Capítulo 17

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Uma cicatriz, um pequeno símbolo está a queimar a minha pele no tornozelo deixando uma luz azulada brilhar. Grito de dor, Damion olha fixamente para mim sem dizer uma palavra. Tiro as botas e tento chegar a água do outro lado da casa da árvore. Torpeço algumas vezes devido ao tamanho da dor que vem do tornozelo, chego a torneira e encho um copo com água e despejo na minha perna. A dor não diminuiu e a cicatriz começa a ficar mais nítida a medida que a luz azulada deminiu de intensidade. Não consigo pensar direito com tamanha dor e o primeiro instinto que tenho é pressionar a cicatriz até parar a dor. Não sei quanto tempo passa mas parece um inferno, olho para Damion e ele continua no mesmo sítio fitando-me. Grito pela sua ajuda mas nada. A dor continua a diminuir até a luz azulada parar de brilhar, a cicatriz está agora mais nítida e circular é reconheço-a imediatamente, o meu símbolo Lorico.
Aquele símbolo agora presente no meu tornozelo está também perfeitamente nítido no meu colar e na minha perna esquerda. Quando o último Ancião uniu-me juntamente com as outras crianças pertencentes á Guard um símbolo se formou nos nossos tornozelos esquerdos, o símbolo de cada um respetivamente, o feitiço de proteção fazia com que uma nova cicatriz se formasse nas nossas pernas direitas a medida que cada um morresse mostrando o seu símbolo nos nossos tornozelos. Eu ainda não morri porque esta ele a queimar ? Já deixei a número Dois vulnerável?  O feitiço Lorico já se quebrou?
Tantas perguntas sem resposta a nenhuma delas. A dor acabou e o meu símbolo está agora num tom de vermelho rosado ainda quente. O que será que aconteceu?
Olho para Damion, ele parece que vai dizer alguma coisa mas a sua boca se fecha tão rápido quanto se abriu.
-Posso explicar- digo ainda meio a medo da sua reaçao.
Momentos como este é que era preciso a ajuda de Hilde, como ela me faz tanta falta. Damion começa a tentar falar de novo.
-O que és tu ?- perguntou ele hesitante.
-Tens de me prometer que não contas nada Damion...pela minha segurança.
-O que aconteceu? -ele insiste.
-Eu não sou igual a ti, sou de outro planeta e de outra espécie. Estou a ser caçada e preciso de me esconder para o bem do teu planeta.
Ele parece assimilar a informação e tenta-la comparar com a verdade que ouve no dia a dia, a sua verdade, após alguns minutos de reflexão ele volta a perguntar.
-Como?
Suspiro.
-Vou começar pelo início mas aviso já que é uma longa história...
Contei-lhe tudo desde o princípio, do meu planeta, Lorien, da sua invasão pelos mogadorianos, da minha fuga com Hilde e com o resto das oito crianças Guard e oito Cêpan's,  de termos sido escolhidos e após a invasão perseguidos. Tentei não ocultar nada de relevante mas não revelar nada de importante para o caso de correr mal. Contei-lhe sobre a nossa chegada a Terra e como Hilde e eu nos ambientados, como nos instalamos, como vivíamos e como ela me treinou, falei como ela morreu e como vim para aqui.
Contei-lhe ainda do feitiço Lorico que protegia os outros oito enquanto eu ainda fosse viva e tentei explicar o porque da cicatriz mesmo não sabendo.
-Preciso de ir...-disse levantando-me.
-Espera! -disse ele puxando-me pelo braço. -Tens mesmo que ir ?
-Sim...eu preciso mesmo de ir...
Ele puxou-me para junto de si e me envolve nos seus braços, as nossas caras se aproximam-se uma de outra e os nossos lábios se tocam suavemente, uma energia nova me renova e senti arrepios pelo corpo todo. Ele se afasta.
-Amanhã sempre nos encontramos ?- pergunta ele esperançoso.
Mordo o lábio hesitante.
-Não perderia nem por nada.
Viro-me e pego na pequena cadelinha Rina que deixei no chão quando a cicatriz começou a se formar e começo a descer as escadas.
Aceno mais uma vez de volta e começo a correr floresta a dentro, Rina salta do meu colo e também ela começa a correr, Possi afirmar que corro pelo menos uns 40 Km/h o máximo que consegui foi um pouco mais de 60 km/h mas não é preciso exagerar, Rina acompanha-me até desaparecer um pouco atrás de mim, abrando um pouco na esperança que ela me siga mas quando volto a olhar para a frente ela me ultrapassou. Corro até alcança-lá e seguimos sempre ao mesmo ritmo até chegar-mos a cidade. Aí pego nela ao colo e vou para o meu hotel, passo primeiro numa pastelaria e compro alguns pães e um bolo e começo a comer pelo caminho.
Entro na receção do hotel.
-Hey, menina? Não podem entrar animais.
Segui o olhar da senhora da receção até Rina.
-Oh...-digo eu aproximando-me do balcão. -Pago o que for preciso !
A senhora começa por olhar para mim de lado mas depois passa-me uma folha parecida com um requisito para eu preencher.
-O horário dos animais é das dez na manhã as dez da noite se o ouvirmos ladrar pomos o na rua juntamente com a dona, o preço inicial são quinhentos euros mais duzentos se quiser algum extra como ração ou banho. -Explica-me a senhora.
Pego numa caneta e começo a preencher as lacunas da folha.
-Pago tudo! Mande a conta juntamente com a do final do mes. -afirmo.
-Não menina, estas despesas é para pagar agora.
-Vou então lá acima buscar o dinheiro. Digo encarando-a, ela me lança outro olhar mas finjo que não vi.
Pego em Rina e subo até ao meu quarto.
Pego na bolsa que tem as contas e os cartões tirando lá de dentro o primeiro cartão que aparece e verifico o código na folha que vinha juntamente na bolsa. Desço de novo lá para baixo e pago a senhora, ela me volta a lançar olhares mas não ligo, ela me da uma folha com os dados do pagamento e outra com as regras.
Volto a subir para o quarto e me dirigi à Arca escondida num canto e a trago para a minha cama.
Fito-a durante algum tempo e as milhares de recordações com Hilde me passam pela cabeça, uma onda de tristeza me invade mas tento não pensar nisso, preciono as minhas mãos na Arca e um calor começa a surgir nas minhas mãos e sem sequer ter passado um segundo a Arca se abre.
Muitos objetos se apresentam la dentro mas o meu olhar se fixa no pequeno envelope que numa letra perfeita tem o meu nome.
Pego-o e abro-lo mostrando algumas páginas com a caligrafia de Hilde, começo a ler.

Eu Sou A Número UmOnde histórias criam vida. Descubra agora