Capítulo 83: Tic Tac, Tic Tac.

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Agora só restavam mais 10 dias junto a Sol. Cinco dias em sua presença pareciam três anos, treino após treino eu já estava me sentindo exausta.
- Mais uma vez.
- Eu não consigo. Gritei
- Cale a boca e tente mais uma vez.
Fechei meus olhos e tentei projetar mentalmente o que os soldados deveriam fazer.
- Continue.
- Eu já estou...
- Continue! Gritou ele.
Meu corpo aqueceu eu precisava de toda a minha força para executar as coisas mais simples e aquilo emanava muito de mim.
- Você estará usando seu poderes através dos cavaleiros então ficará vulnerável, use eles para sua proteção e ataque.
- É fácil você ficar dizendo...
- Calada! Vamos deixe de ser fraca e continue. Ele me interrompeu.
Eu só queria acabar com aquilo meu corpo não aguentava mais.
- Acho que precisa de um incentivo, que tal isso...
Vindo em minha direção de surpresa ele me atacou cortando meu braço com a ponta de sua espada.
A ferida aberta começou sangrar e a dor estava intensa.
- A cada segundo que demorar, irei fazer um corte, invoque seus cavaleiros ou vai virar pedaços.
A lâmina de sua espada novamente cortou minha carne, dessa vez na minha perna e o ferimento foi mais profundo.
Apoiei o joelho no chão e Sol me chutou para longe.
- Fique em pé. Ele colocou a espada em meu pescoço me forçando a levantar, sentia dor e meu sangue escorrendo. Sol precionava a espada contra meu pescoço e assim ele furava e sangue quente escorria.
Eu não queria parecer fraca ou vulnerável, mas a dor era muito forte.
Sol tirou a espada do meu pescoço e assim que abaixei a cabeça ele me agarrou pelo pescoço me prensando contra uma árvore, ele me ergueu do chão como se fosse uma folha de papel. A dor era tão forte que a qualquer movimento eu me contorcia.
Com uma mão em meu pescoço e com sua outra mão empunhando a espada ele me encarava com seus olhos alaranjados queimando em satisfação e fúria.
- O próximo será seu belo rostos, prefere alguma marca em particular?
- Me... solte. Disse com palavras engasgadas.
- Invoque seus cavaleiros. Gritou ele erguendo a espada e a levando para meu rosto.
Fechei meus olhos e tentei invoca-los, a dor era tão forte e a cada gota de sangue me sentia mais fraca.
Pronunciando as palavras mentalmente o brilho dos cavaleiros surgiu em meu campo de visão, eu não estava respirando direito e conseguia sentir o efeito disso, minha visão turva tentou encontrar os cavaleiros, mas tudo que eu fiz foi tentar me debater, a mão de Sol se fechou ainda mais.
A escuridão se aproximou de meus olhos e no momento que achei que não teria mais forças para me manter acordada algo se aproximou e Sol me jogou no chão.
- Luna?
Comecei a respirar ofegante e a tossir não conseguia identificar de quem era aquela voz.
- Fique longe dela, puxe o ar devagar. Disse aquela voz.
- Achei que viesse antes. Disse Sol .
Uma mão estava precionando meu ferimento da perna enquanto outra tentava parar o sangramento de meu braço.
- Ela podia ter morrido.
- E como sempre voltaria.
- Isso não importa!
Minha mente gradualmente estava voltando ao normal, com a visão um pouco mais clara pude ver a afigura de Morte olhando pra mim.
- O que você está fazendo aqui? Indaguei com a voz fraca.
- Eu não podia deixar que ele te machucasse.
- Eu estou bem.
- Não está, vamos para casa!
- Eu não vou, o tempo está acabando preciso estar pronta e estou longe disso, insisto que vá, volte para casa.
- Eu não vou sem você!
- Tem que ir.
- Ele está tentando te matar! Morte gritou encarando Sol que andava entre as árvores com um sorriso frio nos lábios.
- Eu preciso que confie em mim e que vá para casa.
- Eu tenho que te contar uma coisa, eu não tinha certeza, mas agora as coisas parecem ter mudado e mesmo não tendo absoluta certeza tenho que te contar...
- Eu não quero saber Morte, eu quero que vá e que não volte mais.
Os olhos de Morte de encontro com o meu causaram um grande conflito interno em mim, queria estar ao seu lado, mas ao mesmo tempo eu precisava estar ali, lutando. Aquele era o preço o qual eu deveria pagar e faria isso apesar de tudo.
- Luna, não faça isso comigo, porque precisa sempre estar fugindo? Fugindo de seus sentimentos, fugindo daqueles que te amam, fugindo de tudo.
- Eu não consigo mais me sentir fraca, minha fraqueza sempre vão ser vocês, eu estou cansada disso e é hora disso ter um fim, você é uma pedra no meu caminho e preciso então te tirar dele.
- Você realmente quer isso?
O único jeito de fazer ele partir era acabar com tudo o que ele sentia, era mentir e negar tudo o que eu sentia por ele.
- Vocês vão demorar muito ou já vai acabar esse show? Acho que estou gostando disso, se for demorar vou buscar um lanche.
- Cale a boca, Sol!
- Eu não quero mais você perto de mim, sinto muito, mas em minha vida não tenho espaço pra você nesse momento, eu quero acabar...
- Acabar com tudo o que vivemos, vai jogar tudo isso fora? Indagou Morte alterado.
Passei a mão por seu rosto gélido.
- Se me ama vá agora, vou ficar bem.
Hesitante ele olhou profundamente em meus olhos.
- Você está querendo se livrar de mim?
- Não, eu já fiz isso, agora só estou pedindo para que vá, não sou boa com despedidas, mas eu quero que saiba que se existe um destino no qual nosso caminhos se encontrem novamente eu não vou mais me livrar de você, vou ficar ao seu lado, mas esse momento não vai ser agora, sinto muito.
Me erguendo em seus braços ele me envolveu, ele me repousou novamente no chão com um olhar entristecido.
- Eu vou te esperar por toda a eternidade.
- Eu sei!
Após um beijo em minha testa ele desapareceu.
Tudo voltou a tona, lembranças do seu rosto vieram em minha mente e eu tentei esquecer aquilo, por enquanto.

Tentei me fazer de forte, fingir que estava bem, mas era mentira havia sangue no chão e minhas roupas estavam encharcadas, a conversa com Morte e tudo o que eu havia falado foi somado a dor que eu sentia e todas as minhas preocupações.
Sol então se aproximou ficando de joelhos no chão.
- Achei que nunca iriam acabar com essa lengalenga.
- Não se aproxime!
Sua mão foi em direção ao meu ferimento na perna e eu me encolhi gemendo de dor, sua mão ficou acima do ferimento. Comecei sentir como se algo quente estivesse aquecendo minha pele, como uma forte febre que se espalhava pelo meu corpo, anestesiando meu corpo todo, logo não havia mais dor e eu estava olhando em silêncio para aquele que junto com Lua programou meu destino e o de Sun. Olhar para Sol era ter um lembrete de Sun, o mesmo olhar e traços tão semelhantes, era assustador tê-lo tão perto e olhando para meus olhos com o que parecia o primeiro sentimento de compaixão que ele me demonstrava. Eu sentia receio de ficar em sua presença, pois eu ainda tinha em minhas memórias a insanidade e o terrível mal que seu filho havia me causado. Ele era como uma lembrança física de Sun o que me deixava a todo instante apreensiva e em guarda, mas vê-lo fazendo algo assim era um pouco confortante.
Era como se pela primeira eu conseguisse ver algo bom nele, por trás de toda aquela força, ódio e sarcasmo poderia Sol no fundo de sua alma ser um ser bom?

Oi meus amores! Tudo bem com vocês? Espero que sim!
Me desculpem a demora, mas esse mês foi muito difícil pra mim.
Esse foi o mês que a um ano atrás eu perdi a minha avó e ontem eu perdi o meu avô que tinha 91 anos, terminar esse capítulo me deixou de alguma forma muito emotiva, talvez porque eu estou me despedindo também da história, como disse antes ela está acabando e como uma aspirante a escritora parece que uma parte de mim vai se perder, como se A Maldição da Lua fosse uma parte da minha identidade e eu esteja perdendo ela.
Minha vida também está muito corrida, comecei a trabalhar, do trabalho vou direto para a faculdade e está sendo difícil, mas logo a história vai ter o fim.
Obrigado por tudo, por estarem lendo, comentando e votando.
Mais uma vez me desculpem!

Dedico esse capítulo para meu avô e para minha avó, que eu tanto amei e ainda amo.

A Maldição da Lua Vol: 2 Entre a Lua e o SolOnde histórias criam vida. Descubra agora