Capítulo 6 - Andrew Harper

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  Apartamento de Steven: 16/03/2015 - Domingo,  20:35 p.m.   


Hoje era o dia em que me mudaria. Não estava nem um pouco animado porque vinha morando com o meu melhor amigo, Steven, e estava adorando. Ele era o tipo de cara que não se preocupava quando eu levava garotas para o meu quarto, na verdade, ele incentivava; não se importava quando acordava tarde e atrasava com os afazeres do apartamento conquanto que prometesse fazê-lo assim que estivesse livre. No entanto, para a minha sorte, eu era o tipo de pessoa interativa que arrumava amizade bem rápido, e era por esse motivo que não estava muito preocupado, até porque via a mudança como uma nova oportunidade para viver a intensidade a cada momento. Já estava quase terminando de fazer as malas quando ouvi duas batidas na porta do meu quarto e fui abri-la. Sabia quem era antes mesmo de abrir, pois era somente Steven e eu que morávamos aqui. Ele era uma homem alto e muito branco com o cabelo loiro dourado, parecia até descendente de russo ou alemão, era o que sempre dizia a ele. Hoje estava trajando uma de suas coleções de blusas sociais. Uma calça cáqui e um par de tênis que era azul. Acho que ele iria sair para algum lugar, pois estava bem vestido para uma noite de domingo. Fiz um sinal para que ele entrasse no quarto logo.

— Boa noite pra você também! — falei com um pequeno tom irônico na voz, porém com um sorriso nos lábios.

— Se soubesse quem está aqui não diria isso nem morto, Andy — disse e travou por um milésimo de segundo antes de continuar — Seu pai. Ele está esperando por você lá embaixo — disse em um desalento merecido sabendo que não iria gostar nem um pouco dessa notícia. 

Minha expressão facial pulou como um canguru para um novo rosto que não conhecia, pois logo fiquei imóvel contraindo o meu maxilar sem nada a dizer, até que resolvi finalmente falar algo ou simplesmente explodir pondo para fora o que sentia quando o assunto era sobre o meu pai.

— O que ele está fazendo aqui? — desatei a falar imediatamente para não perder mais tempo. — Decidi ir mais tarde justamente pra ele não poder me acompanhar, porque sempre trabalha até tarde... — estava desesperado por uma saída, qualquer saída para não precisar ver a cara dele. Tê-lo, mais uma vez, me acompanhando para a universidade em meus plenos vinte e um anos era muita vergonha. E agora? 

— Não sei como ele soube que estava saindo agora, realmente não sei. Cara, seu pai é muito obcecado por você. 

— Eu sei... ele é insuportável quando quer ser — falei — Cacete, o que farei agora? Não quero que ele me acompanhe de novo. Falou pra ele que eu estava aqui? — minhas palavras chegaram a se embolarem simultaneamente. 

— Disse que verificaria se estava aqui, — gesticulou para o quarto — porque não o vi ontem. O que, na verdade, foi bem verdade. Onde estava ontem, aliás? 

— Ahm, fui me encontrar com uma garota, é claro — também não deixava de ser verdade, mas não foi exatamente com a intenção de transar com ela. 

— Você não cansa mesmo hein, Andy — sabia que isso o deixaria mais relaxado, não queria que ficasse receoso pelas caminhadas que — já estavam sendo constantes — dava à noite.

— Será que ele está lá embaixo ainda? 

— Provavelmente sim, né? Ele é o seu pai e se tratando dele, não sairá daqui até que você vá falar com ele. 

— É, com certeza— balancei a cabeça. — Então, façamos assim: — esfreguei as mãos suspirei e apontei para ele — você vai lá embaixo e vai dizer a ele que já fui pra república, está bem? 

Primavera Sem Rumo (Livro 1) - CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora