Quarto da República: 17/03/2015 - Segunda-feira, 06:15 a.m.
Estava tão cansada que quando pus meus pés dentro do quarto no qual ficaria, a única coisa que fiz foi me jogar na cama e acabei deixando minhas coisas no meio do caminho. Levei horas para chegar aqui e só o que pensava era dormir profundamente e só acordar no outro dia. E foi exatamente o que fiz. No dia seguinte, acordei com uma dor de cabeça incessante. Decerto devia ser porque a viagem até aqui fora desgastante demais e, por mais que tivesse descansado o bastante para não ficar cansada no dia seguinte, a dor de cabeça aniquilou brandamente o meu descanso ao qual tanto almejava.
Ontem tinha planejado arrumar tudo hoje e ir até algum mercado fazer compras, e era exatamente o que faria, assim que tomar meu banho para que essa sensação de que estavam martelando minha cabeça terminasse de vez. Fiquei alguns segundos sentada na minha cama avaliando o quarto e minha única colega de quarto enquanto ela ainda dormia. Eu era uma novata aqui, o que se tornava algo muito difícil de enfrentar porque não conhecia absolutamente ninguém, nem da república nem da faculdade para me auxiliar nas coisas e ajudar a me situar nessa nova cidade. Considerei pedir ajuda ao Andrew que conheci ontem assim que cheguei aqui, mas ele também era novo e teria praticamente sido um desperdício de dia se o fizesse.
Olhei a minha volta à procura de algum relógio para me situar. Encontrei um pequeno em cima de um criado mudo. Eram 06:15 a.m.. Estava muito cedo, no entanto era acostumada a acordar a essa hora desde pequena. Isso nunca me afetou, pelo contrário, achava que começando o dia bem cedo dava para aproveitar muita coisa e depois ainda teria um tempo livre para sair e procurar um lugar tranquilo onde pudesse desenhar e aproveitar a paisagem montando o meu álbum de fotos só de paisagens. Antigamente, sempre insistia em desenhar vestidos de noiva, fantasiando o meu futuro como uma romântica incurável, mas depois do que aconteceu, preferia esquecer esse modo de ver a vida que mais me humilhou do que honrou, e comecei a desenhar paisagens que remetiam algum significado generalizado visto por mim.
Me despreguicei e caminhei até a mala, que estava disposta no chão, para pegar alguma roupa grossa o bastante para me esquentar porque esse frio de inverno estava de matar. Não sabia se era impressão minha, no entanto, no final de inverno parecia que era ainda mais frio que no começo ou simplesmente na metade. Às vezes dava umas variações loucas pois a primavera estava para chegar e quando pensávamos que iria nevar, acabava chovendo ou vice-versa.
Parei de procurar a roupa e andei até a única janela do quarto para verificar se estava chovendo ou nevando. A neve caía lenta e finamente sobre a cidade e em todos que já estavam acordados numa segunda-feira. Voltei a procurar alguma roupa e peguei uma calça legging grossa da cor preta e uma calça jeans escura que ficava um pouco larga em mim, mas não ligava de usá-la, ainda mais no frio. Uma blusa fininha de mangas longas e, por fim, um casaco de lã que a minha avó fizera para mim com uma peônia como estampa.
Ainda não tinha entrado no banheiro daqui, mas basicamente sabia como o espaço era ocupado, pois vira no site da república enquanto procurava um lugar para morar. Assim que adentrei o banheiro, confirmei minha conspiração relatada. Peguei um pote de shampoo e condicionador que encontrara dispersos sobre uma cômoda branca que havia no banheiro. E direcionei-me para o box, mas parei assim que avistei, esquisitamente, um rádio pequeno que estava sob a cômoda. Não consegui entender o motivo pelo qual aquela menina teria colocado um rádio no banheiro, mas mesmo achando isso estranho liguei-o e o deixei tocar em um volume baixo para que apenas eu pudesse ouvir. Era uma música da Jessie J que considerava boa para ouvir, por isso resolvi deixar as músicas produzirem-se por conta própria. Ainda não a conheci, mas se ela gostava de músicas assim, tinha certeza de que iria adorá-la.
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Primavera Sem Rumo (Livro 1) - Completo
General FictionLivro 1 da série "Estações Insólitas". Livro 2 - "Verão Inabalável": https://www.wattpad.com/story/93481736-verão-inabalável "As aparências enganam." Não se deve acreditar em tudo o que vemos, pior ainda quando achamos que conhecemos alguém. E era...