Capítulo 81: Com amor, Luna.

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- O que achou que ia acontecer? Achou que iria chegar lá e matar a todos?
- Antes de você chegar, sim.
- Você está errada, se eu não tivesse chegado, sabe o que se lá podia ter acontecido.
- Não me trate feito uma criança e no me trate como se fosse o meu pai ou meu dono, pois você não é. Cuspi as palavras ficando próxima de Morte.
Ele arregalou os olhos e apontou para a cama.
- Que gritaria é essa? Indagou Cam entrando no quarto.
- Luna resolveu ficar animada, ir pra Rússia, beber, entrar em uma briga, invocar os guerreiros, deixar vários corpos pelo chão e quase se matar. Disse Morte andando frustrado pelo quarto.
- Você bebeu? Indagou Cam se aproximando rápido e segurando meu rosto.
- Depois de tudo o que eu falei você só se importou que ela bebeu? Indagou alterado.
- Não é para tanto, Morte está me tratando como se eu tivesse cinco anos.
- Ela me parece bem. Disse Cam.
- Ouviu? Provoquei Morte.
- Eu tive que traze-la a força, ela se recusou a voltar, queria perseguir como um cachorro aquele homem.
- Não ouse me tratar assim. Gritei cerrando os punhos.
- Eu só quero o melhor pra você!
- Acho que o melhor é que você pare de se envolver em meus assuntos.
- E deixar que você se mate? Indagou ele me olhando ferozmente.
- Você não tem que tentar me controlar, não vai conseguir.
- Você sabe tudo que eu fiz por você? Gritou ele.
- Nossa eu vou sair antes que a DR de vocês piore. Disse Cam saindo de fininho.
- Eu não sabia que resultaria nisso, se soubesse...
A pausa que tinha feito o incomodou.
- Continue, diga o que quiser, nada vai adiantar, não é você que fala é ela.
Ele se referia ao meu lado sombrio.
- Não existe mais ela, existe apenas eu.
- Olhe no fundo dos meus olhos e diga que é você, diga que a maior parte de quem você já foi ainda existe em quem você é agora.
Ele me puxou para mais perto e olhou o mais fundo em meus olhos que pode, aquilo despertou algo em meu peito como se aquilo que eu tinha feito enfim caísse sobre mim, mas eu não sentia arrependimento ou mesmo alguma culpa, eu me sentia como se tivesse completado 2% da minha vingança.
- Eu sou aquela de antes, mas deixei para trás tudo aquilo que me deixava fraca, eu estou mais forte do que antes e agora nada pode me impedir, não me faça querer te deixar para trás como tudo aquilo que deixei, eu não sinto falta de nada daquilo, mas de você eu sentiria.
Eu tinha que matar aqueles traidores, tinha que matar Dalila e tinha que matar o homem da tatuagem.
- Eu não consigo mais saber quando você é verdadeiramente você, estou confuso. Ele passou as mãos pelos cabelos loiros.
- Deixe que eu te prove que sou eu.
Antes que qualquer palavra fosse dita meus lábios foram de encontro com os dele, calando quaisquer que fossem as palavras que dali sairiam, nossos lábios se tocavam com paixão, sua mão segurou meu rosto, como se quisesse que dali nunca mais saísse, sua língua pediu passagem e eu sedi, sedenta por seu hálito, por seu gosto, por seu toque gélido que causavam inúmeros arrepios por meu corpo, assim como as ondas de eletricidade que aumentava a cada segundo me fazendo querer beijar seus lábios mais uma, duas ou infinitas vezes.
Nos afastamos, eu estava ofegante, ele entrelaçou seus dedos nos meus, me olhando como se estivesse decorando cada parte do meu rosto, cada linha de expressão.
- Eu amo você, Luna.
- Eu também amo você, Morte.
- Ainda é estranho te ouvir dizer estas palavras, parece que mesmo dizendo meu nome elas não são para mim.
- Não pense assim.
- Quero te fazer um pergunta e quero que seja sincera comigo.
Assenti.
- Você ainda ama Dastan?
Aquela pergunta havia me pegado de surpresa, eu tentava com toda a força manter Dastan o mais longe possível dos meus pensamentos, mas ele me vinha até mesmo olhando em pequenos detalhes ao meu redor, ainda era muito doloroso falar sobre ele ou até mesmo pensar nele.
- Por mais que se passe um mês, dois ou até anos eu nunca vou deixar de amar Dastan, vou ama-lo até a eternidade do mesmo jeito que o amei quando ele estava ao meu lado.
- Por mais que eu tentasse me enganar eu já sabia qual seria sua resposta, assim como sei que deve ama-lo mais do que me ama e entendo isso, eu não quero que me ame mais do que ele, o simples fato de você me amar já me trás toda a felicidade desse mundo.
- Eu sei que é difícil pra você e pra mim não é fácil, eu queria te amar mais do que já amo, mas só o tempo será capaz de amenizar as feridas do meu coração e deixar você entrar totalmente nele.
- Eu não me importo em esperar temos a eternidade ao nosso lado.
- Nós temos. Olhei em seu olhos que brilhavam como as estrelas e notei um leve sorriso em seus lábios.
- Vá descansar agora, ficarei ao seu lado até você dormir, não se preocupe se eu não estiver aqui quando você acorda, vou ter que buscar aqueles que você matou.
- Tudo bem.
Me deitei na cama e Morte se deitou ao meu lado encostei minha cabeça em seu peito, ele começou a fazer carinho no meu cabelo, queria fingir que estava dormindo para poder rastrear aquele homem, mas então senti o efeito da bebida caindo sobre mim, assim como o cansaço, exaustão e somando tudo isso a o carinho que ele estava fazendo, comecei a adormecer.

[...]

Meu olhos encontraram um lugar em meio ao sonho que estava tendo, era um quarto, sem janelas e com uma grande porta de ferro, havia uma cama desarrumada, um armário sem portas com algumas roupas e havia alguém sentado em uma cadeira no meio desse quarto, ele estava de costas para mim, tinha cabelos escuros, andei devagar até ele e quase caí para trás quando vi o rosto daquele que estava na cadeira, era Dastan, aqueles mesmos olhos azuis escuros que eu tanto amava contemplar, as maçãs do rosto levemente avermelhadas, ele estava tão triste, sua pele branca parecia ter perdido o brilho que tinha, assim como seus olhos, ele encarava o vazio.
Caí de joelhos ficando em frente a ele, queria tocar seu rosto, mas senti medo que aquele sonho acabasse.
Eu sentia tanto sua falta, lágrimas escorreram por meus rosto, eu chorava em silêncio, não conseguia dizer nada só conseguia olhar para sei rosto e memorizar mais uma vez cada detalhe.
A imagem do sonho começou a tremer e ficar mais longe o piso com carpete branco abaixo dos meus pés foram substituídos por imensa escuridão e eu gritei seu nome em meios a lágrimas, me encontrando dentro do meu quarto, sentada na cama.
Me levantei, precisava de água, minhas mãos tremiam e eu quase não consegui me manter em pé, pois minhas pernas também tremiam.
Falar de Dastan, havia feito com que eu sonhasse com ele, um sonho que parecia realidade, um sonho lindo.
Descendo as escadas limpei as lágrimas que haviam escorrido, ouvi vozes, olhei para um relógio na parede e vi que eram três horas da manhã. O que tanto eles teriam que conversar, havia pouca luz, o suficiente para iluminar a escada as paredes e o caminho até a sala de onde pensei ter ouvido as vozes, esgueirando pela escuridão me aproximei para poder ouvir o que falvam.
- E se não for verdade, não vou faze-la criar falsas esperanças.
- Ela vai se sentir traída, você sabe o quanto odeia quando escondemos algo dela.
- Eu não sei o que fazer, se eu conto e não for verdade ela vai sofrer ainda mais e se não conto e depois ela descobre sozinha, ela vai me odiar.
Odiar, Morte? Minha intuição estava certa, eles estavam me escondendo algo e eu tinha que descobrir o que eles escondiam.
- O mundo era mais fácil quando eu não sabia de nada disso, eu até mesmo antes de tudo isso ia me declarar a Luna, dizer a ela tudo o que eu sentia, mas daí tudo aquilo aconteceu e parece que nunca vai ter fim. Desabafou Cam
- O fim está próximo, falta um ciclo da lua para a batalha, tudo vai ter um fim aí.
- Quanto tempo dura esse ciclo?
- Um mês.
Aquilo me enfureceu.
Eu iria para batalha e não tinha idéia de quando isso aconteceria, mas agora eu sabia e tinha que mudar tudo o que estava fazendo, eu poderia ir atrás de Dalila, dos traidores e daquele homem depois, até mesmo descobrir o que Morte e Cam escondiam de mim poderia esperar. Estava na hora de me preparar e me concentrar em acabar com aquela maldição e dar um fim á tudo isso, Morte e Cam não fariam mais parte disso por um tempo.
Corri até o quarto evitando fazer qualquer barulho, enchi uma pequena mala com roupas, a cada segundo traçando um plano em minha cabeça.
Apanhei um caneta e uma folha e escrevi a carta de partida:

Morte, você esteve ao meu lado por grande parte da minha vida (mesmo que não me lembre de boa parte), mas agora tenho que seguir pela primeira vez sozinha, está na hora de eu mudar as coisas, os planos.
Espero que fique bem e peço que não tente me procurar, não vai adiantar.
Prometo ficar bem e segura.
Escutei sua conversa com Cam, não estou brava e não odeio você, mas está na hora de eu ir e te deixar.
Cuide de Cam, Gadriel e por favor cuide de você mesmo.
Eu amo você, Morte.
Até logo.

Com amor, Luna.




A Maldição da Lua Vol: 2 Entre a Lua e o SolOnde histórias criam vida. Descubra agora