Capítulo 03

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SAVANAH

   A claridade me incomoda quando desperto e sento-me rapidamente na cama onde nem faço ideia de como vim parar. O fato é que ao abrir os olhos, dei de cara com uma criatura vestida de preto dos pés à cabeça, apenas com os olhos extremamente azuis visíveis. Amedrontou-me pra caramba.

    A voz da mulher por baixo das vestes é doce, gentil e enrolada ao dizer:

    — Olá! Não queria assustá-la! Sou Sarah, a irmã caçula do Masalom. — fico envergonhada por julgá-la pelas vestes e abaixo a cabeça refletindo se estou sonhando.

  —  Prazer, Savanah. Desculpe-me pela minha reação é que não esperava. Bom, suas vestes. Elas são... hum... — gaguejo enquanto tento me explicar e ela gargalha.

   — Não se preocupe. Eu entendo perfeitamente. — diz para meu alívio. —  Masalom me disse que é brasileira, por isso não se preocupe. — completa. —  Mas e você como está? 

     Ainda estava tentando lembrar quem diabos é Masalom.

    — Estou me sentindo um pouco fraca e levemente tonta. — respondo omitindo o fato das minhas mãos estarem doendo.

    Ela que, até então, estava de pé na lateral esquerda da cama, senta ao meu lado e segura minhas mãos. Tento esconder a careta de dor que possivelmente fiz quando ela aperta-as entre as dela, baixando o rosto e fingindo fitá-las unidas.

     — Você vai ficar bem. — afirma com tanta propriedade que volto a fitar seus olhos azuis me indagando se estou vendo um anjo. Seria assim a imagem de um? Se for, nós humanos estamos tão equivocados ao desenhá-los com asas e de branco

    Sacudo a cabeça, sutilmente, afastando meus pensamentos.

     — Daqui a pouco um amigo de Masalom, vulgo médico, virá examiná-la. — informa e vejo seus olhos ganharem um brilho intenso. Provavelmente está sorrindo também, mas não posso ter certeza com aquele negócio cobrindo seu rosto.

   Volto a me indagar sobre esse tal homem que ela fala e resolvo perguntar logo para saciar minha curiosidade:

     — Masalom? Desculpe eu acho que não sei de quem se trata. — falo e ela me fita por alguns instantes. Parece meditar se o que eu disse é verdade, uma vez que me olha interrogativa. Então, para minha surpresa, ri histericamente.

     — Masalom é o seu noivo, o mesmo que estava aqui contigo quando desmaiou. Sabe, dessa vez ele se superou. Não vai me dizer que ele te disse um pseudônimo.

    Caramba! Ela não é um anjo e eu não estava tendo um pesadelo. Era tudo real, presenciei a morte de uma mulher. Imagens inundam minha cabeça como uma avalanche. O cheiro acobreado de sangue entrando em minhas narinas, os olhos negros do assassino me olhando quase que em desafio, eu aqui neste quarto olhando no vidro da janela as marcas que o quase estrupo deixou em meu corpo, a garrafa que não consegui sustentar por causa da dor em minhas mãos, ele avançando sobre mim com raiva... Afasto suas mãos das minhas bruscamente fazendo com que me olhe diretamente. Então o nome do assassino é Masalom. Posso até já ter ouvido alguém lhe chamar pelo nome, porém, nas condições em que me encontrava, era difícil ter guardado.

—   É, não exatamente. E, hum, é, onde ele está?

  — Meu irmão? —  me perguntou ainda me encarando e eu assenti. —  Ele foi chamar o médico que te disse. Masalom é uma pessoa maravilhosa... — abaixa a cabeça sem graça. —  Desculpa, apesar dele não ter dito o seu verdadeiro nome, você deve conhecer sua personalidade ou não iriam se casar. Só te peço que não discuta com ele por ter omitido esse detalhe. Tenho até uma suposição das suas intenções. Sabe, meu irmão parece não gostar muito de ser o mais indicado ao trono. Talvez ele apenas quisesse ter certeza de que o ama ou se tudo o que você queria com o casamento não era a posição de rainha. — ela tagarela sem parar como se eu estivesse aqui porque quero.

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