Capítulo 38 - Elizabeth Campbell

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Livraria Bookaholics: 15/05/2015 - Quinta-feira, 10:04 p.m.


Embora tenhamos ficado numa situação incômoda, conversamos bastante e decidimos tentar deixar de lado o que aconteceu após muitos pedidos de desculpas vindos dele. Thomas e eu ficamos apenas alguns minutos sem se falar, quando ele retornou à sala naquela manhã e isso foi bom. Nossa primeira-quase-briga obteve resultados inesperados.

Como outra forma de perdão, insistiu veementemente para que passássemos o dia de hoje juntos, pelo menos o final da noite, visto que eu trabalharia até o horário normal de sempre.

Não fiquei tão chateada com ele a tal ponto de não querer ouvir o que tinha para dizer, porque sempre acreditei que antes de julgar alguém, devia dar-lhe a chance de se explicar e, após isso, receber meu perdão. Eu não estava acima do bem e do mal para não fazer isso. Então, naquela mesma manhã, ele me trouxera chocolates, escreveu diversos bilhetes com citações do Pequeno Príncipe e prometeu que nunca mais agiria comigo daquela forma. Assim, desfiz minha carranca e percebi que, pela primeira vez, agir daquela forma poderia dar certo e gostaria de repetir futuramente. Talvez, desse certo se fizesse o mesmo com meu irmão, mostrando-o que não aceitaria certos tipos de tratamento que ele estava habituado.

Agora, estava abrigada sob o mesmo toldo onde estivera esperando por Iris, no dia da "festa do pijama" e fazia frio, enquanto aguardava Thomas me apanhar. Como combinado, iríamos assistir a um filme na minha casa e isso já não me incomodava mais. Conseguia ficar sozinha com ele, devido aos limites que vinha estabelecendo. Depositei boa parte da minha confiança nele, embora permanecesse sempre alerta caso alguma coisa pudesse surgir. No entanto, sentia que pouco a pouco, isso se desvaneceria eventualmente visto que minhas mãos já não ficavam mais fechadas o tempo todo, nem a respiração ficava irregular com sua aproximação constante e aprazível. Atualmente, até sentia falta dela porque somente me tranquilizava, apesar de sentir as costumeiras borboletas. Essa sensação era tão afável que não queria que fosse embora.

Ouvi ao longe seu carro se aproximar e desencostei-me da parede branca, tentando limpar os vestígios de tinta do meu agasalho vermelho. Ele estacionou bem na frente da porta onde estava parada, desceu do carro e caminhou até mim, sorrindo daquela forma que tanto apreciava. Como não parecia haver ninguém por perto, abraçou-me devagar e beijou minha testa, bochecha e lábios, lentamente.

- Senti sua falta, Li-chan! - falou amorosamente, quando nossos lábios se separaram.

- E eu ainda mais.

Essa havia se tornado nossa frase corriqueira e não era mentira. Nunca era. Sentia que, conseguia encontrar nele a tranquilidade que sempre me faltou. Não saberia que rumo tomaríamos, no entanto era apenas o presente que me importava e deixaria que assim prosseguisse seu curso impassivelmente. Tentaria, ao menos.

- Como foi seu dia? - perguntou, enquanto me guiava até seu carro e abria a porta para mim.

Sentei no banco, afivelei o cinto, fechei a porta e esperei que contornasse e se sentasse ao meu lado, para que pudesse responde-lo.

- Foi ótimo. E o seu?

- Ah, foi bom também, porém tenho uma notícia ruim. Mas, não se preocupe, não é nada tão grave.

Franzi o cenho, quando ele deu a partida e saímos dali.

- O que aconteceu? - perguntei preocupada.

Ele respirou fundo.

- Terei que viajar em breve. Assim que terminarem as aulas, voltarei ao Japão. Soube que meu pai está muito doente e precisará da minha assistência. Já que meu irmão não poderá ir, como mais velho, deverei cuidar dele. E, minha mãe não terá férias por um bom tempo.

Primavera Sem Rumo (Livro 1) - CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora