Do nada uma dor atinge a minha perna, tão forte, tão forte, que por momentos deixei de respirar. Olhei logo para a rapariga que afirmava ser a número Dois, ela também estava em sofrimento e agarrava firmemente a sua perna, tal como eu. Uma luz quente e azulada iluminou o carro, a minha pele queimava e conseguia ver um símbolo a formar-se novamente em mim, desta vez não o meu mas sim o da numero Dois. Olhei de novo para a menina, para o seu pescoço, e lá estava ele. O colar lórico.
-Maya! Maya!Estás a ouvir-me?- Ouço Damion a chamar-me.
Damion continua a dirigir o carro e cada vez andava mais depressa, conseguia entender que ele estava a falar alguma coisa mas não conseguia perceber bem o quê. A dor é tão forte que não me consigo focar em mais nada além da minha perna. Não sei quanto minutos é que passaram mas foram agoniantes.
A dor estava finalmente a começar a diminuir e a primeira coisa em que consigo pensar é Como?, e realmente era a única coisa que importava. Não consigo encontrar uma boa razão para mais um de nós ter morrido, afinal a numero Dois estava bem à minha frente e nós só podemos ser mortos por ordem. Finalmente Damion encostou o carro e consegui sair do mesmo, para apanhar um pouco de ar pois o ambiente no carro tinha-se tornado muito quente apartir do momento que se começaram a formar as cicatrizes.
-Mas o que é que aconteceu?- Pergunta a menina ruiva.
-Eu não faço ideia!- Digo preocupada.
-É o meu símbolo! Não faz sentido, eu não estou morta e no entanto tenho gravado o meu símbolo agora nas duas pernas...Como?
-A única razão pelo qual as cicatrizes se formam é para nos avisar que somos os próximos a não ser...- Faço uma pausa no meu discurso, só podia ser isso, não havia outra explicação possível.
-A não ser..?- Insiste Damion que agora se encontrava ao meu lado.
-A não ser que o feitiço tenha quebrado!- Completa Dois em pânico.
O feitiço lançado pelos Anciões de Lorien garantia que só podíamos ser mortos pela ordem dos nossos números, e isso sempre protegeu os outros oito Guard's ,no entanto eu sempre estive exposta à morte. Mas havia uma exceção, o feitiço apenas funciona se nos mantermos separados. Se nos juntarmos, o encantamento desfaz-se. Só pode ser isso!
-O encantamento apenas funciona enquanto nos mantivermos separados!-Exclamo.
-Então se nós nos juntarmos isso enfraquece o feitiço e expõe o próximo Guard?- Pergunta a número Dois.
-É bem possível, mas eu não tenho a certeza, Hilde, a minha Cêpan nunca me falou disto.- Respondo-lhe.
-Mas então se o nosso aproximamento fez com que o feitiço avança-se para o número três expondo-o, como é que a tua cicatriz nos apareceu? Estiveste com mais algum Guard?
-Não...no momento que ganhei a cicatriz eu estava sozinha com o Damion.
Damion acena com a cabeça confirmando o que eu disse. A rapariga volta a ficar pensativa, à procura de uma resposta dentro daquela cabeça cheia de lindos caracóis, ela parecia inteligente, talvez um pouco magra, sem muita massa muscular, o que provavelmente dificultava a sua vitória em combates.
-A não ser que algum dos outros se tenha juntado e o feitiço enfraquece também pela ordem dos nossos números! Logo quando algum deles se encontrou o feitiço avançou para ti, deixando-te também exposta à morte.- Digo rapidamente.
-Faz sentido!- Diz ela. -Apesar de o feitiço enfraquecer ainda permanece nos últimos Guard's e isso de certa forma protege-nos até que estejamos todos juntos.
-Meninas, por mais que eu queira continuar esta conversa, que é super interessante, acho que devíamos voltar à estrada. Ainda estamos muito próximos de Londres.- Fala finalmente Damion depois de ouvir atento tudo o que eu e a outra Guard discutíamos.
-Tens razão, devíamos voltar para o carro e afastarmos-nos o mais rapidamente daqui- Digo enquanto abro a porta do carro e me sento. Tanto Damion como a rapariga fazem o mesmo e logo voltamos à estrada.
-Então para onde vamos?- Pergunta Damion.
-Devíamos sair do Reino Unido. Mudar de continente até.- Responde a número Dois.
-Concordo plenamente. Temos que ir para um aeroporto e rápido, mas fora da Inglaterra -Digo.- A Escócia é mesmo aqui ao lado e se nos apresarmos ainda conseguimos apanhar um avião antes dos mogadorianos chegarem mais perto.
-Vamos para a Escócia então!- Exclama Damion.
-Ah desculpa, eu acho que ainda não nos apresentamos formalmente, eu sou a Maya.- Digo virando-me para o banco de trás, estendendo a minha mão.
-Maggie, muito prazer.- Apresenta-se a rapariga enquanto estende a mão ao encontro da minha. Finalmente encontrei outro Guard penso, acho que um aperto de mão é demasiado formal e impessoal para o que estou a sentir agora. De alguma forma acho que agora talvez tenhamos uma hipótese de recuperar Lorien como os Anciões previam, todos juntos.
Passámos algumas horas a conversar, Maggie contou-me a sua história e o porquê de eu não ter visto o seu Cêpan, aparentemente eles separaram-se antes de chegarem a Londres, Maggie chegou primeiro à casa combinada e Conrad nunca apareceu,ainda só passaram alguns dias desde que ela já não o vê mas supõe o pior. Eu só espero que ele esteja bem porque sinceramente, nós precisamos de tua a ajuda possível e a ajuda de um Cêpan vinha mesmo a calhar, visto que, eu já não tinha a minha. A viagem de carro até Edimburgo foi calma, não vimos nenhum mogadoriano e fiquei a saber muito mais sobre a Maggie e como é que ela tem treinado, apesar de ainda não ter desenvolvido nenhum legado ou mesmo a telecinese.
-Estamos quase a chegar, tenho que encontrar estacionamento, comecem já a pegar nas vossas coisas e vão indo comprar os bilhetes para nos despacharmos, encontramos-nos la dentro.- Diz Damion.
Maggie e eu começamos a pegar nas minhas mochilas pois ela não tinha tido tempo de trazer nenhuma. Entramos dentro do aeroporto e fomos logo buscar três bilhetes, o voo mais cedo que havia para sair dali era um com destino a Itália, partia dentro de 20 min.
-Temos 20 min para ir buscar comida e entrar no avião, temos que ser rápidos.- Digo enquanto pego nos bilhetes e os guardo juntamente com o dinheiro e os meus outros pertences.
Não demoramos muito até encontrarmos alguma coisa para comer e como a viagem de avião ia ser longa decidimos comer mais no avião. Mal aterramos em Roma compramos outra passagem de avião para Toronto, para o dia seguinte, alugamos um quarto, comemos,tomamos banho e só tivemos tempo para dormimos algumas horas antes de voltarmos para o aeroporto. Demoramos mais de meio dia para chegar ao Canadá e mais nove horas para chegar ao nosso destino final, a uma pequena cidade a norte de Vancouver. Mal chegamos, alugamos uns quartos numa pensão e acho que nunca estive tão cansada mas excitada ao mesmo tempo. Já não estava sozinha, tinha outra Guard, a numero Dois, Maggie. Só espero que os outros estejam bem e também estejam a tentar encontrar-se para todos juntos lutarmos contra Setracus Rá. Lorien conta connosco.
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Eu Sou A Número Um
Science FictionCriado apartir de Legados de Lorien A história fala da vida da número um antes de morrer ( alterei alguns factos, nomes e lugares) " Só me lembro de chegarmos a um grande descampado e de nos esperarem nove homens, cada um com uma muda de roupa e en...