10 de abril de 2016, San Diego.
O cheiro a álcool e a nicotina intensificava-se ao longo do tempo. Olhei para o homem que cheirava terrivelmente mal e vi-o a dormir.
Saí da cama, indo verificar se a porta do quarto estava fechada. Para minha profunda desilusão, estava.
Bufei e fui até ao cadeirão que dava para a minúscula janela que mostrava um novo dia, aos poucos e poucos.
"Beatrice!" - Logo ouvi um grito e analisei o homem que agora estava ligeiramente aflito na cama, onde estava à pouco. "Beatrice, pára!" - E voltara a gritar.
Não me mexi e fiquei do mesmo jeito.
"Eu juro que mato-te, Richard!"
Provavelmente, está a sonhar com a morte da antiga namorada.
"Pára!"
Fartei-me dos gritos e andei até à cama, mexendo em Joshua numa tentativa falhada de o fazer acordar do suposto pesadelo tornado realidade.
Se ele continuar a gritar os outros hóspedes irão acordar e irá ser muito inconveniente para todas as pessoas da pensão que são normais, ao contrário do homem que insiste em ficar adormecido.
"Joshua..." - Murmurei. "Joshua!" - Gritei e ele logo deu um pulo na cama, olhando-me ofegante.
"O que foi?" - Disse.
Desviei-me pois o seu hálito estava a cheirar a cerveja.
"Estavas a gritar." - Falei, voltando para o cadeirão.
"Estava?!" - Olhei-o como se fosse óbvio. "Pois..." - Levanta-se devagar, passando as mãos no cabelo despenteado. "Acho melhor tomar um banho."
"Faz isso." - Dei atenção ao sol que já nascia.
"Estás esquisita." - Fala, como se não se lembrasse do que me fez ontem.
"Ninguém fica normal depois de ser violada."
"Eu não violei-te." - Anda até mim. "Eu só mostrei-te a minha especialidade."
"Já vi muitas especialidades tuas e sinceramente, dispenso todas elas."
"Para quem se diz anormal, estás muito bem disposta."
"Não estou bem disposta, psicopata." - Logo ouço um grunhido em desaprovação.
"Tens de aprender a controlar a língua, a não ser que queiras ficar sem ela." - Aponta-me o dedo e logo caminha para a Wc.
Suspirei e olhei para as minhas pernas.
Tudo estava dorido e por mais que eu não quisesse aquela imagem na minha cabeça, ela sempre vinha e cada vez com mais força.
Quando finalmente o outro saiu, dirigi-me à casa de banho e fiz a minha higiene.
Vesti umas jeans que tinha numa mala e um camiseiro.
Quando regressei ao quarto, Joshua falava ao telemóvel.
Não percebi nada do que ele falou, mas gostaria de ter percebido.
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71 Days Of Pain
Mystery / ThrillerCamilla Collins será uma das várias vítimas do temível Joshua Bolivian. Conhecido por gangsters e assassinos, este destaca-se pela tortura a que submete as suas vítimas no seu armazém, onde viveu toda a sua vida. Com uma infância perturbada e cheia...