Capítulo 96: A batalha Parte II

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Foi como se tudo tivesse desaparecido...
Meu corpo vacilou, ele parecia uma visão, um sonho...
Meu peito se esvaiu de ar e eu caí de joelhos. Morte surgiu sabe se lá quando e amparou meu corpo, impedindo que eles me atacassem, eu não ouvia mais nada, só as alucinantes batidas do meu coração.
- Não se envolva nisso, Morte...
- Se ela tiver que morrer ela vai morrer. Gritou Sol interrompendo  Lua.
Ele se aproximava, seus olhos azuis brilhavam como sua armadura, ele me olhava, mas parecia não me enxergar da mesma forma.
Aquilo era real? Eu insensatamente indagava a mim mesma.
Eu sentia uma imensidão de sentimentos condensados, a dor de sua morte, os tenebrosos sonhos que eu tinha com ele e uma falta de esperança que aquilo fosse verdade.
Lágrimas escorriam por meu rosto.
- É ele? É mesmo real? Indaguei em meio aos soluços.
- É sim. Disse Morte.
Mesmo que eu não acreditasse totalmente em suas palavras eu tentei acreditar, tentei ter esperança.
Eu só precisava chegar até ele, tocar sua pele e olhar em seus olhos para saber disso, saber que aquilo não era um sonho, não era uma alucinação...
Eu tinha mais uma chance, ele não estava morto, ele estava ali! Eu repetia mentalmente dando forças para meu corpo sair do lugar.
Mesmo sem conseguir me mover eu me lancei em direção a ele, meus pés bateram contra o chão e o meu coração bateu com a mesma intensidade.
Quando eu me aproximei dele sua espada se levantou e ele tentou me atingir, sua mão segurou a minha e uma onda de eletricidade percorreu  por meu corpo, não era uma alucinação, era mesmo ele.
Fui puxada para longe por Morte, suas mãos envolveram meu corpo e ele me moveu como se eu não pesasse nada.
- Dastan. Gritei seu nome.
Morte me puxou de costas para seu peito.
- Eles fizeram algo com ele, ele segue as ordens deles agora, as ordens de Dalila, do Sol e da Lua. Morte gritou me segurando perto de seu corpo.
Dastan continuou andando até Sol e Lua.
Eu não podia acreditar, eu não podia acreditar que tinham feito isso a ele.
Todos viram aquilo, todos que o conheciam sentiram que ele não era mais o mesmo.
Desapareci, surgindo atrás de suas costas, ele tentou me acertar, mas eu joguei sua espada para longe.
Ele me empurrou e eu segurei suas mãos, seus olhos estavam tão vazios e ele parecia nunca ter me pertencido.
Meu corpo tremeu quando ele me empurrou, me jogando para longe.
- Não se lembra de nada? Indaguei enquanto me levantava.
Ele me ignorou indo em direção a Sol e Lua.
Corri em sua direção e Morte bloqueou a investida de Lua.
- Se concentre, Luna. Gritou ele.
Eu precisava fazer isso, mas eu não conseguia conter o impulso que me fazia ir atrás dele, eu achei que o tivesse perdido, achei que nunca mais veria seu rosto, mas ele estava ali... Tão perto e ao mesmo tempo inatingível.
Morte me puxou pelo braço e segurou em meus ombros.
- Luna, tem que se concentrar na batalha, tem que viver para que possa lutar por ele.
A aspereza de suas palavras me fizeram lembrar que eu ainda precisava lutar, ele era agora o meu principal motivo.
Minhas mãos tremiam a cada novo passo dele, meus olhos encaravam seu corpo se aproximando de Sol e Lua.
- Está feliz? Feliz em ver que o seu amado não está morto? Indagou Lua.
- Seria uma pena se ele estivesse sobre o nosso comando. Ele não te vê mais como antes, você é agora só a inimiga a ser derrotada, ele não tem mais nenhum sentimento por você, nenhum mísero sentimento...
Eu me mantive sem nenhuma expressão, mas meus punhos serrados entregavam o quanto aquelas palavras haviam me atingido.
Ele ficou entre Sol e Lua e logo após isso uma figura se aproximou se juntando a aquela torturante cena, Dalila. Ela se aproximou passando as mãos pelo pescoço de Dastan e o levou até seus lábios.
Meu sangue borbulhou, me lancei em direção a eles, mas as mãos fortes de Morte me impediram. Me debati tentando sair de suas mãos e arrancar o pescoço de Dalila, mas ele me mantinha ali, no mesmo lugar.
Eu poderia descontar minha fúria em Morte, mas a firmeza de suas mãos e o seu olhar sobre mim me fizeram encara-lo como um aviso.
- Não vê que eles estão brincando com você, eles são quatro e você é só uma, em meio a fúria ficaria cega e eles te matariam, pense antes de atacar, saiba quando e quais movimentos fazer.
Hesitante e enfim parei de tentar escapar.
Dalila continuava tocando em Dastan, que mais parecia um boneco, sem qualquer emoção.
Meu sangue fervia dentro do veias, mas eu tinha que pensar.
Esperei até que Dalila terminasse sua cena e me olhasse com deboche. Seus olhos fuzilando os meus e eu os dela.
Morte me soltou e minha espada cortou o vento como uma ameaça.
- Vieram para lutar? Provoquei.
Os três riram enquanto Dastan me olhava como um leão olha sua caça.
Invoquei apenas dez soldados, cinco a minha direita e cinco a esquerda.
Lua invocou sabe se lá quantos soldados e Sol fez o mesmo.
Morte estava ao meu lado pronto para atacar, a batalha contra os guerreiros de Dalila continuava atrás de mim.
Atacar, você tem que atacar! Gritava em minha própria mente.
Me lancei para frente correndo em direção a Lua e Sol, mas Dastan já corria em minha direção, sua mão empunhando a espada.
Me desviei de seu golpe e fiquei em frente a suas costas, acertei com os meus joelhos a parte de trás do seus joelhos e fiz com que ele ficasse sobre esses, chutei sua mão fazendo com que ele soltasse a espada e passei meus braços por seu pescoço o imobilizando.
Ele se debateu.
- Pare! Sou eu, sou a Luna!
- Eu sei quem é você, eu sei o que você fez. Gritou ele.
- Você acha que sabe, eles mentiram pra você, você e eu nascemos um para o outro.
- Não invente coisas, eles me disseram que faria isso.
- Por favor, acredite em mim.
Ele se debateu ainda mais, suas mãos encostaram em meus braços e eu o soltei quando senti o fogo aquecer a armadura e entrar em contato com a minha pele.
Eu não tive tempo de recuar, senti apenas o impacto de um chute e rolei para trás, senti meu corpo sendo amparado e puxado antes de outro golpe.
Morte me deixou atrás dele, meus guerreiros iam aos poucos sendo derrotados, mas se eu fizesse mais deles eu ficaria fraca, eu precisava acabar com aquilo.
Morte e Dastan se atacavam.
- Não machuque ele. Gritei quase sem ar.
Peguei uma das adagas e me movi em direção a Dalila que assistia junto com Sol e Lua a batalha.
Ela como um filhote medroso se escondeu atrás de Sol e Lua.
Lancei a adaga em direção a ela, mas Sol a segurou como se não fosse nada e me surpreendendo ele a lançou de volta, mas não em minha direção, mas na direção de Dastan, era um ameaça...
A adaga cortou o vento cortando superficialmente a bochecha esquerda de Dastan que nem pareceu sentir qualquer dor.
- Ele vive se você morrer! Disse Lua com um sorriso nos lábios.
- Uma vida pela outra me parece uma proposta justa, mas o lance me parece muito baixo a essa altura. Eu tinha que ganhar um pouco mais de tempo, o que eu teria que fazer para acabar com aquilo iria me enfraquecer a ponto de quase me matar, se não me matasse, deveria ser meu último golpe.
- Acho que teremos mais um para o nosso lado. Disse Dalila entregando algo para Lua.
- Luna. Gritou Morte com imenso desespero.
Me virei em sua direção e ele estava de joelhos.
- Todos tem um ponto fraco e esse pelo jeito é o seu Morte. Disse Sol tomando uma espécie de papel das mãos de Lua.
- Com isso... eles... podem... me... controlar. Disse Morte pausadamente.
- Bem colocado Morte, achou que conseguiria esconder isso por quanto tempo? Indagou Lua
Droga, droga, droga...
- Um dos seres mais fortes do mundo sob nosso comando, Luna, você escolheu o lado errado. Gritou Dalila.
Meu sangue congelou dentro das veias, seria impossível.
- Ataquem. Ordenou Sol e Morte que tentava lutar contra a ordem veio em minha direção.
- Eu não consigo controlar. Gritou ele quando sua espada de metal preto e coberta por uma névoa da mesma cor se encontrou com a minha espada.
- O que eu posso fazer? O que eu faço?
- Eu só confio em você para isso, devia ter feito isso antes, você tem que queimar o papel e trazer as cinzas para mim. Morte disse tudo aquilo enquanto me atacava, sua espada quase me atingindo todas as vezes.
- Eu vou fazer isso.
- Faça logo, eu ainda estou me controlando um pouco, mas logo eu não poderei fazer mais nada e posso acabar matando você.
Em meio a conversa não notei a aproximação de Dastan, sua espada passou a centímetros do meu pescoço em um movimento rápido Morte enrolou sua mão em meu cabelo e me puxou para baixo apoiando a parte de trás da minha cabeça em seu peito, eu estava olhando pra ele de baixo e quando sua espada tentou acertar meu pescoço a impedi com a minha própria espada.
Chutei Dastan para longe e cravei uma adaga na mão de Morte, fazendo com que ele soltasse meu cabelo.
Me coloquei de pé e os dois me cercaram, suas espadas prontas para cortar minha carne. Era difícil lutar contra Dastan, minha mente se negava, mas meu corpo agia como reflexo.
Como uma medida desesperada tomei os guerreiros de Lua e Sol e dupliquei seu número, o campo de batalha foi tomado pela mistura das luzes dos guerreiros, ordenei que eles mantivessem Dastan e Morte de mim e assim eles fizeram, me afastei e deixei que eles agissem. Meu corpo se lançou em direção a Sol e Lua, o papel nas mãos de Sol era meu objetivo, ataquei primeiro, uma imensidão de luz foi em sua direção e como um vulto ele surgiu atrás de mim, minha espada já cortava o ar entre nós, ele se moveu em minha direção, nossas espadas se encontraram e o som parecia um trovão, o atingi e ele surpreso lançou outro ataque em resposta, não tive tempo de me desviar então me mantive de pé quando ele entrou em contato com meu corpo. Ataquei impiedosamente uma, duas, três vezes, ele me olhava surpreso, não pela força que os ataques tinham, mas pela frieza dos meus ataques. Eu estava me aproximando cada vez mais e ao ver isso Lua também se aproximou, ela me atacou com a mesma destreza que eu atacava Sol, mas de alguma forma seus ataques me causavam pouco dano, agora era evidente que a minha força estava maior do que a deles.
Fechei meus punhos ao lado de meu corpo e lancei para Lua e Sol uma rajada de poder tão forte que faria com que eu conseguisse pegar o pergaminho.
Me lancei para frente quando o campo de batalha se transformou em luz, as figuras de Sol e Lua a minha frente, quase que curvadas. Caminhei na direção de suas figuras, mas então algo fez com que eu caísse de joelhos.
Senti como se eu estivesse ficando fraca.
Era Morte, eu sentia ele sugando não só a vida dos meus guerreiros, mas a minha própria vida.
Lua e Sol ainda estavam atordoados, então eu ainda tinha um pouco de tempo, meus pés custaram em me fazer ficar em pé, minha espada parecia mais pesada, assim como o meu corpo. A cada novo guerreiro eu ficava mais fraca, a cada novo passo eu sentia a morte se aproximar de mim.
- Não desse jeito, não depois de tudo isso. Gritei reunindo o que me restava de força me impulsionado até Sol e Lua.
O papel ainda estava nas mãos de Sol e ele já estava se recuperando.
Meu corpo lutava contra minhas próprias ordens e custava muito para ficar em pé, a luz de meu ataque foi ficando cada vez mais fraca assim como eu.
Não, não, você não pode... você não vai desistir.
- Luminus. Pronunciei quase sem ar e uma imensidão de luz saiu de meu corpo se espalhando por todo o campo de batalha e espalhando uma névoa de luz.
Continuei quase me arrastando até Sol e Lua, conseguia ver o pergaminho em suas mãos, me levantei devagar e caminhei até eles.
- Não vai conseguir. Disse Sol se levantando empunhando a espada, era evidente o quanto ele estava fraco.
Quando Lua se levantou e nossas espadas se encontraram eu soube o que teria que fazer.
Fechei meus olhos e quando o abri o mundo ficou devagar, em câmera lenta, Sol segurava o pergaminho atrás de sua espada, me aproximei e tirei sua espada do caminho e arranquei o pergaminho de suas mãos. Só tive tempo de me jogar para frente, tudo voltou ao normal, Lua tentou me golpear com a espada e eu me desviei ainda no chão.
- Morte. Gritei e ele surgiu no mesmo instante me tirando do chão, neste momento tudo parou, exatamente tudo exceto Morte e eu.
- Queime o pergaminho. Ordenou ele enquanto tirava a camisa.
Chamas saíram da minha mão e o pergaminho se transformou em cinzas, ele pegou metade das cinzas das minhas mãos e levou o que tinha na sua até meu peito sob meu coração e levou a minha mão até onde ficaria o dele. Meu coração acelerou e meu corpo que estava fraco se revigorou novamente, foi como se a vida que Morte havia sugado dos meus guerreiros voltasse ao meu corpo duas vezes mais forte.
- Você tem as cinzas da maldição da morte, estamos ligados até a eternidade e eu servirei aos seu propósitos até mesmo depois de sua morte.
Olhei para baixo quando sua mão se afastou e havia a marca de uma pequena pena preta e no seu peito descoberto havia a mesma marca.
- Está na hora de você terminar isso, eu não posso mais me envolver. Disse ele.
- Eu sei.
- Vou estar lutando, mas não posso fazer nada contra eles.
Assenti.
- Pronta?
- Mais do que nunca.
Era a hora de acabar com eles, não importando o que aconteceria comigo.
Morte ficou ao meu lado e quando o mundo voltou ao normal eu ataquei...

A Maldição da Lua Vol: 2 Entre a Lua e o SolOnde histórias criam vida. Descubra agora