidos, assim que a batalha começar eu não vou poder fazer nada contra ela, nossas forças são semelhantes e a batalha nunca terá fim, você é a diferença, ela irá com tudo pra cima de você, ela não tem piedade e usará tudo que ela tem contra você.
- Assim como ela virá com tudo eu também irei, vou fazê-la pagar por tudo o que me fez!
- Agora pare com seu discurso e fique atenta! Ordenou.
Fechei meus olhos o som das árvores, dos pássaros e dos sons da cachoeira estava ao fundo e eu tentava me desligar daquilo e me concentrar em encontrar Sol, sem mesmo poder vê-lo.
Meu corpo se moveu com enorme força, Sol havia me atacado. Cambalei, mas firmei meus pés no chão, sentindo uma dor agonizante, minha expressão me entregou e ele notou.
- Não demonstre suas fraquezas, enquanto alguém puder notar que você está sentido dor, que você está fraca, vão te atacar. Ele gritou autoritário.
- De novo!
- Se é isso o que quer, será um prazer te atacar. Disse ele rindo.
O silêncio tomou conta novamente, fiquei tentando escutar cada som e identificar qualquer que fosse o ruído que Sol fizesse, eu conseguia ouvir o leve som da minha respiração, me empenhei em ignorar os outros sons assim que percebia que não eram de Sol, tentei enxergar mesmo com os olhos fechados, mas fui surpreendida com uma bola de fogo, me arremessando para longe, meu corpo se chocou com uma árvore, Sol gargalhava. Mesmo com o baque e com a dor, me levantei e frustrada atingi Sol com bola de fogo.
Sol parou a bola de fogo antes que o atingisse e fez ela sumir fechando na palma de sua mão.
- Quer me desafiar? Essa foi fraca. Disse ele sumindo.
- Pare de jogos. Ordenei.
- Você tem que me encontrar se quer me atingir, como eu disse sua mãe é ótima nisso e não pense que ela facilitará algo pra você, feche seus olhos e sinta o mundo com seus outros sentidos, na terra sinta o mais leve dos movimentos, ouça cada barulho e fique atenta aos seus instintos. Sua voz vinha de um lugar diferente a cada palavra.
Eu precisava daquilo, precisava provar minha força.
Meu olhos se fecharam e eu tentei sentir o mundo como nunca antes havia feito, isolei os sons e me concentrei em barulhos que não eram naturais, mas novamente fui jogada ao chão.
Aquilo inflamou minha raiva.
- Acho que você pensa que isso é uma brincadeira. Disse Sol bocejando.
Surgi atrás de sua costas e o chutei para longe.
- Você prefere assim? Indaguei me lançando sobre ele.
- Acha que sua mãe vai querer lutar corpo a corpo com você? Vou lutar assim pra te dar uma lição.
- Quem disse que vamos lutar corpo a corpo? Indaguei enquanto o atingia.
- Ah. Gritou ele.
- Ataques surpresas sempre funcionam.
- Gosto do jeito que pensa, mas ainda tem que melhorar e muito.
- Luna Gladius. Minha espada surgiu luminosa e poderosa como sempre, empunhando a espada fiz sinal para que Sol se aproximasse e lutasse contra mim.
- Escolheu a pessoa errada, eu sou melhor que sua mãe com espadas.
- Pare de falar e me mostre se isso é verdade.
Ele sorriu com ar de superior e sua espada surgiu, ela era de um tom de laranja com vermelho, parecia chamas e brilhava iluminando aquele rosto que tanto me lembrava o de Sun.
Nossas espadas se encontraram assim como nossos olhares....




A Maldição da Lua Vol: 2 Entre a Lua e o SolOnde histórias criam vida. Descubra agora