Capítulo 29 - Andrew Harper

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Pedi para a Lou que me emprestasse a sua câmera para dar um de paparazzi. Tirei várias fotos dos convidados distraídos e outras mais com eles fazendo poses. Mas, era meio difícil mexer naquela máquina fotográfica. Tinha vários botões e quando eu clicava em um para verificar como as fotos ficaram, acabava fazendo merda.

— Por favor, me ensine isso — implorei para ela quando a encontrei conversando com a namorada de Rodrigo. Disse-lhe o que queria que me explicasse e ela soltou um suspiro, fez uma careta para a Diahna, que respondeu com um sorriso, para depois olhar nos meus olhos e dizer:

— Calma, calma — Pegou a câmera e inclinou um pouco para o lado para que eu pudesse ver e aprender. Apontou para um botão minúsculo com um retângulo pequeno e a ponta de uma seta logo em cima que ficava na extremidade do lado esquerdo da câmera com outros botões ao seu redor. — Esse é o botão para ver as fotos. Se clicar nele mais uma vez depois de já ter clicado a primeira, ele volta ao normal. Nenhum bicho de três cabeças, pode ter certeza.

— Ah! Então é isso. Mas e quanto aos outros botões?

— Seja feliz apenas sabendo desse que te falei, okay? Não mexa nos outros.

— Poxa! Queria tanto saber...

— Sem essa, enrolado — lançou-me um olhar de "se fizer merda, eu te mato".

— Ok, ok.

Peguei a câmera de sua mão e mirei nela. Ela já tinha retornado a conversa com a Diahna.

— Ei, olhe pra mim — pedi, com a voz meio rouca.

E tirei sem nem esperar uma reação dela. Ela fez uma cara assustada quando viu o flash acionado e me deu um tapa na superfície posterior do meu braço quando abaixei a câmera e cliquei no botão que me disse agora há pouco.

— Seu idiota! Tinha que ter avisado! — clamou. Vi em seus olhos o quão aborrecida estava, embora nunca tivesse visto esse olhar antes.

— O inesperado sempre é melhor, franjinha. E, você não tem nenhuma foto tua. Já estava na hora de ter uma de lembrança.

— E se eu não quiser me lembrar deste dia?

— Não tem por que não querer. Você está se divertindo, não negue algo óbvio, franjinha.

— Não neguei nada disso. Mas posso mudar de opinião, ou não?

— Claro que pode. Mas agora, deixe de birra e vem dançar comigo.

Ela travou, instintivamente, quando pedi que dançasse comigo. Foi uma reação simultânea a qual levou seu corpo a titubear por uma fração de segundos até ela fingir que se recuperou totalmente. Notei que seu maxilar enrijeceu e um lampejo tenso perpassou pelo seu olhar como se fosse uma sombra que, ao passar, abandonou uma barreira invisível que transformou seu olhar em algo mais... anuviado.

— Claro que... não. Eu não sei fazer isso — disse, com a voz meio embargada como se não quisesse admitir tal coisa.

Eu já tinha perdido a total vontade de convencê-la quando a vi assim, mas uma coisa dentro de mim lançava-me para frente para que pudesse seguir em frente e não desistir, pois era a Lou. A garota que desde o começo senti que haviam coisas pelas quais ela guardava que me fazia querer entendê-la, abraçá-la e jamais, jamais soltá-la porque era mais frágil do que parecia ser.

— Sabe, sim. Todos sabem. Não é como se você fosse enfrentar um bicho de três cabeças.

— Não mesmo, é de sete ou mais — disse, enquanto relaxava os ombros e expirava o ar que havia guardado dentro de si quando parara de respirar.

Primavera Sem Rumo (Livro 1) - CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora