Capítulo 3

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-"Rapha"- o moreno fala assim que chega perto da nossa mesa cumprimentando o semi-namorado da minha amiga, no entanto não cumprimenta mais ninguém, eu olho para ele que nem nota a minha presença.

Raphael levanta-se e vai com ele até um canto, eu observo cada pormenor com a maior da atenções. Eles trocam alguma coisa que, devido à distância, não é perceptível, será que o Zayn era o amigo que o Raphael estava a dizer que lhes vinha entregar umas coisas? Provavelmente sim.

Ambos caminham novamente até a mesa sentando-se de seguida e Zayn acaba por reparar que eu estou aqui.

-"Olha olha..."- desvia o seu olhar para mim- "Se não é a namoradinha do meu querido irmão"- ironia é perceptível na sua voz o que me irrita um pouco.

-"Olha olha..."- imito as suas palavras- "Se não é o mal educado do irmão do James"- dou-lhe um sorriso cínico e o moreno faz uma expressão um tanto ao quanto séria.

-"Vocês conhecem-se?"- Raphael pergunta curioso.

-"Sim..."- Zayn responde mas sem tirar o seu olhar de mim- "Uma miúda que o meu irmão anda a comer"- dá de ombros e põe um cigarro na boca.

Eu respiro fundo na tentativa de manter a calma o que realmente não é fácil uma vez que ele acabou de me chamar puta praticamente.

-"Ouve lá..."- levanto-me e aponto-lhe o dedo- "Eu não sou da tua família para falares assim comigo, não te deram educação a culpa não é minha, é bom que tenhas respeito"

-"Ui que a menina irritou-se"- ele solta um leve riso o que me consegue irritar ainda mais, se é isso possível.

-"Tu não deves ter amor à vida"- ameaço sem saber muito bem o que estou a dizer.

-"Ai é..."- apaga o cigarro quase inteiro ainda e levanta-se colocando-se à minha frente- "És má!"- coloca as mãos atrás das costas como se quisesse mostrar que não me ía tocar.

-"O teu irmão bem me disse que eras muito diferente dele e do vosso pai"- profiro mais calma.

-"Ele não é meu pai"- o assunto irrita-o mesmo- "E ainda bem que eu não sou como eles"- grunhe.

-"Vá já chega"- Alisha levanta-se e põe-se no meio de nós dois mas eu e o moreno continua-mos a encarar-nos.

-"Eu quero ir embora"- desvio a minha atenção para a minha amiga e peço.

-"Acabamos de chegar"- ela resmunga depois de o moreno já se ter sentado.

-"Sim mas eu cansei-me de estar aqui"- declaro.

-"Elena, não sejas cortes, chegamos à vinte minutos"- insiste.

Eu desisto de a convencer a levar-me a casa e viro costas, desço as escadas e saio daquele ambiente.

Caminho apressadamente e quando estou cansada paro num jardim sentando-me num dos bancos lá presentes. Tiro os sapatos, que já me estão a cansar os pés, e fico aqui a apreciar a beleza do pequeno lago iluminado pela luz das estrelas e a ouvir o ruído de uma noite de verão. O meu respirar pesado sobrepõe-se aos outros sons, pego numa pequena pedra e atiro-a para o lago e de seguida o som da água ecoa nos meus ouvidos, caminho até o lago e dá-me uma súbita vontade de entrar e, apesar de eu saber que não seria muito prudente, cedo ao meu capricho entrando no lago com a roupa no corpo. A água não está tão fria assim devido ao sol que a havia aquecido durante todo o dia. Deixo o meu corpo relaxar durante breves instantes dentro da água e quando vou a sair ouço um som de passos que parecem estar perto daqui.

A primeira coisa que sinto é um pouco de vergonha porque quem quer que seja vai, com certeza, pensar que eu sou maluca mas, depois, deixo um pouco de medo apoderar-se do meu corpo e permaneço quieta. Quem é que andaria aqui a umas horas destas? "Tu"- o meu consciente manda e não deixa de ter razão mas eu sou meia maluca, que outra pessoa andaria aqui?

Ouço um som de um telemóvel e fecho os olhos em reprovação porque é o som do meu telemóvel que deixei ficar num banco juntamente com a minha mala e sapatos, começo a olhar e vejo um rapaz que, devido a estar escuro, não dá para ver quem é, a aproximar-se das minhas coisas.

-"Hey"- protesto depois de sair da água- "Isso é meu"- vou até ao banco e pego em todos os meus pertences, ouço o rapaz a rir-se como um maluquinho. Encaro-o e vejo que é o Zayn, reviro os olhos em reprovação.- "Tu aqui?"- sento-me e começo a calçar os meus sapatos.

-"Estou à espera de uma pessoa"- explica- "Mas tu és mais maluca do que aquilo que eu pensava"- começa a rir de novo- "Quem é que entra num lago assim de noite?"- senta-se ao meu lado.

-"É bom que pares de me insultar porque não me conheces de lado nenhum"- resmungo enquanto tento apertar a fivela do sapato.

-"Então mas és minha cunhada"- ele defende.

-"Já te disse que eu e o James somos só amigos até porque só o conheci hoje"- encaro-o irritada mas volto rapidamente a atenção para os meus sapatos que não estava a conseguir calçar- "Foda-se a merda dos sapatos e o caralho"- resmungo baixinho. Pego nos sapatos na mão e levanto-me irritada começando a caminhar descalça pelo parque.

-"Eu levo-te a casa"- Zayn fala um pouco alto atrás de mim uma vez que eu já tinha andado um pouco.

-"Vai-te fuder"- respondo no mesmo tom- "Vou bem a pé"- digo tudo sem me virar para trás.

Ouço passos seus a correr e ele coloca-se na minha frente depois de me alcançar.

-"Anda lá, deixa de ser estúpida, eu levo-te"- ri-se um pouco da minha situação.

-"Onde tens o carro?"- pergunto baixo.

-"Perto"- informa- "Mas primeiro vais ter de esperar uns minutos que eu estou à espera de uma pessoa"

-"Se for a namorada aviso antecipadamente que não quero fazer de vela"

-"Que namorada o caralho"- ri-se- "Não tenho disso"- dito isto ambos caminhamos até o banco novamente onde aguardamos a tal pessoa chegar, um homem alto, forte, com mau aspeto.

-"Já venho"- Zayn levanta-se e afasta-se um pouco com o tal homem, na tentativa de que eu não visse nada, tentativa conseguida porque realmente não vi nem ouvi um caralho.

-"Vamos?"- ele pergunta depois de regressar, eu apenas assinto e levanto-me caminhando descalça ao seu lado até o carro que estava na entrada no jardim.

-"Não vais entrar?"- ele pergunta vendo-me especada a olhar para a porta do carro.

-"Quem me diz que não me vais raptar?"- pergunto arregalando os meus olhos castanhos.

-"Para quê que eu queria raptar alguém como tu?"- levanta uma sobrancelha.

-"Então seja educado e abra-me a porta"

-"Com certeza..."- vem até a porta e abre-a de seguida- "Faça favor de entrar senhorita"- eu rio-me e entro de seguida.

-"Vou molhar-te o carro todo"- profiro depois de ele entrar também.

-"Isso é o pior mas pronto"- põe a chave na ignição- "Onde é que a madame mora?"

-"Sabes onde é a casa dos Clark?"- pergunto porque a nossa família é um tanto ao quanto conhecida.

-"Sim sei"- arranca- "Não me diga que é uma Clark?"- pergunta e eu reviro os olhos.

-"Sou sim"- ponho o cinto

Dark Romance {Z.M}Onde histórias criam vida. Descubra agora