Capítulo 30 - Connor Campbell

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— Andrew — balbuciei, embora sentira que falava de um jeito estridente, apesar de não saber diferenciá-los neste instante.

A verdade era que eu não sabia como havia falado; de que jeito a minha voz saíra; como interpretaram-na. Eu não tinha certeza porque quando balbuciara o seu nome, havia uma infinidade de emoções que não conseguia controlar disseminando-se pelo meu corpo. Certamente a minha prioridade não era controlar o modo como a minha voz saíra; isso sequer era considerado uma prioridade para mim.

A única prioridade neste exato momento era fazer ou falar alguma coisa, antes que eu me arrependesse. E, realmente, foi o que fiz.

Avancei impetuosamente em sua direção, mas Dylan me impediu, colocando suas duas mãos sobre meus ombros.

— Por favor, não faça nada imbecil, porque certamente se arrependerá.

Simplesmente disse nada, apenas mexi os ombros irritadamente tirando suas mãos sobre eles e indo na direção deles. Eram somente mais dois passos até finalmente chegar onde estavam escorados.

Andrew não se soltou de Iris, mesmo quando a minha simultânea reação fora chamar o seu nome, embora eu realmente não o estivesse chamado por conta própria.

Ele tinha uma expressão assustada em seu rosto, com os olhos arregalados e as sobrancelhas arqueadas, mas relaxou segundos depois.

Quando faltavam somente alguns meros centímetros entre nós, eu travei. Não era como se eu devesse socar o vocalista da minha banda na cara, uma vez que o seu rosto e a sua voz faziam parte do nosso sucesso. Então, o que eu faria? A minha real vontade era essa, socar alguém até as minhas mãos sangrarem, mas se eu machucasse-as como tocaria o Apólo?

Podia ser a pior pessoa que existia neste mundo de merda, no entanto, eu era uma pessoa sensata quando deveria ser. E era exatamente agora que tinha que colocar óleo na minha rara sensatez para ela voltar a funcionar, visto que a deixara parada por um bom tempo.

— Andrew — proferi, tentando sorrir falsamente, e era óbvio, dada a situação. — Podemos trocar algumas meras palavras?

— Agora? Estava tendo uma coisa aqui...

— Sim, agora.

— Tudo bem, já vou — resmungou, como um menino de sete anos. — Tenho que ir, depois nos falamos — sussurrou para ela.

Era apenas uma breve simulação da minha cabeça de merda ou ele a beijou novamente? E, por sinal, ainda na minha frente?

A raiva e a euforia entraram sem bater e agora, como se não pudesse piorar, estava quase literalmente pegando fogo. Meu rosto estava quente e as minhas mãos estavam suando devido as diversas emoções acumulando-se uma com a outra.

Eu realmente não sabia o que havia feito de tão errado para merecer tantos tapas na cara de uma só vez.

Eles pararam de se beijar após dois segundos, que pareciam intermináveis, aliás. Andrew desgrudou-se dela e saiu de perto indo para o lado do meu irmão e quando o foi, um sorriso travesso transpareceu irritantemente nos lábios da mulher que eu mais odiava na minha vida, ao menos, naquele indispensável momento.

Virei-me sem olhá-la por uma última vez e segui Andrew que ia para algum lugar, mas eu o ultrapassei para conduzir-nos até o nosso destino.

Alcancei a porta para o estacionamento, ainda ouvindo o som ambiente que parecia brincar com a minha cara e com a situação na qual me encontrava. Coldplay cantava um verso de "The Scientist".

Primavera Sem Rumo (Livro 1) - CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora