Capítulo 22 - Louise Austen

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No mesmo dia ao qual havia recebido praticamente um emprego tão de repente, me vi sem saber o que fazer. Era óbvio o que tinha que fazer, mas estava tão absorta por tudo que aconteceu que ainda não havia me conformado.

Nunca fui muito sortuda. Na verdade, não chegava nem a ter um por cento de sorte, totalmente zerada. Exceto naquela vez que pensei que teria que entrar no elevador sozinha, mas a Lucinda apareceu e a minha fobia foi distanciada por completo. Mesmo assim, apesar de ter achado que foi sorte, não sabia muito bem como classificá-lo. Por isso a origem dessa perplexidade toda. Será que eu realmente merecia? Ou era apenas o cara lá de cima querendo me punir das coisas que já fiz com uma brincadeira nada legal? De verdade, queria muito saber, mesmo que a resposta fosse ele querendo me condenar. Porém, por mais que achasse que poderia mesmo ser isso, eu não achava que merecia ser punida, alías, o que fiz não foi devidamente intencional assim.

Desse modo, tentei apenas aceitar e me conformar que talvez esse poderia ser um recomeço para a minha alma extraviada que queria muito dar o próximo passo sem cair na escuridão. Aliás, não era pedir demais.

Procurei o Andy para dar a notícia e também porque queria saber a opinião dele. Não que eu não soubesse qual seria, até porque não tinha mais opções além dessa para se decidir.

— E o que você está esperando para ligar, franjinha? — indagara naquele dia com uma expressão que dizia que estava me achando idiota por não ter ligado ainda.

— Não é que eu não queira, mas estou meio receosa. Ele apareceu tão de repente me dando o cartão dele. Só pode fazer parte de alguma brincadeira, nada engraçada, por sinal.

— Não acho que seja isso. Parece mesmo ser de verdade se analisar o cartão que ele deu. Está mais para uma coincidência já que a empresa dele busca alguém que valorize a simpicidade e que, coincidentemente, a encontrou escondida fotografando alguém por trás dos arbustos — ele começara a rir quando terminara de falar.

Comentara com ele naquele mesmo dia a origem súbita daquela maravilhosa oportunidade quando cheguei no seu quarto. Contara que me escondera atrás de um arbusto porque estava curiosa quanto ao fato daquela menina ter aparecido naquele lugar logo após de eu ter afirmado que parecia que ninguém mais ficava por lá; contara quão incrível a achava quando dançava e, por último e não menos importante, que aquele homem aparecera de sopetão e me oferecera um emprego, por alto, mas mesmo assim valia. E quando o assunto da minha dúvida ao aceitar o emprego surgira, ele rira lembrando das coisas que lhe falara.

Era um tolo mesmo, argh!

— Não tem graça nenhuma! Ela simplesmente chamou a minha atenção e tive que fotografar.

— Claro. Nem um pouco invasiva. Por que simplesmente não a perguntou se poderia tirar fotos dela?

— Já expliquei o motivo, seu estraga prazeres! Não quero mais falar disso - resmungara, cruzando os braços.

— Tudo bem. Vou deixar esse assunto de lado por enquanto, mas não esquece de me mostrar as fotos porque fiquei curioso!

— Há. Há. Há — emitira juntamente com uma careta debochada. — Quem disse que está merecendo? E nem vem. Ela não é para o seu bico. Já disse que finalmente a conheci de verdade? Ela é amiga da Iris. Mas muito tímida.

— Só porque está me proibindo de conhecê-la por fotos fiquei interessado. E, olha, nem estava antes.

— Argh! Você é incontrolável! — esbravejara, dando um empurrãozinho no seu bíceps. Depois disso, ficamos conversando sobre assuntos aleatórios até Johann aparecer e eu ter que ir embora.

Primavera Sem Rumo (Livro 1) - CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora