Capítulo 36 - Elizabeth Campbell

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Casa dos Campbells: 10/05/2015 – Domingo, 9:13 a.m.


Despertei feliz, com um enorme sorriso entalhado em meu rosto, porque finalmente reencontrarei Thomas. Era tão estranho sentir isso, no entanto não me importava. Alguns sentimentos surgiam e me dava conta de quão bom era senti-los e apreciá-los, ao longo dos dias. Estar apaixonada por alguém nunca foi algo que quisesse, entretanto agora era algo que mais gostava e essa sensação de estar ansiosa para logo revê-lo me fazia almejar nosso reencontro mais do que poderia esperar qualquer outra coisa. Por isso, tomei um banho demorado, massageando suavemente meu corpo ao espalhar o sabonete líquido e enxuguei-me com um pouco mais de pressa, para não demorar ainda mais.

Abri a porta do banheiro e encontrei Dylan do lado de fora, debruçado sobre o batente da porta. Uma toalha clara repousava sobre seu ombro coberto com uma blusa branca, enquanto segurava a escova de dentes e a lâmina de barbear.

Seus cabelos desordenados encobriam seu rosto e barba, impossibilitando descobrir se estava dormindo ou acordado, por isso puxei a pontinha mais extensa e isso o fez levantar a cabeça drasticamente. Provavelmente, estava dormindo e o assustei. Quando avistei seu rosto, notei que aparentava cansaço. Os olhos azuis-acinzentados estavam envoltos por olheiras arroxeadas, mal segurando-se abertos ao mesmo tempo em que bocejava infinitamente.

Dessa vez, não resisti e sorri, sem modéstia.

– Ei...acorda, dorminhoco! – falei ao cutucar sua barriga, tentando lhe fazer cócegas.

Com a mão livre, ele empurrou de leve a minha, evitando assim que eu continuasse a tortura-lo.

– Pode parar, baixinha! Acordei com uma ressaca monstro e meu humor não está lá dos melhores – advertiu-me seriamente.

– Ok, ok – levantei as mãos em rendição. – Daqui a pouco devo sair, então não me espere para o almoço – anunciei, liberando espaço para que ele entrasse.

Ele gemeu de dor.

– Pra que fui beber tanto?

Caminhou até o espelho e posicionou-se ali, observando seu reflexo.

– Para onde você vai hoje, pequenina?

Olhou-me de soslaio, enquanto prendia seus longos cabelos dourados.

Desviei rapidamente meu olhar do seu, procurando alguma resposta rápida para lhe dar, porque não queria falar sobre o Thomas para ninguém. Não ainda.

– Vou dar uma volta com a Iris – menti facilmente.

Fiquei boquiaberta como essa mentira saiu tão fácil e soou tão verdadeira que até eu mesma acreditaria. Não queria que se tornasse um hábito corriqueiro, entretanto que outra solução haveria senão mentir agora?

– Jura? – perguntou sarcasticamente ao arregalar os olhos e cruzar os braços. – Porque eu poderia jurar que você ia sair com o Thomas, que está sentado lá no sofá – sorriu petulantemente.

Pior do que mentir era ser pega em uma mentira. Droga!

– Er...esqueci de mencioná-lo na história, Dy. Ele vai com a gente – dei-lhe um sorriso amarelo, caminhando cautelosamente de costas pelo corredor estreito.

– Uhum, sei – disse ceticamente. – Vou fingir que acredito, Lizzie. Bem, agora se você me permite, vou tomar um banho, pois pretendo dar uma saída por aí com o Connor e uns amigos da escola. Divirta-se no seu passeio a três! – fechou a porta, mas a abriu em seguida. – Coloquei as roupas que estavam no cesto para lavar e, quando voltar coloque-as na secadora, ok?

Primavera Sem Rumo (Livro 1) - CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora