Capítulo 33 - Elizabeth Campbell

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Casa dos Campbells: 09/05/2015 – Sábado, 6:02 a.m.


Nesta manhã me sentia triste e feliz ao mesmo tempo, sendo que havia um único causador para esses sentimentos tão opostos: Thomas.

Feliz pelo que aconteceu conosco na noite de quinta e esse foi o fator que me manteve desperta até tarde. Não pude sequer pensar em outra coisa, senão naquele fim de tarde mágico e inesperado, perdurando até o dia de hoje em minha mente. Nós não nos beijamos porque ainda não me sentia confortável com isso e, além do mais ainda tinha receios sobre como agrega-lo em minha vida. Ele irá compreender os medos e fantasmas que rondam minha vida, que enraizaram-se profundamente em mim como insegurança?

Ao longo dos anos, fora muito mais cômodo para mim esconder-me atrás de muros fortalecidos com temores, impedindo que novas pessoas tivessem acesso ao meu frágil coração seriamente comprometido com cicatrizes que demoraram para sarar. Por isso, a falta de confiança nos outros contribuiu muito para afastar-me de tudo o que poderia abrir novas feridas, então enclausurei-me.

Deveria compartilhar com ele o que aconteceu comigo ou o mais certo seria ainda manter tudo isso dentro de mim? Provavelmente, me veria com outros olhos, se afastaria e nada mais seria como agora. Portanto, talvez a melhor resposta para essa pergunta, no momento, seja manter tudo da forma que estava e assim eu não sofreria.

Sendo assim, esse não era o momento para pensar em coisas futuras. Como de costume, hoje deverei chegar cedo no trabalho, já que não haverá aula e isso me deixava triste.

Aos finais de semana sempre ficava triste, entretanto nesse ficava ainda mais.

Decidida a não me atrasar nem mais um minuto sequer, caminhei rapidamente até o banheiro, deixando para trás meus pensamentos passionais para tomar uma ducha quente e rápida. Após terminar o banho, encontrei as roupas que separara na noite anterior e vesti-me o mais brevemente possível, para economizar tempo.

Apanhei minha bolsa, meus óculos e desci as escadas. Como não havia ninguém – como sempre –, abri a geladeira e peguei meu café da manhã que nada mais era que uma maçã. Quando saí de casa, coloquei meus óculos e caminhei apressadamente até meu trabalho, fechando o casaco para proteger-me dos ventos gelados do norte, que persistiam em encontrar-me.

No caminho até lá, retirei meu celular da bolsa para verificar se havia alguma nova mensagem. Notei que haviam três. A primeira era da Iris, que demandava saber o porquê de ter sumido, já que não nos falamos desde o aniversário dos meus irmãos e isso era absurdamente estranho.

Aquele dia foi cheio de coisas estranhas, começando por ela que foi levar sua amiga e voltou com o pior humor possível. Em contrapartida, Connor estava muito feliz. Ele riu boa parte do tempo com seus amigos, porém Dylan pareceu tenso o restante da noite.

A segunda mensagem era dele.


"Lizzie, como podemos morar na mesma casa e quase não nos vermos? Acho que só vou conseguir falar com você assim. Ah, já ia esquecendo. Estou te convidando para ir ao show da banda do Con hoje e não aceito não como resposta, baixinha! ;)"


Gemi de frustração, já refletindo em uma irrefutável desculpa, entretanto nada encontrei. Dylan sempre soube que Connor e eu não nos dávamos bem, mal nos falamos e ainda deveria aceitar o convite? Como lidaria com seu humor, a forma como me trata e os comentários machistas que sempre me magoam? Em seu aniversário foi notável seu incômodo ao me ver lá, tanto que nem quis aceitar meu abraço de felicitações. E eu achando que nos aproximaríamos apenas por ter planejado toda aquela festa ou que receberia pelo menos um agradecimento. Ledo engano.

Primavera Sem Rumo (Livro 1) - CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora